A exposição conta com 380 peças cedidas por diversas pessoas de diversos países. Muito rica, a exposição abrange 3000 anos de cultura indiana, da Idade Antiga a Contemporânea. Uma boa exposição sobre a índia não poderia ser menos rica e possuir menos elementos, afinal, é um país de numerosa população que se divide em cerca de 200 etnias, mais de 20 línguas oficiais, dentre as quais se destacam o Hindi e o inglês e algumas religiões, sendo as principais o hinduísmo, o budismo, ou jainismo e o sikhismo. A exposição perpassa bem as três primeiras, assim como apresenta uma diversidade de objetos típicos que vão de utensílios domésticos a vestimentas, como os saris usados pelas mulheres. São longas peças de pano, geralmente com cerca de 6 metros de tecido, que vão sendo enroladas na mulher, parecendo vestidos que cobrem todo o corpo. Há também muitas fotografias interessantes que mostram aspectos da cultura, inclusive diária, dos indianos.
A exposição se divide em quatro módulos com focos diferentes: os Deuses, a Formação da Índia Moderna, a Arte Contemporânea e peças datadas de 200 a.C. até 2011. Há espaços dedicados a Ghandi, o grande exemplo que o mundo tem de pacificidade. Há ainda um dedicado à novela Caminho das Índias, que se revela apenas como forma de mostrar que o Brasil já teve recentemente uma grande expressão artístico-comercial com interesse na cultura indiana. Há também um espaço para a famosa Bollywood, responsável pela maior parte da cinematografia indiana e que tem crescido cada vez mais a ponto de ser considerada, no mínimo, no mesmo patamar de Hollywood. O nome Bollywood surge da fusão de Bombaim (antigo nome de Mumbai, cidade onde se localiza Bollywood) e de Hollywood (nome dado à indústria cinematográfica norte-americana).
A exposição peca apenas nas legendas iniciais das peças. Quem não conhece um pouco da cultura indiana perde-se em alguns momentos perguntando-se quem é Madhubani, Sita e Ruana, por exemplo. As explicitações aparecem depois, em outras obras.
É muito interessante ver o quanto os indianos são caprichosos e criativos. Vivem em busca da espiritualidade e em harmonia com ela. Dedicam-se com amor aos seus trabalhos, sendo a maioria manual e de belíssimo teor artístico. São todos envoltos em detalhes, geralmente também em muitas cores. Não importa se o trabalho demora pouco ou muito pra ser feito, é perceptível que são feitos com amor.
As mandalas, os desenhos dos deuses, mosaicos, dentre outros, aparecem constantemente. Os animais são sagrados, o Ganges é sagrado e banhar-se nele, mesmo com toda a poluição, é um ato de fé e de purificação. Um turista tem de tomar cuidado ao andar em suas ruas, onde animais andam livremente, onde não há placas de trânsito e andam juntos carros, animais e pedestres por todos os lados e em todas as direções. Para nós, uma aparente bagunça. Para eles, costume. Isso é a cultura de cada lugar. Isso é o bacana de viajar, mesmo que sem tirar os pés no chão. Esta exposição proporciona uma linda viagem, na qual vale à pena embarcar.
É lindo ver como em um país que sofre com muito precária infra-estrutura, com miséria, fome e doenças há pessoas que se dedicam tão lindamente à espiritualidade, sendo simplesmente felizes apesar da visão triste diária. Não se pode esquecer que, é claro, esta é apenas uma parte da população. O sofrimento, a violência, o mau caráter e a maldade existem em todo lugar, até mesmo em um país que é templo de uma grande busca pela espiritualidade. E é ainda mais compreensível quando se vê crianças tão magras e tanta sujeira pelas ruas. É uma linda cultura, com uma realidade ao mesmo tempo bonita e triste.
De qualquer modo, com seus exageros, realidades e ilusões, é possível se fascinar por esta cultura tão diversificada e tão diferente da ocidental. A exposição no CCBB-RJ vai até o dia 29 de janeiro de 2012 e funciona das 9h às 21h de terça a domingo, gratuitamente. O CCBB-RJ se localiza da Rua 1º de março, 66 – Centro.
Curti muito a dica da exposição. Foi muito interessante.
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