quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Elis Regina: 30 anos de sua morte e uma eterna admiração de todos


Há muito o que falar sobre a considerada uma das maiores intérpretes do nosso país, se não a maior. É até difícil selecionar; dá pena escrever sobre ela sem fazer uma biografia completa, pois tudo em sua vida pessoal e em sua carreira foi intenso.
A descobridora de novos compositores e aquela que abriu a porta para alguns deles, hoje nomes consagrados como Ivan Lins e João Bosco. A cantora de apelido "pimentinha" devido a seu temperamento explosivo, apelido este dado por Vinicius de Moraes. A mãe de Maria Rita, de Pedro Mariano e de João Marcello. A gaúcha baixinha cuja voz encantou (e continua encantando) a todos, até mesmo aqueles que com ela tinha atritos. Enfim, Elis Regina Carvalho Costa, nascida em Porto Alegre no dia 17 de março de 1945 e falecida em São Paulo no dia 19 de janeiro de 1982 aos 37 anos.
Cantou músicas de Edu Lobo, que foi seu namorado e que a apresentou a Gilberto Gil, que veio a ser um de seus compositores favoritos; cantou também Milton Nascimento, Chico Buarque, Tom Jobim, Aldir Blanc, César Costa Filho, Belchior, Tim Maia, Renato Teixeira, Guilherme Arantes, Tunai, além de Ivan Lins e João Bosco. Era ativista, tinha como característica a agitação pública. Como disse Ivan Lins em entrevista ao Globo no último dia 15: "Temos hoje maravilhosas cantoras novas, lindas vozes, muito afinadas, mas atitude mesmo, como a Elis tinha, é difícil de ver."

Gilberto Gil define seu amor por ela como 'ideal, platônico e, sobretudo, incondicional'. Antonio Carlos Jobim é o compositor mais gravado por Elis, seguido de João Bosco e de Edu Lobo. Tom Jobim demorou para reconhecê-la, mas reconheceu. Gravaram um disco nos Estados Unidos, ambos cantando e Tom também tocando, dividindo os arranjos com César Camargo Mariano, marido de Elis, coisa que Tom fez com resistência.
Na vida pessoal, sua morte foi precoce. Maria Rita tinha apenas 4 anos quando Elis faleceu, e Pedro Mariano tinha 6. Ambos seguiram a vida artística, mostrando que o talento também corre no DNA. Como Elis ninguém mais é, nem os filhos, mas é bonito ver que apesar da pouca convivência que tiveram com a mãe ela lhes deixou algo que vale demais: a capacidade artística. João Marcello diz: "Do ponto de vista artístico, foi bom, ela morreu no auge. Mas o sofrimento pessoal foi enorme. Como filho, ou você morre no dia seguinte ou resolve seguir em frente. A única coisa pior seria um filho morrer antes." João Marcello, por sinal, chegou a ser desenganado quando pequenino porque rejeitava leite de vaca. Diz ele: "Ela passou a noite cantando para mim. De manhã, eu estava bom. Sua voz salvou minha vida."
Pedro Mariano diz: "Há o lado da frustração, que é não ter podido conviver com ela. É não saber identificar o que é lembrança minha e o que me foi contado." Diferentemente de Maria Rita, Pedro já gravou vários números do repertório de Elis. Mas Maria Rita já declarou a alguns meses que começará em março sua turnê de shows cantando músicas interpretadas por Elis, pois sim, finalmente ela se sente preparada para cantar Elis. Depois de tantas comparações entre ela e a mãe, Maria Rita já consagrou o seu nome e esses shows serão muito bem-vindos.
Devido a hoje, os 30 anos de sua morte, diversos projetos envolvendo Elis estão para ser lançados: caixas de CDs, íntegras de shows, uma nova biografia, outra reeditada e uma exposição que promete.
O projeto "Viva Elis" rodará o país a partir de abril com doações de todo o país que contém de tudo um pouco: áudios, vídeos, revistas, jornais, fotos e documentário. Começa em abril em São Paulo (Centro Cultural de São Paulo), segue para Porto Alegre, vem para o Rio (previsão para agosto no Centro Cultural Banco do Brasil), Belo Horizonte e Recife, ainda podendo se estender por outras cidades em 2013.
Impossível definir a voz da Elis com precisão. Ela não é feita só de afinação e talento (não que isso seja pouco, não é), mas é também de paixão. É tão cheia de paixão que se torna assim, do jeito que é, ou seja, simplesmente apaixonante. A paixão que ela coloca em sua voz é a paixão que se sente ao ouví-la. Um delírio delicioso, um orgasmo musical, uma admiração eterna. 30 anos de sua morte, uma eterna admiração!

Este artigo é um pequeno resumo da linda matéria que o jornal "O Globo" fez sobre Elis Regina no último domingo, dia 15 de janeiro. Para se ver a grandeza de Elis, o "Segundo Caderno" foi quase que inteiro dedicado a ela. Vale a pena conferir.

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