Foi noticiada no início deste mês
a tão aguardada decisão da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura): a primeira cidade do mundo a receber o título
de Patrimônio Mundial como paisagem cultural é a cidade do Rio de Janeiro. A
cidade do Rio se candidatou a este título pela primeira vez em 2002, não indo
muito longe. Foi em 2009, com a entrega de um dossiê completo sobre sua beleza
e interação entre a natureza e seus moradores elaborado e entregue pelo
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pelo governo estadual, a
prefeitura, a Fundação Roberto Marinho e a Associação de Empreendedores Amigos
da Unesco, que começou a haver chances da cidade receber o título. E no último 1° de julho tornou-se real o título.
O
título de Patrimônio Mundial como paisagem cultural avalia a relação entre o
homem e a natureza, portanto, o título dá jus a uma vivência harmoniosa entre
homem e natureza. O conceito de paisagem cultural surgiu em 1992 e o título de
Patrimônio Mundial foi instituído em 1972 pela Unesco. Até antes do Rio receber
o título, ‘paisagem cultural’ era um termo que só havia sido usado designando
áreas rurais, agrícolas, jardins históricos e de cunho simbólico, afetivo,
religioso.
O título, no
entanto, não é permanente. Os locais da cidade que justificaram seu título
foram o Pão de Açúcar, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, a Praia de
Copacabana, o Corcovado, o Jardim Botânico e a entrada da Baía de Guanabara.
Como o título avalia a interação harmoniosa entre o homem e a natureza, estes locais
da cidade não são avaliados individualmente e isoladamente, mas sim em todo o
seu conjunto, que inclui o forte e o morro do Leme, o forte de Copacabana, o
Arpoador, o Parque do Flamengo e a enseada de Botafogo. Agora estes locais têm
que receber ações contínuas e fixas de preservação, pois caso não sejam muito
bem preservados, a cidade corre o risco de perder o título. O que, é claro, faz
muito sentido. Se houver falta de preservação a um nível que não faça mais a
convivência do homem e da natureza na cidade ser considerada harmoniosa, não
faz sentido o título e nem há merecimento para ele. É bonito ganhar o título,
mas é também responsabilidade. E uma responsabilidade bem-vinda, que para dever
ser cumprida nem é preciso nenhum título (ou não deveria ser). A
responsabilidade se justifica pelas próprias paisagens.
Ana de Hollanda, atual ministra da Cultura, disse
que, agora, o país terá um compromisso internacional com a Unesco. “Nas
apresentações que fizemos, foi lembrado, por exemplo, que a Floresta da Tijuca
era antes um cafezal, mas que foi reflorestada. Ou seja, essa preocupação com a
natureza é algo a que os próprios moradores da cidade dão grande importância.
Só que agora, passamos a ter um compromisso internacional com a Unesco” —
afirmou a ministra, em entrevista à GloboNews. “Todos os locais
mencionados na proposta de candidatura passarão a ser acompanhados pela Unesco
e nós vamos apresentar relatórios dos trabalhos que vão sendo feitos. Eles
cobram mesmo da gente, esse reconhecimento não é fácil. Mas o compromisso de
manter isso é muito importante. E nós vamos honrar esse compromisso com a
Unesco” — explicou Ana de Hollanda.
Para o presidente do Iphan, preencheu-se uma lacuna na lista do patrimônio mundial:
Para o presidente do Iphan, preencheu-se uma lacuna na lista do patrimônio mundial:
— Essa conquista representa um reconhecimento muito
importante. Se a gente observar que a lista do patrimônio mundial representa o
país, então faltava o Rio de Janeiro dentro dessa lista. O Rio representa a
imagem mais difundida do patrimônio brasileiro no mundo. Ou seja, foi
preenchida uma lacuna da representação do Brasil para fora do país — disse Luiz
Fernando de Almeida. — Mas isso coloca um grande desafio para todos nós, que é
o de conseguir construir uma política pública que harmonize com as políticas
que são de natureza setorial: política de habitação, de meio ambiente etc.
Passaremos a pensar numa política transversal que consiga realmente responder
aos desafios de fazer a gestão de um território.
O
Brasil tem ainda 18 bens culturais e naturais na lista dos mais de 900
reconhecidos pela Unesco. Os culturais são o Conjunto Arquitetônico e Urbanístico
de Ouro Preto (MG), o Centro Histórico de Olinda (PE), as Ruínas de São Miguel
das Missões (RS), o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas (MG), o
Centro Histórico de Salvador (BA), o Conjunto Urbanístico de Brasília (DF), o Parque
Nacional Serra da Capivara (PI), o Centro Histórico de São Luís (MA), o Centro
Histórico de Diamantina (MG), o Centro Histórico de Goiás (GO) e a Praça de São
Francisco, em São Cristóvão (SE). Os naturais são o Parque Nacional do Iguaçu
(PR), a Costa do Descobrimento (BA e ES), Reserva Mata Atlântica (SP e PR),
Parque Nacional do Jaú (AM), Pantanal (MT e MS), as Reservas do Cerrado: Parque
Nacional dos Veadeiros e das Emas (GO) e o Parque Nacional de Fernando de
Noronha (PE).
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