segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

FLAMENGO É CAMPEÃO DA TAÇA GUANABARA COM O CARINHO DE RONALDINHO

Ronaldinho levanta a Taça e a Presidente Patrícia Amorim bate palmas
Foto: André Durão/Globoesporte
Por Carlos Pinho . . .

Domingo à tarde. Vermelho e preto pelas ruas do Rio. Engenhão lotado. Balões eram enchidos aos montes pelos torcedores cheios de esperança na possibilidade de mais um título. E não deu outra . . .

O Flamengo mostrou a que veio desde a escalação montada por Vanderlei Luxemburgo. Um esquema para muitos inspirado na equipe campeã do mundo, a seleção espanhola. O time entrou em campo com três jogadores na frente: Thiago Neves pela esquerda, Botinelli pela esquerda e Ronaldinho Gaúcho centralizado. Apesar da falta de cacoete do “centroavante” Ronaldinho e do seu isolamento, o Flamengo dominou as ações, buscando o gol com trocas de passes entre as suas principais peças. Com muita movimentação tentou-se reparar a falta de um homem-gol no primeiro tempo.

A equipe do Boavista não chegou à toa na decisão. Apresentou-se no início com um esquema até ousado, com três atacantes: Tony, André Luís e Frontini. Porém, a equipe treinada por Alfredo Sampaio sentiu a pressão dos adversários do campo e das arquibancadas. Os mais de 40 mil apaixonados tiveram um papel fundamental nessa conquista. 

Ronaldinho esteve apagado durante a etapa inicial e melhorou no segundo tempo, com a entrada de Negueba e Diego Maurício. Mesmo assim, as jogadas não saíam como o esperado. A defesa do Boavista estava bem postada. Todos colaboravam na marcação e o goleiro Thiago fechava a sua meta.

O GOL. A CONSAGRAÇÃO.

 O olhar que parece combinar com a bola o seu destino
Foto: Fotoarena

Até que, aos 25 minutos do segundo tempo, Edu Pina fez falta em Thiago Neves próximo da área. A torcida pedia, cantava e sorria de esperança. E o motivo de tanta emoção foi ao encontro de sua inseparável companheira. Ajeitou a pelota. Tomou distancia. Observou o posicionamento da barreira. Correu e chutou. Talvez chutar seja uma palavra que não descreva da melhor maneira o lance. Na verdade, ele afagou a bola, tal qual um pai acarinhando o filho que está aprendendo a caminhar. E a cria atendeu ao carinho e, numa curva desconcertante, encontrou o fundo das redes da equipe de Bacaxá. Um momento único de um craque que está no coração dos rubro-negros.

 Até onde irá esse bonde? Só o tempo poderá responder. . .
Foto: Fotoarena

A partida não foi uma lavada. O Flamengo não está jogando o fino da bola. Ronaldinho ainda não alcançou a primazia. Não há um esquema tático definido. Entretanto, com o que já foi mostrado nas quatro linhas, conquistou-se a Taça Guanabara e a vaga na final do Campeonato Estadual está garantida. Será que alguém conseguirá frear o Bonde do Mengão?  

Abrace a Serra - Abrace e Aperfeiçoe essa Ideia


É de conhecimento de todos a catástrofe que ocorreu nas serras fluminenses em janeiro de 2011, e que se tornou a maior do país. O que talvez não esteja sendo tão divulgado é a campanha “Abrace a Serra”, uma iniciativa de moradores e empresários de Petrópolis/RJ com o objetivo de arrecadar fundos para os desabrigados pelas chuvas.

A casa de shows Tamboatá, em Itaipava (RJ), abraçou a serra e recebeu, no dia 21 de janeiro, seis bandas de Petrópolis e os Djs Goody e Christian Paes, além dos Djs residentes Vinicius Magalhães e Vitor Ventura, direcionando os lucros às vítimas.

E ontem, 27 de fevereiro, o Parque de Exposições de Itaipava recebeu Toni Garrido, Lenine, Arlindo Cruz, Alcione e Djavan dando um show apresentado por Thiago Lacerda, Heloisa Perissé e Murilo Benício, cujo lucro dos ingressos vendidos foi diretamente direcionado à construção de moradias para as vítimas das enchentes e barreiras. Além disso, qualquer um pagava meia entrada desde que levasse 1kg de alimento. Uma idéia legal e que demonstra o quanto, geralmente, lucra-se com os preços comumente caros pois tal atitude mostra como é possível fazer shows a preços mais populares.

É preciso se admitir que deixaram a desejar. Como é de costume, o público petropolitano não compareceu e a infra-estrutura era inadequada para uma cidade em que as chuvas predominam no cenário climático. Mas o pior foi que cada cantor atuou no palco por cerca de 15 minutos. Djavan, o mais esperado pela maior parte do público presente, foi quem menos cantou. O show dividido em pequenas “participações especiais” durou cerca de uma hora apenas. Após isso, o DJ Sany Pitbull fez todo mundo dançar colocando pra tocar o funk carioca e batidas eletrônicas muito bem remixadas.

A questão é: a idéia é ótima, mas pareceu mais um show comercial e não realmente solidário. Cada um dos artistas realmente só pode doar 15 minutos de seu valioso tempo? Por que não fazer dessa idéia uma constante e realizar shows com o mesmo objetivo em cidades como o Rio de Janeiro ou São Paulo, onde o público é muito maior? E mais, por que não fazer eventos desse gênero não só pela maior catástrofe do Brasil, mas também por outras causas? Desse modo, poder-se-ia ajudar a solucionar problemas e/ou prevenir futuros outros.

É bonito saber o quão bom é o coração dos artistas participantes, não é mesmo? Ou melhor, será mesmo? Se cada um deles e mais alguns doassem uma hora de seu tempo a cada alguns meses a arrecadação seria extremamente maior e a solidariedade deles seria muito melhor demonstrada. E isso, obviamente, implica que os patrocinadores deixem de lado, durante uma hora de certo em certo tempo, a ganância.

A conclusão é que a idéia é maravilhosa, mas por trás dela há outras questões e possibilidades de aperfeiçoamento. Apesar disso, a produção deve ser parabenizada pela realização. A chuva fez alguns desistirem de comparecer, mas quem foi não se arrependeu. Espera-se que novos eventos como esse venham a acontecer. Abrace a Serra - Abrace você também essa idéia.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

UMA DISPUTA. MUITOS INTERESSES.


Por Carlos Pinho. . .
O noticiário do futebol está agitado por conta da briga pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, durante o triênio 2012-2014. Na última quarta-feira, o Corinthians anunciou a saída do Clube dos Treze, entidade que representa os clubes em negociações desse tipo. Ontem foi a vez dos dirigentes dos quatro grandes clubes do Rio confirmarem, em entrevista coletiva, os seus afastamentos da entidade. Alegaram que não concordavam com a forma de condução feita pela entidade nesse caso. No entanto, para o mandatário do Botafogo, Maurício Assumpção, esse ato não caracterizava um rompimento total.
Com isso, poderiam negociar diretamente com os interessados pelo evento. A Globo é a atual detentora e a Band, sua parceira na empreitada futebolística. No final de 2010, começou a ser noticiada uma possível negociação do Clube dos Treze com a Rede Record, emissora que vêm ameaçando a posição de poder da Vênus Platinada e tem planos muito ambiciosos na busca pela liderança de audiência. A Rede TV! também demonstrou interesse em transmitir o Brasileirão pelos próximos três anos. Emissoras de televisão fechada estão de olho na questão dos pacotes pay-per-view.
O que vem sendo ventilado na mídia: “A Rede Record, num lance ousado, ofereceu a possibilidade de alterar o horário da rodada de meio de semana para 20h”(do site O Vermelho, matéria de Marco Aurélio Mello). Uma atitude nesse sentido seria muito interessante para os amantes do futebol que saem tarde das partidas que começam às 22 horas. E aos telespectadores também. Pois poderiam dormir mais cedo sem perder os grandes lances. Entretanto, seria péssimo para a Globo, pois veria os seus principais programas noturnos, o Jornal Nacional e a novela das nove, competindo com a paixão do brasileiro.   

Ademais, poderia significar um marco na história da televisão brasileira. Pois tal acontecimento seria a possibilidade de se dar mais concorrência ao meio televisivo. Há vários anos, a emissora da Família Marinho domina as paradas de sucesso sem ser ameaçada diretamente. Um monopólio que só empobrece a qualidade das programações. Desde as produções da extinta Rede Manchete, do saudoso Adolpho Bloch, ninguém demonstrou estar disposto a tal duelo de modo tão declarado.

Independente de quem vença essa licitação, o importante é que se busque um contrato que faça jus às tradições e merecimentos de seus clubes e que respeite o torcedor, com horários acessíveis e rentáveis. O ideal seria uma democratização na distribuição dos direitos, e não a exclusividade. Isso sim seria pensar no melhor para o telespectador e para o esporte .O futebol brasileiro precisa acompanhar o avanço que o país em si vem vivenciando. Deixar o pensamento mesquinho de tempos nefastos. Focar na valorização do Campeonato e deixar de lado as ganâncias individuais. Afinal, não existe partida com uma equipe apenas, por maior que seja a sua importância.



quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Um Jogo. Muita Saudade.

Por Carlos Pinho. . .

Um clássico de tradição. Bonsucesso e São Cristovão, clubes que já viveram dias muito melhores nos campos da vida, enfrentaram-se ontem, pela 4ª rodada do Campeonato Carioca da Série B. A realidade das duas equipes está aquém dos louros de outrora. Bem distante das histórias sobre grandes partidas e jogadores contadas pelos torcedores de longa data, durante os bate-papos de intervalo. O varandão da saudade. Uma saudade boa.

Mário, um centroavante esguio e oportunista, vindo do Palmeiras. Jonas, uma muralha no gol. Tuca e o seu chute avassalador. Leônidas da Silva, o Diamante Negro, patrimônio indelével da cultura nacional e eterno na admiração dos torcedores do Rubro-Anil. Tantos craques que desfilaram categoria em tempos onde a Teixeira de Castro era um palco ilustre para os maiores do futebol no Brasil e no Mundo. Telê Santana (pelo Fluminense), Zico (pelo Flamengo) e Paulo César Caju (pelo Botafogo) são alguns desses personagens imortais.

Depois de bebermos um pouco na fonte do passado, voltemos à tarde do dia 23 de fevereiro de 2011. No primeiro tempo, o Bonsucesso buscou mais o ataque, fazendo-se valer do mando de campo e abrindo o placar. Mesmo com as falhas da defesa, safava-se pela fragilidade do time da rua Figueira de Melo, principalmente, de seu ataque. Afinal, valores como Ronaldo não surgem a granel. 

No segundo tempo, o Leão da Leopoldina manteve a sua postura ofensiva, sendo mais organizado. Na reta final, caiu de produção com as substituições que não renderam o esperado pelo técnico Manoel Neto. E ainda perdeu uma penalidade, desperdiçada pelo camisa 10 Marco Goiano. Resultado final: 1 a 0 para o Bonsuça, que segue em terceiro lugar, logo abaixo de Sendas e S. J. da Barra.

A bela surpresa da partida foi a escalação de um menino meio franzino que, inicialmente, pouco foi notado. Até tocar na bola. Juninho, um camisa 9 insinuante, infernizou a zaga dos Cadetes- como ficaram conhecidos popularmente. Marcou um lindo gol, fora o baile. Um jogador arisco e abusado no trato com a bola, como há muito não se via pela relva verde do estádio Leônidas da Silva. A esperança de uma torcida abnegada e de um clube que merece escrever melhores capítulos nos anais do nosso esporte.

 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ESPN.com.br - Informação é o nosso esporte - Direito de transmissão. Quanto vale um nacional?

ESPN.com.br - Informação é o nosso esporte - Direito de transmissão. Quanto vale um nacional?

Simplicidade x Individualismo


Costumamos dizer que os acontecimentos simples são os melhores. Mas por que, ao pensarmos neles, também temos o costume de nos referirmos a um pôr do sol, à visão do mar ou a um céu estrelado? sem querer desmerecê-los, são lindos e nos são dados por Deus e pela Mãe Natureza, mas por que tanta individualidade?

Simples mesmo, para um ser humano que se encontra cada vez mais conturbado, materialista e consumista, são uma mãe amamentando o filho, um adolescente dando lugar a um idoso no ônibus, a gentileza em oferecer um biscoito a uma criança mesmo sem conhecê-la, a educação do “muito obrigado”. E, por serem atitudes que atingem a um outro alguém, são mais fascinantes ainda.
Um outro ser humano será sempre mais importante do que um pôr do sol, por mais bonito que o fenômeno seja. Simplesmente porque ficará ainda mais belo e interessante com uma companhia, a qual se possa abraçar e partilhar o momento.
Mais simples ainda seria esse abraço. Há pessoas que temem ser tocadas. Por que? medo de germes e bactérias? devia-se ter medo é da solidão. Cada vez mais comum, causadora de doenças psicológicas, torna o ser humano menos feliz. A energia e o calor trocados são tão naturalmente simples e maravilhosos que geram força, esperança e fé.
O bom humor é outra simplicidade, e é uma daquelas que acaba por se transformar em dádiva. Gera o riso e o otimismo ao próprio e aos demais. Um aperto de mãos, tão simples, pode significar a palavra de quem o realiza. Um trato, um acordo, e o caráter dos donos das mãos é revelado.
Um beijo é tão simples e tão gostoso! Envolve duas pessoas, dois corpos e dois corações. Compartilhar, isso sim é simplicidade, e mais, felicidade! “Fazer o bem sem olhar a quem” é outro bom exemplo, porém alguns possuem tanta dificuldade em fazê-lo!
A ganância do homem é a sua própria cavação de cova. Não que ele vá morrer mais cedo, a expectativa de vida cresce a cada dia. Mas quem disse que viver é só respirar? viver mesmo é ser feliz, e pra isso é preciso ser simples e saber dar o merecido valor às coisas.
Ser simples não significa ser simplificado. E não é pra ser. Significa ser do jeito que se é sem se esquecer dos outros. “Gentileza gera gentileza”. Altruísmo e compaixão se atraem. Não é preciso ser Jesus nem Mahatma Gandhi, basta apenas ser simples!
Simples, não?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O MÍNIMO DE PACIÊNCIA


Por Carlos Pinho . . .

Semana que diziam ser decisiva em Brasília. Na última quarta-feira, o Congresso aprovou o reajuste do salário mínimo para 545 reais, como desejava o governo. Os parlamentares tinham três opções, defendidas pelas diversas frentes políticas que você, caro leitor, ajudou a colocar lá: além dos 545 reais, “cavada” pela bancada do PT e afiliados, haviam os 560 reais, da parte “cismada” do PMDB e os 600 reais, bandeira levantada aos quatro ventos pela oposição, liderada pelo PSDB, desde a campanha de Serra em 2010. As lideranças sindicais já declaravam ver com bons olhos um valor a partir de 580 reais.

Obviamente que, independente do resultado, a presidente Dilma Rousseff pode vetar ou não a decisão, voltando para a discussão no Congresso. É notório também que essa decisão e toda essa discussão acalorada em torno do salário mínimo está muito além da tão somente busca do bem estar do brasileiro. Entretanto, ainda assim o debate é importante, pois trata-se de algo que vai de encontro aos nossos interesses. Mas a lógica que move as pretensões da nossa classe política é atípica e disforme. E a pura procura do que seja melhor para a população, como representantes do povo, está longe de ser uma prioridade, a não ser que renda frutos ilícitos ou imorais aos próprios.

O PMDB, por exemplo, após cair a ficha e descobrir que não teria uma participação tão ativa no governo como esperava, passou a bater o pé contra o reajuste anunciado por Guido Mantega e sua trupe.

No entanto, o jogo do poder é feito a partir de debates, diálogos, choques de interesses. Temos que acompanhar o andamento, pois é muito relevante. E protestar, demonstrar a nossa insatisfação, no caso de uma decisão que não seja do agrado popular.  

Aguardando os próximos capítulos . . .
  

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A Mente Genial de Escher


Mauritus Cornelis Escher foi um grande artista gráfico. Holandês, falecido em 1972, surpreende a todos com a sua persistência em temas como o infinito, a eternidade e ciclos. Suas obras se consistem em xilogravuras e litografias, e são daquele tipo que exigem muita atenção do admirador, uma vez que, se não forem bem observadas, será fácil perder detalhes interessantes.
Expostas até 27 de março no CCBB-RJ (Rua Primeiro de Março, 66 - Centro, de terça a domingo, das 9h às 21h), mais de 90 obras de Escher, além de um filme em 3D mostrando a mente matemática e original que o levou a realizar determinas obras, são de deixar qualquer um perplexo devido à capacidade de criação do próprio. Suas obras causam ilusões de ótica, possuem perfeita perspectiva e interessantes formas tridimensionais. Ele dançou com a geometria, seduz o público com a sua criatividade e explorou o conceito de metamorfose.
Mestre de obras em preto e branco e de um incrível ilusionismo visual, Escher coloca a cuca dos observadores para funcionar. Uma curiosidade é que muitos amantes do rock o conhecem e nem sabem de tal fato. Uma de suas litografias mais famosas, “Répteis”, é capa do primeiro LP do grupo inglês Mott The Hoople, sem título, de 1969. A lista de bandas que possuem LPS com capas retratando obras de M. C. Escher é grande: Bas B. Browkhuis, Bauhaus, Beaver and Krause, Climax, dentre outras. Há dentre eles, por sinal, vinis bastante raros e caros.
O clipe da música Drive da banda Incubus mostra, logo no começo, a obra “Drawing Hands” de Escher. A ideia de um próprio desenho criar a si mesmo é utilizada diversas vezes ao longo do video. A obra “Relativity” é uma das mais queridas de quem conhece o artista, ela aparece no clip da música Otherside da banda Red Hot Chili Peppers, assim como no clip da música Laughing wifh da cantora indie Regina Spektor e até a abertura da novela “Top Model” (1989/1990) foi inspirada em tal obra. Para os mais curiosos vale contar que até mesmo a fase bônus do jogo Sonic, do Sega Mega Drive, é inspirada na obra “Sky and Water”, onde pássaros se transformam em peixes.
Escher é considerado um gênio da geometria e sempre foi muito admirado por conseguir usufruir dela e explorá-la de uma maneira MUITO intensa. Não só representando formas bi e tridimensionais perfeitamente, como elaborando ilusões de ótica a partir dela. E a curiosidade, no fim das contas, é que ele não estudou geometria. Ele sequer era bom aluno em matemática, no entanto, suas obras são baseadas em conceitos matemáticos! O fato é que ele tinha tudo dentro da caixola mesmo sem ter estudado, sem saber exatamente o que era, os nomes das técnicas e etc.

As técnicas surrealistas do artista intrigam (escadas e quedas d’águas que parecem tanto estar subindo quando descendo, por exemplo) e encantam. Ele transformou a geometria e o impossível em obras muito interessantes. Ele, afinal, foi e será sempre genial. A admiração vista em referências de obras de tantos outros artistas é uma comprovação disso.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O SHOW PRECISA CONTINUAR

 Obra de Sonia Madruga

 Por Carlos Pinho 

Dos braços de um povo
Do peito de uma gente
Constroem-se a ilusão, o belo, o novo
Faz-se possível o que estava em mente

O esforço vencido pelo fogo de instantes
A tristeza se alastra, lambendo a esperança
O mais forte se desfaz feito criança
A quarta de cinzas chegou antes

O grito calado
O choro incontido
O olhar marejado
O coração ferido

Mas como foi dito
Não há de se fraquejar
Pois o Samba agoniza, porém sobrevive
E, apesar dos revides, o show precisa continuar



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

"Lixo Extraordinário" - Um documentário de excelência


"Lixo Extraordinário" destaca-se por diversos motivos: é sensível, belo e extremamente humano. O filme acompanha um ousado projeto realizado por Vik Muniz, artista plástico brasileiro de grande reconhecimento internacional, que consiste em não só relatar o cotidiano de catadores de lixo de um dos maiores aterros sanitários do mundo, o Jardim Gramacho, localizado na periferia do estado do Rio de Janeiro, como também em demonstrar intensamente a capacidade que a arte possui de ser transformada e de transformar as pessoas que a ela tiverem acesso.

Vencedor do Prêmio de Público de Melhor Documentário Internacional de Sundance (janeiro de 2010) e do também Prêmio de Público de Melhor Documentário do Festival de Berlim (fevereiro de 2010), dentre outros, está concorrendo ao Oscar e inaugurando a indicação de uma produção brasileira à categoria de melhor documentário. O filme passeia por aspectos diversos, como a possibilidade de reaproveitamento e de transformação do que, para alguns, chama-se lixo, a importância de se dar o devido reconhecimento ao trabalho dos catadores e os sentimentos, ora de orgulho, ora de desespero, dos mesmos.

Não se pode deixar de citar a beleza das ideias de Vik Muniz; utilizando-se de quaisquer objetos e material reciclável que estivessem ao seu alcance, ele e os catadores participantes formaram obras que, ao longe, retratam perfeitamente uma imagem (fotografias dos catadores tiradas por Vik) e de perto mostram a utilidade dos materiais. Uma delas chegou a ser leiloada em Londres por cerca de 100 mil reais, dinheiro este que foi revertido em contribuição a projetos dos trabalhadores de Jardim Gramacho.

É belíssimo ver a transformação que o projeto causou nos participantes. É de uma sensibilidade ímpar perceber o quão eles são pessoas grandiosas. A humildade lhes é motivo de orgulho, pois como os próprios dizem, melhor catar lixo do que se prostituir ou traficar drogas. Desse modo, são dignos e honestos.

O elenco representa, além de todos os catadores de lixo, o quanto é possível realizar projetos que mudem para melhor a vida das pessoas, mesmo que o número seja pequeno, o valor é inestimável.

As duas últimas ideias aqui apresentadas são, de longe, as mais importantes do filme. E é por todas que a produção merece, sem dúvidas, ser aplaudida de pé.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

INCÊNDIO PREJUDICA O CARNAVAL DE TRÊS ESCOLAS DE SAMBA NO RIO DE JANEIRO

 Foto: R7.com

Por Carlos Pinho . . .

Um grande incêndio nos barracões das Escolas de Samba Grande Rio, União da Ilha e Portela comprometeu e muito a beleza e a conclusão de seus projetos para o desfile na Sapucaí. 

A defesa interditou o local, já que parte da estrutura ficou bastante danificada. A União da Ilha, que iniciou os trabalhos de preparação do Carnaval em junho do ano passado, perdeu quase todas as fantasias de seu enredo O Mistério da Vida e ainda teve uma de suas alegorias prejudicada. A Portela, segundo o seu carnavalesco Roberto Szaniecki, teve uma perda aproximada de 90% , entre alegorias, fantasias e adereços. A Grande Rio, a agremiação de Duque de Caxias, considerada por muitos uma das favoritas desse ano, foi a que sofreu mais com o fogo. Ao ver o cenário de destruição de todo o trabalho construído em um ano, Helinho Figueiredo, presidente da Escola, chegou a passar mal na praça de alimentação da Cidade do Samba.

Dirigentes da Portela, desesperados com a situação, tentaram a todo custo entrar para recuperar o que pudessem, mas foram contidos pelos policiais, que faziam a segurança do local.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, prometeu todo o apoio necessário para que as Escolas possam entrar na avenida “da melhor maneira possível”, palavras dele. Sugeriu também que a Liesa não rebaixe nenhuma das envolvidas. Apesar da destruição, os presidentes das três agremiações garantiram que colocarão as Escolas na avenida.

A cúpula da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro promoverá uma reunião na noite desta segunda para analisar o caso. A possibilidade de não ocorrer rebaixamento no Grupo Especial neste carnaval será estudada.

Era a obra de um ano. Um ano de esforço para dar vida a uma idéia. Dos meros vergalhões, uma estrutura de alegoria. As plumas enfeitando as fantasias. Pessoas trabalhando com afinco, dia e noite, dormindo no barracão, para garantir que tudo terminasse dentro do prazo. Os frutos de um trabalho árduo e suado consumidos pelas chamas. No entanto, a esperança é chama que não se apaga.


Mais do que nunca, a força das comunidades que transformam os sonhos dos enredos em realidade no palco maior da folia, será necessária. Um povo que terá de enxugar as lágrimas, “levantar a poeira e dar a volta por cima”, como diz o eterno samba de Paulo Vanzolini. O luxo das alegorias e a beleza das fantasias são importantes nessa festa que cada vez mais atrai o olhar do mundo. Entretanto, o diferencial sempre foi e será a garra inesgotável dos operários da folia, o samba cantado com amor e devoção pelos componentes, o requebrado das passistas, o bailar elegante do mestre-sala e da porta-bandeira, o girar harmonioso das baianas, a essência desse patrimônio histórico da nossa gente. Uma manifestação cultural que desde os desfiles na Praça Onze, quando o carnaval era elitizado e a alternativa do povão era botar o bloco na rua, vem mostrando o seu inestimável valor.