Encerrou-se no último dia 20 a exposição “Obsessão Infinita”,
no CCBB-RJ, da artista japonesa Yayoi Kusama. Aberta ao público desde o dia 12
de outubro, a exposição apresentou 110 obras da artista, realizadas entre 1949
e 2012, dentre as quais destacam-se sobretudo as suas instalações; além destas
foram expostas pinturas, vídeos, objetos sobre a artista, etc.
Em todas as
suas obras é perceptível a presença constante de bolinhas, de variados tamanhos
e cores, que acabaram se tornando a sua marca registrada – Kusama é conhecida
internacionalmente pelo título “Princesa das Bolinhas”. A obsessão por bolinhas
se torna curiosa, admirável e divertida aos olhos: as bolinhas encantam crianças,
adultos e idosos; quando em instalações com luzes ou espelhos fazem o público
submergir nas instalações e não ter vontade de sair, apenas ficar admirando o
brilho e o reflexo das obras. Porém, é admirável principalmente por ser um
reflexo da doença mental de Kusama, que sofre de transtorno obsessivo
compulsivo e alucinações desde que era criança.
Kusama se
destaca por suas instalações, talvez por serem interativas e incomuns. Suas
pinturas e colagem também merecem destaque, mas talvez por outros artistas
realizem obras de mesmo gênero, as suas instalações fascinam mais, com suas
luzes, bolinhas, espelhos e falos. Nascida em Matsumoto, Japão, em março
de 1929, Kusama costuma contar que foi a arte que a manteve viva e a impediu de
cometer suicídio. Seus sintomas são bastante perceptíveis em suas obras: as
bolinhas em excesso são comuns alucinações da artista, os falos sinalizam o seu
temor sexual e estes em conjunto com comida, por exemplo, sinalizam o seu temor
por quaisquer coisas que entrem no corpo humano. Kusama vive em uma clínica
psiquiátrica desde a década de 70, por escolha própria, e continua na ativa,
com seus quase 85 anos de idade.
Devido à
guerra em seu país, Kusama viveu nos Estados Unidos entre 1957 e 1973, onde
conheceu artistas como Donald Judd, Joseph Cornell e Andy Warhol, que a
influenciaram em sua arte pop. Esta é a sua primeira exposição no Brasil,
podendo ser encontrada também uma obra sua, “Narcissus Garden”, de 2009, no
Instituto Inhotim (MG), que se consiste em 500 esferas de aço flutuando em
espelhos de água. Suas primeiras grandes exposições internacionais ocorreram
recentemente, como em 2011, no Reina Sofía, em Madrid, e
no Centro Pompidou, em Paris; e, no ano passado, na Tate Modern, em Londres, e
no Whitney Museum, em Nova York. Sem falar na sua recente exposição na
Argentina, no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, onde Kusama não
era muito conhecida e, ainda assim, em pleno inverno, a mostra foi um sucesso. Além
disso, produziu estampas para a grife Louis Vuitton.
Produzida pelo Instituto Tomie Ohtake
em conjunto com o estúdio da artista, a mostra tem curadoria de Philip Larratt-Smith
e Frances Morrris e foi a exposição mais visitada do CCBB dos últimos cinco
anos, com cerca de 700 mil visitantes, ultrapassando a marca “O mundo mágico de
Escher”, que recebeu um pouco menos de 600 mil visitantes. A
mostra segue para o CCBB Brasília, onde ficará em cartaz de 17 de fevereiro a
27 de abril. Depois a retrospectiva seguirá para o Instituto Tomie Othake, em
São Paulo, onde poderá ser visitada entre os dias 21 de maio a 27 de julho.