domingo, 30 de outubro de 2011

Nasceu gigante

Peço licença
Aos que fizeram história.
Pois muito acima de qualquer crença,
Eles ficaram na memória.
Declaro minha paixão,
Batendo na palma da mão.
Tudo começou com uma reunião.
Ô Limoeiro, ô limão!
Na casa da Tia Ciata,
Nascia muito mais do que remelexo de mulata.
Era a primeira roda de samba
No terreiro de bamba.
Sob a flauta de Pixinguinha,
Fazia-se o chorinho,
Seguido da marchinha,
Enquanto chorava o cavaquinho,
Nas mãos do Mano Heitor.
Era o samba com amor.
Chegavam junto o jongo, lundu, maxixe e a modinha,
Que desceram com os escravos da Bahia
Nos rituais de Candomblé.
Os malandros já vinham ao mundo com samba no pé.
E eu, humilde brasileiro,
Não batuco no pandeiro,
Não sou passista,
Tampouco ritmista!
Mas pelas veias correm sangue.
Não de artista.
Sangue de sambista!
O que faz de mim o filho do samba?
Não é minha ginga não!
Também não sou um grande folião!
Não é meu talento.
E sim meu argumento.
O samba sufoca a tristeza
Com destreza.
Fazendo do sofrimento,
Um breve momento,
Pois logo chega a alegria,
É o raiar do sol anunciando um novo dia.
Está na voz do povo,
É a chocadeira do ovo.
Peço licença!
João da Baiana, Sinhô, Cartola;
Chico Buarque, Monarco, Paulinho da Viola;
Noel Rosa, Vinicius de Moraes;
Candeia, Ary Barroso, Jorge Aragão;
Ismael Silva, Donga, Jamelão;
Beth Carvalho, Dona Ivone Lara;
Bide, Marçal, Zeca Pagodinho;
Jovelina, Caymmi, Nelson Cavaquinho;
Martinho da Vila, Heitor dos Prazeres;
Clara Nunes, Alcione, Tom Jobim;
Elza Soares, Sombrinha, Herivelto Martins;
Bezerra da Silva, João Gilberto;
Almir Guineto, Reinaldo, Arlindo Cruz;
Moacir Santos, Moreira da Silva, Moacyr Luz;
Carlos Cachaça, Dudu Nobre;
Dicró, Heitorzinho, Silas de Oliveira;
Satur, Zé Keti, João Nogueira...
Entre tantos outros que aqui não mencionei,
No coração eu os guardarei.
E, no fim desta poesia,
Faço deste samba minha alegria!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

terça-feira, 18 de outubro de 2011

UMA CACHAÇA CHAMADA INTERNET!


Cada dia que passa fica mais evidente que o mundo gira em torno da tecnologia da informação.

Sem dúvida, o nível de influência no conhecimento das pessoas hoje, se deve muito ao crescimento da internet. E com o acesso à rede mundial de computadores disseminado, não importa onde você esteja, tem um mundo de informações que de outra forma seria quase impossível.

Junto a isso fazemos compras, operações bancárias e até problemas de trabalho conseguimos resolver via web.

Mas o que mais me chama a atenção é o novo modelo de “conexão” interpessoal que foi sendo criado. As pessoas estão se relacionando com outras através da tela do computador, fazendo coisas que para elas seria inconcebível de outra maneira. Não é mais preciso encarar, enfrentar.

Isso é fácil de observar, principalmente, nas redes sociais, zonas livres as pessoas chegam a fazer verdadeiros diários sobre suas vidas. Contam tudo como se estivessem embriagadas. Como se fosse efeito de cachaça!

Em outros tempos, isso ficaria escrito em um pequeno caderno, agenda ou diário, escondido no fundo da gaveta mais escura, no meio das roupas que não se usam mais, sendo lido somente por quem o escrevera, tendo ou não segredos. Era sim, um espaço íntimo.

Hoje, por menos que nos expressemos nessas redes de relacionamento, expomos nossas vidas a milhares de pessoas em todas as partes do mundo.

Não basta apagar a frase, ela pode ter sido vista por alguém, em algum momento, em algum lugar do mundo.

Fico imaginando como ficaria fascinado Michel Foucault, com seu “vigiar e punir”, hehehe... Esse já vivia o Big Brother internamente.

“Viver” no mundo virtual nos faz esquecer que temos um mundo real aqui fora, e como temos a falsa impressão de total controle sobre esses mundos, acabamos agindo sem pensar, não considerando os fatores envolvidos.

E quando isso ocorre fica difícil imaginar como essa informação será usada... Perde-se então o controle!

Não acredito que voltaremos aos difíceis tempos da ditadura, quando não se podia falar nada sobre si, nem sobre nada, mas temos que preservar o bem mais valioso que temos: nós mesmos!

domingo, 16 de outubro de 2011

Sobre Olavo Bilac e a miscigenação.

Uma pequena lição de história.

Uma vez visitei um cemitério na zona sul da cidade, e me deparei com a sepultura de Olavo Bilac. Era relativamente humilde comparada com as outras sepulturas, mas ali estava um homem notável, que não podia ter ficado calado. Graças à Deus, ele não ficou.
Na época, eu pouco sabia sobre ele, tinha a ligeira impressão de ter ouvido meu professor Vinicius de literatura falar dele, mas nada concreto me vinha à mente naquela tarde no cemitério. Acontece que hoje descobri que junto com Juliano Moreira (outro homem que sempre ouvi falar e a única coisa que sabia sobre ele era que seu nome foi usado para batizar um hospital psiquiátrico) Bilac foi um dos ícones na discussão sobre raça e miscigenação no Brasil (meados do XIX e inicio do XX)que tiveram também importância na forma como passamos a conceber a imagem de nação brasileira.
O debate se iniciou com a Abolição da escravatura quando os intelectuais se empenharam em descobrir um modo dos mestiços e negros serem incluidos na sociedade. Entre esses homens que influenciaram a discussão, temos: Silvio Romero que considerava os mestiços como raça inferior mas que contraditoriamente via nele o meio de criar uma nação diferenciada; Bilac que supervalorizava os mestiços e os negros, a quem denominava de "a raça mártir" e acreditava que não devíamos nos envergonhar da presença negra africana nem em nosso passado nem no nosso futuro. Chega a afirma que nenhum brasileiro poderia ser "completamente,absolutamente,legitimamente branco sem a mescla africana no sangue" e Nina Rodrigues que apostava que nada de bom poderia vir da miscigenação.
De todos simpatizei mais com a abordagem de Bilac.A única coisa que fui contra no discurso dele foi considerar que no passado o Brasil teria conseguido que suas raças convivessem em harmonia. Primeiro porque raça é um conceito ainda discutível e segundo porque nunca foi visto na história deste país uma relação que pudesse ser considerada completamente harmônica. Um exemplo bom que frisa essa falta de aceitação foi o projeto de branqueamento da população na época do Império. Quando branquear a população tornou-se necessidade, ficou super claro que a sociedade não vivia em harmonia. Uma das medidas para lidar com os ex-escravos foi deportar para a África, o que para mim representou uma violência igual ao tráfico de escravo. Levar os negros e mestiços de volta à Africa representou a mesma quebra de vínculo com a terra e a pátria que aconteceu com seus antepassados traficados para a América. Não pensar neste aspecto nos mostra que mesmo abolindo a escravidão, ainda não se considerava os negros e seus descendentes como humanos, ao mesnos pelo grosso da sociedade. Como Rousseau mesmo dizia:
"aceitar que um filho de um humano pudesse desde logo não nascer livre era aceitar também que se pudesse não nascer humano"
Durante o debate sobre a miscigenação muitos queriam fazer valer que que o mestiço era uma raça inferior. Ouvi em algum lugar que nele se perdia as caracteristicas do bom branco e do bom negro. Segundo Carolina Viana Dantas havia quem pensasse que o mestiço era um degenerado, seria um resultado infeliz de uma mistura que certamente criaria marginalizados e criminosos. Entretanto como todo ponto possui um contraponto, Bilac e outros optaram por argumentar que o social é que faz o homem: a influência do meio em que se vive e a educação, ou a falta dela é que destina o homem a viver à margem ou ser bem sucedido.
Toda essa discussão nos mostra que a sociedade tupiniquim andava especulando sobre sua imagem e identidade. Era necessário esconder os mestiços e os negros, ou eles eram uma boa representação de nossa cultura? A dúvida acredito surgiu porque na Europa com adoção dos pensadores ao Darwinismo (em detrimento do Humanismo nascido algum tempo antes), as pessoas passaram a considerar o mestiço como raça inferior, e o Brasil por algum tempo pensou assim, foi por isso que a primeira solução cogitada para substituir a escravidão foi a vinda de trabalhadores europeus e não a utilização da mão de obra local, mas com este pequeno texto vemos que também houve quem tenha querido definir e enquadrar essa população mestiça e também transformá-la em ícone nacional. Ao meu ver tentou-se também convencer a comunidade internacional das vantagens da miscigenação, para se obter o reconhecimento externo. Bilac mesmo teria dito isso sobre a peça O dote baseada no romance de Arthur Azevedo e encenada por artistas italianos. Ele acreditava que a peça faria propaganda da cultura brasileira no exterior, mostrando que havia algum mérito na nossa convivência mista. Não era vergonha alguma admitir que aqui existiam pretos e mestiços.

Por fim uma frase de Bilac: " Queremos tirar o preto das nossas fotografias, das nossas peças de teatro, dos nossos romances, da nossa história, da nossa raça e da nossa vida... Absurda pretensão! Néscia e irritante mania! Nenhum povo altera, nem anula, nem precipita a sua história. O preto é inseparável, na constituição da nossa raça, dos outros elementos que tem contribuído e ainda hão de contribuir para formá-la."

se quiserem ler mais visitem o blog: folhetimutopia.blogspot.com (visitem please!XD)

domingo, 9 de outubro de 2011

Fluxo

Este conto foi escrito por um amigo meu muito querido, Gregório Tkotz, com cujos contos é possível "viajar" muito e cujo blog é http://sonhadordesperto.blogspot.com/.
Visitem-no!


-... mas quando o fonema suprimido é um som vocálico, o nome dado ao processo é crase, que não é sinônimo do acento grave usado para evidenciá-la. Esses processos são importantes para a língua, pois... - O professor continuou a falar e voltei ao meu estupor. A matéria já não era interessante, e o professor conseguia fazê-la ficar ainda mais desinteressante com sua “excelente” didática. E era só decorar as tabelas do livro para se dar bem na prova.
A sala estava em silêncio. Só o professor falava, com uma voz monótona e hipnotizante. Os alunos apoiavam suas cabeças em mãos, braços, carteiras. A maioria estava longe demais para ouvir qualquer coisa. O professor parecia não perceber, ou não se importar. Uma mosca entrou zumbindo pela porta.
O zumbido era insuportável. Era um barulho contínuo, e não entrava só pelos ouvidos, mas também fazia todo corpo vibrar. O calor só ajudava a piorar a sensação desagradável que eu estava sentindo. E olhando ao redor percebia que não era o único. Todos estavam incomodados em algum nível.
Mas nós seguimos pela floresta mesmo assim. Andávamos em fila indiana por uma trilha que parecia não levar a lugar algum. As mesmas árvores, plantas, e o insuportável zumbido, já havia três dias. O guia afirmava que não estávamos perdidos e, como ninguém mais conhecia aquela região, tínhamos que confiar nele.
O anoitecer na selva é diferente do a céu aberto. Nós não vemos o céu ficar escuro. Apenas a claridade, que já é difusa devido à cobertura vegetal, começa a diminuir. É hora de montar acampamento. Como sempre o guia correspondia à nossa confiança e chegamos a uma clareira bem a tempo.
Montamos rapidamente nosso acampamento, comemos enquanto dividíamos histórias e finalmente entramos nas barracas para dormir. Mesmo à noite era quente e abafado. Os mosquitos não davam trégua, mesmo com a fumaça da fogueira e o repelente. Fechar os olhos era difícil. Mas depois de algum tempo, as horas de caminhada venceram.
Meus olhos foram abrindo lentamente, se acostumando com a claridade. A luz era muito forte e eu estava completamente desnorteado. Eu me levantei antes de conseguir ver alguma coisa direito. Eu passei pela porta ainda com os olhos ardendo.
A primeira coisa que eu realmente vi foi uma enorme massa amorfa. Era um pouco mais baixa que eu, um pouco mais larga, transparente-esverdeada e se movia. Dentro havia algumas partes mais opacas, que se sobressaíam. A maior era quase esférica, aproximadamente do tamanho da minha cabeça, de um verde mais escuro que o resto e ficava perto do centro da coisa.
Mas assim que eu comecei a observá-la, a massa começou a se modificar. A esfera central começou a subir enquanto deixava um rastro que se espalhava pelo resto da coisa. As outras partes opacas também começaram a se organizar, se juntando, se dividindo, se alongando. A superfície começou a se tornar opaca e logo não se via o interior. O corpo começou a tomar forma, foi se afinando embaixo e se dividiu em duas partes, enquanto de cima saíram mais duas protuberâncias, que também se alongaram.
E eu olhava para o meu reflexo. Peguei o creme de barbear e passei no rosto. Depois a gilete e me pus a tentar não sangrar dessa vez. Quase consegui. Botei pasta na escova, escovei os dentes, enxagüei. Peguei a camisa, a calça e me vesti. Calcei o tênis e saí do banheiro.
Casaco, chaves, carteira, celular, e saí de casa. Fui para a garagem tentando não deixar o meu cachorro sujar de terra a minha roupa. O céu estrelado sobre minha cabeça prenunciava uma boa noite, e eu pretendia aproveitar. Até porque, não era sempre que eu tinha tempo para me divertir. Mesmo à noite.
Peguei a chave e coloquei na ignição. Arrumei o banco, o cinto e liguei o motor. Programei o piloto automático para Sirius A e me preparei para a decolagem. Desde o incidente com o buraco negro em Londres tinham ficado proibidas as viagens dimensionais a menos de meia hora-luz de qualquer planeta habitado.
Agora se perdia mais de uma hora para se chegar a outros sistemas estrelares. Mas em nome da segurança era necessário. O inibidor de inércia impedia que tudo se desintegrasse, mas mesmo assim a sensação de velocidade da decolagem era mais ou menos como a aceleração de um antigo caça.
O início era sempre calmo, enquanto se acumulava energia para o resto da viagem. Eram apenas alguns minutos antes da verdadeira emoção. E eu sabia exatamente o ponto em que iria começar. Já tinha feito isso algumas vezes e a emoção ainda era a mesma.
A gritaria foi geral quando o carrinho começou a descer. Todas as bocas estavam abertas para descarregar a dose extra de adrenalina. Alguns braços se levantaram, os meus inclusive, como que para saldar o vento que vinha de encontro dos rostos dos loucos por emoções fortes, pois se não o fossem, não estariam ali.
Apesar dos gritos, ninguém ouvia ninguém. O vento era ensurdecedor. Aumentava e diminuía conforme a velocidade do carrinho. Mas não chegava a ficar baixo. Só depois de algum tempo que ele diminuiu. A volta tinha acabado. As pessoas começaram a deixar os seus lugares. Todos falavam e suas vozes se juntavam formando um zumbido.
Eu guardei meu caderno, peguei a mochila, e fui procurar atrás do resto do pessoal para almoçar.

Textos como esses são muito bacanas pois deixam vagas certas passagens, de modo a permitir que o leitor ative sua imaginação. De uma aula fomos para uma floresta, de lá para um mistério indefinível, para a casa do personagem e em seguida para uma viagem intergalática, ou seria uma montanha-russa? Imagine!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A morte anunciada do humor


Por Rodrigo Shampoo

O que está acontecendo com a sociedade na qual eu estou inserido? Começo com esta pergunta para falar de um assunto que está em voga, após os seguidos episódios protagonizados por Rafinha Bastos, do programa CQC (muito bom, por sinal!). Isso mesmo, vou falar de humor. Mas sem ser engraçado!

A sociedade já vivenciou severas ditaduras com censuras aos jornais, à liberdade de ir e vir e à moral. Agora estão querendo censurar o humor. Era só o que faltava! Estou cansado do “politicamente correto”, e de tanto “pode e não pode”. O humor deve ser ilimitado e, quem não gosta de tal piada, não assista, não leia, não veja e não procure para não se sentir ofendido. E se, por um acaso, a piada chegar até você contra a sua vontade, o que é bem viável... FODA-SE! Se nem Jesus conseguiu agradar a todos, não será uma piada que conseguirá. Proibir piada sobre determinado tema é censura. E, do jeito que tá, daqui a pouco só será feita anedota sobre as paredes e as samambaias – e não me refiro às mulheres frutas, mulheres vegetais, mulheres legumes e por aí vai...

Rafinha Bastos foi eleito, pelo jornal The New York Times, a personalidade mais influente do Twitter.

Humor negro, besteirol, irônico, palhaço, pastelão, bobo, ácido, pungente, burlesco, jocoso, mordaz, sagaz, inteligente, espirituoso, engraçado, sarcástico... vale tudo para fazer uma piada. Doa a quem doer, incomode a quem incomodar.

Lembro-me que passei a infância assistindo “Os Trapalhões”, mas não confunda com “A Turma do Didi”. Eu assisti o Mussum encher a cara de cachaça, sem que isso me tornasse um alcoólatra. Vi o Didi fazer piadas sobre homossexuais, sem incomodar a quem de direito. Vi o Zacarias ser zoado por ser feio, por usar peruca e por ser baixinho, e não era considerado bullying. Vi piadas com negros, nas quais o Mussum participava, e não era racismo. Era humor livre e engraçado!


Quando uma pessoa é proibida de se expressar, sendo impedida de expor suas ideias, está configurado um retrocesso inaceitável ao totalitarismo. Não é com mordaça que se exercita a democracia – esta que funciona na teoria, mas, na prática, apresenta muita incoerência, mas não entrarei nestes detalhes.

Que o humor sirva para ridicularizar políticos que colocam o nariz de palhaço na sociedade, enquanto são aplaudidos a cada eleição. Que o humor sirva para fazer rir aos interessados na chalaça. Mergulhamos num mundo fétido onde a mesma pessoa que achou a piada do Rafinha Bastos um absurdo, ficou surpreso por eu ser sambista, frequentador de rodas de partido alto sendo loiro, branco e de olhos claros. Onde a mesma pessoa que defende o homossexualismo, olha para um terreiro de Umbanda e diz: “Caralho, uma porrada de macumbeiro junto evocando o Diabo!”. Muito prazer, essa é a hipocrisia, escondida na sua face frente ao espelho!

Vivemos numa sociedade líquida, como definiu o sociólogo Zygmunt Bauman. Isso significa que, assim como um rio em contínuo movimento, que altera o curso frequentemente e ultrapassa obstáculos, a sociedade está sempre em constante mudança. Mas este rio social está podre feito esgoto. A liberdade deve existir para ambos os lados, a proibição é que não deve estar presente. Soa como intolerância, e eu não gosto de intolerância. Será que ter intolerância à intolerância faz de mim mais uma peça na engrenagem social enferrujada? Bem vindo ao nosso mundo afogado em hipocrisia.

Estando no inferno, abraça o Diabo!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Richard Hamilton: O Pai da Pop Art


Hamilton nasceu em 24 de fevereiro de 1922 em Londres, começou a estudar arte aos 12 anos, mas logo aos 14 largou os estudos formais. Passou a trabalhar como aprendiz em uma empresa de engenharia. No ano seguinte seguiu para um estúdio de design, o que o levou a estudar na Royal Academy Schools.
Considerado o pai biológico da pop art, Hamiltou faleceu no último dia 13 aos 89 anos e deixou como herença sua grandiosa obra, a qual perpassou por inúmeros estilos. Ele foi da pintura à escultura, passando pela gravura, pela tipografia e também pela colagem. Nunca foi uma celebridade como outros nomes da pop art, mas os influenciou fortemente e causou impacto na arte moderna. Geralmente associado à reflexão sobre temas, e às vezes também muito político em suas obras, era sempre insubmisso socialmente, insubordinado, considerado socialmente subversivo. Sua principal obra marcada por tal subversão social foi a colagem intitulada "O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes e tão atraentes?". Feita quase que só de recortes de revistas, a obra polemizava e buscava levar à uma reflexão sobre a sociedade de consumo, mais especificamente a americana. Esta obra veio a ser considerada o primeiro trabalho puramente da pop art. As técnicas depois se tornaram comuns, mas eram novidade quando utilizadas por Hamilton nesta obra.

Muitas vezes era satírico, como nas obras em que retratou, sem medo de provocar, Tony Blair como um quase assustador caubói pistoleiro de calças jeans ou na obra "Swinging London", de 1967, baseada em uma batida policial em busca de drogas, na qual Mick Jagger e um comerciante de arte foram presos. Criou até a arte do "White Album" dos Beatles.
O próprio termo “pop art” é atribuído a Hamilton, quando este escreveu num texto de 1957 que a ‘pop art’ seria popular, passageira, efêmera, desprezível, facilmente esquecível, barata, produzida em massa, jovem, sexy, glamurosa e um grande negócio. Assim designava o movimento que, ao contrário do que ele pensava, durou. E que acabou por ser mais reconhecido através de nomes como Andy Warhol e Roy Lichtenstein.
“Nós temos os nossos ícones nacionais e as nossas celebridades pop. Mas nem Francis Bacon nem Lucian Freud ou Damien Hirst moldaram tanto a arte moderna da forma que Hamilton fez quando pôs um chupa-chupa com a palavra Pop na mão de um homem musculado”, escreveu o crítico de arte do jornal “ The Guardian”, Jonathan Jones, no obituário do artista plástico.
A causa de seu falecimento não foi divulgada. E o que realmente importa é que ele fez história artisticamente e deixou uma herança artística cheia de personalidade, vitalidade e diversidade.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

RIO PROG FESTIVAL

Nesta quinta (06/10) e nesta sexta (07/10) um sonho será realizado: finalmente se realizará o Rio Prog Festival, um sonho já antigo do produtor musical Claudio Fonzi. Nas palavras do próprio: "É com um prazer literalmente indescritível que venho comunicar que um muito antigo sonho está a poucos dias de se tornar uma incrível realidade!!! Será inaugurado o RIO PROG FESTIVAL, que chegou para ficar durante MUITO TEMPO! Dias 6 e 7 de outubro serão inesquecíveis, com 3 maravilhosas bandas da Nova Geração Sonora brasileira! E tudo acontecerá em uma das mais lindas e perfeitas casas de Rock do Rio de Janeiro e do Brasil, a Rio Rock & Blues, em pleno coração da Lapa. São 4 andares de som, luz, acomodações, bebidas e comestíveis de alta qualidade em meio a uma linda decoração repleta de fotos, guitarras e toda uma série de memorabilia ROCK."
Esta será a primeira edição de um festival que promete, que está fazendo muitos fãs desde tão especial subgenêro do rock criar enormes expectativas. E elas serão atendidas! A ideia é que o festival seja semestral e que cultue sempre bandas já consagradas no cenário musical e também que abra portas para novas bandas, como será o caso desta primeira edição.
O preço é de 40 reais antecipadamente e de 50 reais na hora. Aparentemente salgado, o preço é justo de acordo com a qualidade das bandas e com o fato de serem dois shows em cada dia, além de música mecânica nos intervalos com o melhor do progressivo, com seleção caprichosamente realizada pelo próprio Claudio Fonzi. Haverá também stand para venda de CDs de muitas bandas de Progressivo nacional.

As bandas que tocarão serão Anjo Gabriel, Massahara e Caravela Escarlate.
Anjo Gabriel está dando o que falar. Esta banda de Pernambuco, com suas músicas totalmente psicodélicas, predominantemente instrumentais (há algumas com vocal), belíssimas, tocará em ambos os dias, merecidamente. É o destaque atual do rock progressivo nacional. A banda formada em 2005 é a grande revelação deste ano, revelação esta possibilitada através da produção do primeiro LP da banda (2010), com produção muito caprichada tanto na qualidade de som quanto na arte da capa. LP também produzido na forma de CD, mas este com duas faixas a menos. Ambos, por sinal, já escassos em estoque. Merecendo relançamento. Quem ouve suas músicas se apaixona. A banda, no dia 06, apresentará sua obra "O Culto Secreto do Anjo Gabriel", que se consiste em seu LP. Já no dia 07 apresentarão inéditas, que constituirão seu novo lançamento fonográfico.
Caravarela Escarlate é do nosso querido Rio de Janeiro. Fundada já há bastante tempo, já passou por diversas formações e, se Deus quiser, a atual terá sido formada para ficar e se estabelecer. Com vocais que lembram O Terço e parte instrumental que lembra a banda Yes, essa banda de progressivo sinfônico abrirá o show do Anjo Gabriel no dia 06 e vai fazer bonito. Nas palavras do produtor do evento, Claudio Fonzi: "a mais nova e bela revelação do Progressivo carioca".
Massahara é uma banda de São Paulo que está crescendo e se destacando e sendo sensação do Hard Rock Progressivo nacional. Já participou de eventos como o Festival Psicodália, nas edições de 2009 e 2010 e do Rock na Vitrine, este ano, em São Paulo. Com sonoridade totalmente anos 70, seu primeiro álbum foi lançado este ano também pelo produtor Claudio Fonzi, através de seu selo independente, Som Interior Produções Artísticas. A banda tocará no dia 07 e promete abalar as estruturas da casa e de quem curte um bom Hard Rock com pitadas progressivas e psicodélicas.
Vale a pena conferir este festival tão bonito, de grande valor artístico e até histórico!
O QUE? RIO PROG FESTIVAL
Dia 06 de outubro (quinta):
Anjo Gabriel - apresentando sua aclamada obra "O Culto Secreto do Anjo Gabriel".
Caravela Escarlate - belo show de abertura.
Dia 07 de outubro (sexta):
Anjo Gabriel - apresentando inéditas.
Massahara - abalando as estruturas da casa.
ONDE? RIO ROCK & BLUES: Rua do Riachuelo, nº 20, Lapa - RJ
QUANTO? Ingressos: 50,00 (na data) e 40,00 (antecipados) a venda na RENAISSANCE DISCOS - Rua: Alcindo Guanabara, nº17, sala 1508, Cinelândia - RJ
TELs: (21) 2524-0216 e (24) 9218-2407
www.renaissancediscos.com / renaissance.claudio@gmail.com

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Joss Stone: Deliciosa de se escutar

Se alguém me perguntar quem eu considero a melhor cantora jovem de Soul e R&B no cenário musical atual, eu afirmarei sem dúvida nenhuma: Joss Stone.
Joscelyn Eve Stoker, como é o seu nome de batismo, nasceu em 1987, em Dover (Inglaterra) e diz ter crescido ouvindo diversos genêros musicais. Em uma entrevista à MTV News, Joss disse: "Viciei-me em música soul principalmente por causa dos vocais que exigia. Tem que se ter boa voz para cantar música soul e eu sempre gostei disso, desde pequena".
Seu primeiro álbum, "The Soul Sessions", lançado no segundo semestre de 2003, consistia-se em um álbum de covers de soul music pouco conhecidas de artistas como Wright, Aretha Franklin, Laura Lee e Bettye Swann. E ainda assim alcançou o top cinco da parada britânica de álbuns e o top quarenta da Billboard 200, que é a parada estadunidense. "Fell in Love with a Boy", uma regravação da música "Fell in Love with a Girl" do The White Stripes, alcançou o top vinte da parada de singles britânica. "Super Duper Love" também alcançou o top vinte na Inglaterra.
Após tanto sucesso com o seu primeiro álbum, Joss Stone lançou seu segundo álbum, "Mind, Body & Soul", lançado no segundo semestre de 2004 e composto de músicas originais. Estreou em primeiro lugar na parada de álbuns britânica, inclusive, quebrando o recorde de cantora mais jovem a chegar ao topo da parada britânica, lugar que antes pertencia à cantora Avril Lavigne. No entanto, não entrou no top dez da Billboard, ficando em 11° lugar. "You Had Me" foi seu primeiro sucesso a entrar no top dez do Reino Unido. "Right to Be Wrong" e "Spoiled" alcançaram o top quarenta e "Don't Cha Wanna Ride" o top vinte.
Participou em 2004 da regravação da música "Do They Know It's Christmas?", de 1984, escrita pelos organizadores da Band Aid Bob Geldorf e Midge Ure. Regravação esta realizada em conjunto com a Band Aid 20 em prol da região de Darfur, no extremo oeste do Sudão. Outros constituintes do grupo foram o vocalista do Coldplay, Chris Martin, e o vocalista do U2, Bono.
Em 2005, foi indicada a três Brit Awards, dos quais ganhou dois ("Artista Solo Feminina Britânica" e "Artista Britânica de Música Urbana"). Também já foi indicada a cinco Grammy Awards (incluindo "Artista Revelação"), dos quais ganhou um ("Melhor Performance de R&B por um Duo ou Grupo com Vocais" por "Family Affair" em 2007). Além de tudo isso, já fez umas pontas como atriz também.
Não é só o sucesso extremo desde o lançamento de seu primeiro álbum que demonstra facilmente o quão boa ela é no que faz. Ouvir uma música sua é o bastante para perceber o potencial dessa jovem cantora, com uma voz lindíssima e um forte carisma. Simples, entregue à música e ao poder que ela tem, ela canta e encanta a todos por onde quer que passe.
Joss Stone se apresentou no Brasil pela quarta vez no último dia 29, durante o Rock in Rio, no palco Sunset. Tendo sido a terceira ano passado na cidade de Itu, durante o festival SWU, a segunda durante uma turnê em 2009 e a primeira durante turnê em 2008.
A bela Joss Stone, dona de uma voz mais bela ainda, cativou a todos em seu show no Rock in Rio, sem discursos pré-escritos, cheia de espontaneidade e simplicidade. Conversou com a plateia, pediu que escolhesse músicas a serem cantadas e até pediu ajuda para que fosse cantada a música "Karma", justificando que às vezes esquece algumas palavras. Não foi falta de profissionalismo, foi simplicidade. Simplicidade esta que faz dela mais interessante ainda. Permitindo-se improvisos, sentindo-se à vontade no palco, chegou a brincar consigo mesma, pedindo, em um momento, que desligassem o telão porque não havia gostado de seu cabelo. Joss Stone, sem alisamento de cabelo, sem se utilizar de seu corpo para fazer performances sensuais, maravilha o público com seu Soul e com o seu sorriso. Deliciosa de se escutar. Digna de Palco Mundo, digna de muita admiração.
Joss Stone, que você venha ao Brasil novamente em 2013! E antes! E depois!