segunda-feira, 3 de setembro de 2012

ELIS REGINA E ANTONY GORMLEY NO CCBB

        Não é preciso falar muito sobre Elis Regina. Nossa querida ‘pimentinha’, dona de uma das mais belas vozes femininas e uma das maiores, se não a maior, intérprete de nosso país, está sendo homenageada na exposição “Viva Elis”, parte integrante do projeto de mesmo nome realizado e patrocinado pela Nívea.
                A exposição se divide em três núcleos sobre a vida e carreira de Elis, incluindo fotografias, documentos escolares e contratuais, biografia, vestidos usados por ela em shows, muitos vídeos e espécies de computadores interativos nos quais se pode ouvir toda a sua discografia. É possível passar uma tarde inteira ouvindo seus discos, deliciando-se e emocionando-se com sua voz divina e arrebatadora.
                Não tão rica em conteúdo e com pequenos defeitos como, por exemplo, a má organização das legendas das fotos, vale à pena conferir a exposição, tanto para conhecer melhor Elis quanto para se enternecer com os timbres de sua voz.

                Já Antony Gormley talvez não seja um nome tão facilmente reconhecível em meio a nós quanto o de Elis, porém sua exposição vale muitíssimo a pena ser conferida e é de igual grandiosidade. Enquanto Elis surpreende com sua música, Antony surpreende com sua criatividade absurda, que choca pela inovação de ideias.
                Muitos já devem ter lido a seu respeito devido às suas famosas estátuas espalhadas pela cidade, em topo de prédios, calçadas e no próprio prédio do CCBB. Usando seu corpo e existência como modelo, essa sua obra “Event Horizon” trabalha o corpo humano e o espaço, transformando os horizontes da cidade. O espaço, por sinal, é perceptivelmente seu tema central e, a partir de seu próprio corpo, Antony une um ao outro em diversas de suas obras. A genial obra “Amazonian Field”, realizada em 1992 em Porto Velho, na qual o artista produziu, em conjunto com 60 pessoas, cerca de 24 mil formas corporais feitas em barro, é uma das mais surpreendentes. Foram 18 toneladas de terra trabalhada com o objetivo de preencher, com essas pequeninas esculturas, um espaço – como uma sala – no qual “cada observador se torna uma interface viva entre o passado e o presente; entre o espírito dos ancestrais e os ainda não nascidos: o tópico involuntário da obra”, como é descrita a obra do artista.


 


                A exposição, realizada pelo Ministério da Cultura e pelo Banco do Brasil, é uma retrospectiva desse artista londrino que já ganhou diversos prêmios e já expôs em importantes mostras, como a Documenta de Kassel e a Bienal de Veneza. Como diz Marcello Dantas no encarte da exposição, “Antony Gormley construiu uma das mais coerentes pesquisas estéticas das últimas décadas da arte contemporânea. Baseando-se na tensão entre o corpo e o espaço, ele criou espaços, redefiniu o vazio e o pleno e endereçou a observação sobre o corpo como um procedimento participativo. Para entender Gormley, é preciso ver com a pele, mensurar com os olhos e se deixar ocupar pelo essencial sentido de presença, ferramenta fundamental para vivenciar sua obra.”
                Aberta até o dia 23 de agosto, a exposição reúne ainda obras da série “Blockwork”, que consiste em uma tentativa de mostrar o corpo como se fosse uma construção, através de blocos de aço; a obra “Floor” é o trabalho mais antigo da exposição, a qual reproduz o contorno dos pés do artista, fazendo “alusão a um campo de energia que torna a zona corporal porosa e aberta”, como diz a legenda da obra; modelos de projetos; a interessantíssima “Mother’s Pride IV”, uma versão nova de uma obra de 1981, realizada a partir de fatias de pães de fôrma secas e mergulhadas em parafina para a sua conservação; a fantástica e interativa “Breathing Room IV”, que funciona como uma mandala tridimensional, cheia de contrastes entre o conforto e o confronto, o meditativo e o interrogativo, a observação e a interação; dentre outras. Confiram! 


Um comentário:

  1. Exposições SENSACIONAIS!! Devem mesmo ser vistas!

    E o texto está exatamente de acordo com o que lá se encontra. Muito bom!!

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