Peço licença
Aos que fizeram história.
Pois muito acima de qualquer crença,
Eles ficaram na memória.
Declaro minha paixão,
Batendo na palma da mão.
Tudo começou com uma reunião.
Ô Limoeiro, ô limão!
Na casa da Tia Ciata,
Nascia muito mais do que remelexo de mulata.
Era a primeira roda de samba
No terreiro de bamba.
Sob a flauta de Pixinguinha,
Fazia-se o chorinho,
Seguido da marchinha,
Enquanto chorava o cavaquinho,
Nas mãos do Mano Heitor.
Era o samba com amor.
Chegavam junto o jongo, lundu, maxixe e a modinha,
Que desceram com os escravos da Bahia
Nos rituais de Candomblé.
Os malandros já vinham ao mundo com samba no pé.
E eu, humilde brasileiro,
Não batuco no pandeiro,
Não sou passista,
Tampouco ritmista!
Mas pelas veias correm sangue.
Não de artista.
Sangue de sambista!
O que faz de mim o filho do samba?
Não é minha ginga não!
Também não sou um grande folião!
Não é meu talento.
E sim meu argumento.
O samba sufoca a tristeza
Com destreza.
Fazendo do sofrimento,
Um breve momento,
Pois logo chega a alegria,
É o raiar do sol anunciando um novo dia.
Está na voz do povo,
É a chocadeira do ovo.
Peço licença!
João da Baiana, Sinhô, Cartola;
Chico Buarque, Monarco, Paulinho da Viola;
Noel Rosa, Vinicius de Moraes;
Candeia, Ary Barroso, Jorge Aragão;
Ismael Silva, Donga, Jamelão;
Beth Carvalho, Dona Ivone Lara;
Bide, Marçal, Zeca Pagodinho;
Jovelina, Caymmi, Nelson Cavaquinho;
Martinho da Vila, Heitor dos Prazeres;
Clara Nunes, Alcione, Tom Jobim;
Elza Soares, Sombrinha, Herivelto Martins;
Bezerra da Silva, João Gilberto;
Almir Guineto, Reinaldo, Arlindo Cruz;
Moacir Santos, Moreira da Silva, Moacyr Luz;
Carlos Cachaça, Dudu Nobre;
Dicró, Heitorzinho, Silas de Oliveira;
Satur, Zé Keti, João Nogueira...
Entre tantos outros que aqui não mencionei,
No coração eu os guardarei.
E, no fim desta poesia,
Faço deste samba minha alegria!
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