segunda-feira, 26 de março de 2012
Coerência e moral, onde se escondem?
Ouço sempre pessoas dizerem que, nesse mundo de desordem, em que Michel Teló é ovacionado e em que jogador de futebol em partida importante realiza a jogada como se estivesse brincando de futebol de botão com o irmão, nada mais surpreende (e esses não são grandes exemplos). Eu, confesso, estou a todo momento me surpreendendo. Infelizmente, na maioria das vezes, de um modo negativo.
O caso da jovem Geisy Arruda, expulsa em outubro passado da universidade (UNIBAN) por usar um microvestido, faz-me questionar a coerência das nossas atitudes e decisões, de modo geral, além do questionamento sobre os conceitos de justiça e de moral. Será que é por eu ser carioca que acho isso absurdo? vivo em uma cidade em que 'shorts-calcinha' são tão comuns quanto pombos na rua. Não, não pode ser por eu morar no Rio de Janeiro. Afinal, isto é algo mais que presente nos filmes, programas de televisão e, hoje em dia, em qualquer lugar que se vá, não só do país. Não consigo compreender uma expulsão por um motivo como esse. Se fosse uma universidade arraigada em uma religião como o catolicismo, compreenderíamos que exigisse por parte da aluna moderação em seu modo de se vestir, mas, ainda assim, não a expulsão. Qual era mesmo o nome da personagem de Dira Paes em 'Caminho das Índias'? Norma. Norminha dificilmente saía de casa sem o soutien à mostra e isso em uma novela de alcance não só nacional e no canal convencional mais assistido do país.
Semana passada uma jovem de 17 anos, no Espírito Santo, foi espancada na porta da escola por duas colegas e, como se não fosse absurdamente suficiente, pela mãe de uma delas também. Tudo isso por causa de um rapaz, namorado de uma delas. Desde quando um rapaz, seja quem for, vale isso? Com uma mãe dessas, como julgar sua filha? A decisão da escola foi apenas mudá-las de turma, deixando-as em salas diferentes. Isso é o suficiente? É justo apenas alterar as jovens de sala, enquanto o que fizeram é, no fundo, uma atitude criminosa? Jovens de 16 e 17 anos não são mais crianças. Elas sabem muito bem o que é certo e errado, o que é bom de se fazer e o que não é. Se elas não sofrem de nenhuma doença mental, então o processo de "reeducação", seja com terapia ou o que for, na minha opinião, deve ir bem além de apenas mandá-las para outra turma. Se nesse caso houvesse expulsão aí eu sim eu compreenderia, apesar de, evidentemente, a escola como instituição de ensino que deve ser tem o papel de (re)educar, de (re)encaminhar, não de expulsar. Portanto, não seria também a decisão mais adequada, de acordo com o que a escola propõe ser. Por outro lado, esse papel de educar, que vai muito além de ensinar disciplinas como matemática, português e história e chega ao ponto de ensinar valores, deve mesmo ser da escola? Desordem. A única resposta que consigo dar a mim mesma, nesse momento, é que tudo está fora da ordem. Caos moral. Caos humano.
Há todo instante há casos parecidos. Em Goiás, a mãe de um aluno acusa uma monitora de agredir seu filho de cinco anos. Em Gravataí, uma mulher simplesmente levou duas pessoas para bater numa aluna de 14 anos que teria discutido com sua filha. Fatos como esses me fazem questionar tantas coisas, me enchem de dúvidas de uma maneira quase enlouquecedora. Será mesmo que são sinais de uma nova desordem? Ou será que o mundo e o homem sempre estiveram em desequilíbrio ético, moral e sob tantos outros aspectos também?! Será mesmo que isso é novidade ou estamos dando uma atenção diferente a isso agora? O bullying sempre existiu, mas agora foi dado a ele este novo nome chamativo de atenção e é visto como crime. Até que ponto é mesmo? Será que fatos como os citados sempre ocorreram, mas agora sabemos mais e melhor pelos avanços tecnológicos que nos permitem tomar conhecimento sobre tantas coisas sem os quais não seria possível? Mas isso importa de fato? Se sempre aconteceu, mas antes sabíamos menos, então menos podíamos fazer sobre. Seja agora uma ampliação do número de fatos que chegam até nós ou seja mesmo uma nova desordem, temos a capacitação de fazer algo sobre. Fazer mais.
Coerência? Ela ainda existe em nosso cotidiano? Uma igreja evangélica adaptou o hit "Ai, se eu te pego", cantado por Michel Teló. Dá para acreditar nisso? “Deus, eu te quero” é a versão gospel de uma música (música? confesso ter minhas dúvidas) cuja letra me parece passar ideias contrárias à religião evangélica, não? Estou enganada? Só eu fico confusa com tudo isso? Está mais que na hora de pararmos de apenas assistir aos telejornais e discutirmos assuntos como esses. Agirmos juntos em prol da sociedade e do que considerarmos melhor. Esse conjunto de dúvidas pessoais é um convite a todos para que debatemos e pensemos mais a respeito dos fatos, em vez de sermos apenas gado ou um público preguiçoso dos telejornais polêmicos e comerciais.
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Realmente parecem estar escondidinhas em algum lugar bem guardado e só de vez em quando se mostram.Pena! beijos,chica
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