domingo, 15 de abril de 2012

Eliseu Visconti - Técnicas diversas, capacidade genial e mãos perfeitas em seu trabalho



















Você já ouviu falar em Eliseu Visconti? Caso sim e caso seja um apreciador da arte, vai adorar a exposição de cerca de 230 trabalhos seus no Museu Nacional de Belas Artes (RJ). Caso não e caso seja um apreciador da arte, vai se surpreender em demasia com este artista que é muito menos reconhecido quanto de fato deveria ser, pois basta ver de perto algumas de suas obras pra se sentir a certeza da capacidade do artista: enorme, forte, bela e extremamente competente.
Sua capacidade é enorme porque é raro um artista que consiga se aventurar a utilizar diversas técnicas diferentes e que faça essa proeza muito bem, não só em obras diversas, como, muitas vezes, na mesma obra. É bela porque ele faz isso tão bem que nos passa beleza sincera em suas obras, estejam elas mais voltadas para o academicismo, que marca suas obras iniciais, pro neo-realismo, que marca sua fase final, ou passando pelo naturalismo e pelo impressionismo, dentre outras correntes artísticas. Ele pintou quadros de nus, de sua família, autorretratos, paisagens (inclusive de muitos locais do Rio de Janeiro), cerâmicas e até selos para o país, como, por exemplo, os selos comemorativos do 1° Centenário da Independência. E não se pode deixar de falar, é claro, que é de parte dele todas as pinturas da sala de espetáculos de um dos mais importantes pontos turísticos de nossa cidade, o nosso querido Theatro Municipal do Rio de Janeiro, feitas a convite do prefeito Pereira Passos. Um artista tão rico só o pode ser através de sua competência em fazer arte, dessa maneira intensa cujo exemplo Visconti nos dá.

Eliseu D'Angelo Visconti nasceu em Salerno (Itália) em 1866, vindo para o Brasil ainda menino. Estudou no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e na Academia Imperial de Belas Artes. Venceu em 1892 o concurso da República para estudar na Escola Nacional de Belas Artes na França. Nesse momento recebe influências de alguns dos movimentos artísticos que, na época, estavam ocorrendo pela Europa: simbolismo, impressionismo e arte nouveau.
Visconti é considerado o introdutor da art nouveau nas artes gráficas do Brasil e pioneiro do design nacional, uma vez que desenhou selos, ex-libris, cerâmicas, tecidos, vitrais, luminárias, papéis de parede, dentre outros. Faleceu em 15 de outubro de 1944 e deixou como legado uma demonstração de capacidade artística das mais admiráveis e das quais temos que nos orgulhar, pois se nasceu na Itália, foi aqui que se criou e se iniciou como artista, mostrando em diversas obras suas o carinho que tinha pelo Rio. Fazia parte dele e é recomendável que ele faça parte de nós, pois é um artista que merece muito reconhecimento. Vale ressaltar a curiosidade de que uma de suas obras, Gioventú, é considerada a Mona Lisa brasileira.
Parte integrante das principais coleções do país, com destaque para os acervos do Museu Nacional de Belas Artes e da Pinacoteca do Estado de São Paulo, sua carreira de cerca de 60 anos durou dos últimos anos do Segundo Reinado até a Segunda Guerra Mundial, fazendo uma ponte entre o Brasil Imperial e o Brasil moderno. Quem comperecer à exposição de suas obras, além de não se arrepender, vai concordar que é quase inacreditável saber que sua última retrospectiva havia sido em 1949, há mais de 60 anos. A maior parte de suas obras está em coleções particulares e muitas delas não são conhecidas nem ao menos do próprio neto, responsável pelo projeto da retrospectiva e pela busca por obras de Eliseu Visconti, assim como muitas não são conhecidas pelos especialistas. É importante lembrar, nesse contexto, que Tobias Stourdzé Visconti, neto do artista, continua buscando por obras perdidas do avô e pede que aqueles que estejam com alguma obra, que entrem em contato através do email contato@eliseuvisconti.com.br, requerendo solicitação para análise de autenticidade.

Talvez Visconti tenha sido um pouco esquecido pelo público devido à importância e repercussão do movimento modernista no nosso país, tendo como base a famosa Semana de 1922 e que foi responsável pela criação de um certo preconceito em relação à produção artística anterior ao modernismo. Mas é preciso deixar de lado as dicotomias simplistas que demarcaram essa divisão artística (vanguarda/academicismo; nacional/estrangeiro) e se abrir à obra de Visconti, que é tão rica e diversa. Confira!



O que? Exposição maravilhosa de cerca de 230 obras de Eliseu Visconti.
Onde? Museu Nacional de Belas Artes // Av. Rio Branco, 199 - Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Quando? de 04 de abril a 17 de junho de 2012.
Quanto? Entrada gratuita até o final de maio devido à comemoração dos 75 anos de criação do MNBA. Os preços costumeiros do MNBA são: Inteira R$8,00, meia R$4,00. Gratuita aos domingos.




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