Imagem da Internet.
Quem
aí nunca se deparou com alguém tentando usar o chamado “jeitinho
brasileiro” para tirar proveito de alguma coisa? Vai dizer que não
conhece ninguém com essas características? Aquele indivíduo que
sempre tenta levar vantagem. Pronto, se você entendeu aonde eu quero
chegar, agora fica mais fácil tentar explicar a minha opinião sobre
o tema.
Já
incorporada à cultura brasileira, a lei de Gérson, segundo a
Wikipédia, é um princípio pelo qual determinada pessoa age de
forma a obter vantagem em tudo que faz, no sentido negativo de se
aproveitar de todas as situações em benefício próprio, sem se
importar com questões éticas ou morais. E como vemos isso por aqui
em terras brasileiras, não é mesmo?
A
expressão surgiu, em 1976, a partir de uma propaganda dos cigarros
Vila Rica, protagonizada pelo tricampeão do mundo pela Seleção
Brasileira, Gérson, o Canhotinha de Ouro, na qual ele dizia a
seguinte frase em tom carioquês:
"O
importante é levar vantagem em tudo, certo?"
Só
que o craque se arrependeu, e tentou, por muito tempo, se
desvencilhar da imagem de espertalhão, malandro, golpista...
Sociólogos e até antropólogos tentaram explicar essa nossa
condição gersoniana, mas até agora nada de concreto. Não teve
jeito, a referida “lei” pegou!
Mas
afinal, nós brasileiros somos uma nação de egoístas e corruptos,
que só pensam em si e só querem saber de levar vantagem? E se isso
realmente for verdade? E daí? Alguém aí teria orgulho de fazer
parte de uma nação de trouxas e otários?
E
não sou eu que vou aqui defender um comportamento antiético ou
ilegal com base na lei de Gérson. Se ela existe, é por que é cópia
fiel da nossa realidade, dos nossos atos ou de alguns de nós, até
porque uma nação é formada pelos indivíduos que nela habitam.
Vejamos
o caso dos nossos ilustres “representantes”, todos mergulhados em
um espesso mar de lama, do qual, a qualquer momento, aquele que está
na beira do precipício, pode esticar a mão e, apesar de estar com
os dois pés dentro da sujeira, vai tentar ajudar o infeliz
mergulhador a sair de tão vergonhosa situação, assim como se não
for do seu interesse, pode empurrá-lo ainda mais pra dentro. Vai
depender da vantagem que o sujeito vai receber em troca. (olha aí a
lei de Gérson de novo!)
Furar
filas, tirar vantagem do cargo que ocupa, favorecer amigos e
familiares, criticar alguém só por que esse não lhe favorece, tudo
isso está previsto na “lei”. E a proposta para quem defende essa
tese é simples: tirar proveito das situações que o dia a dia lhe
apresenta. Aquela personagem que analisa o cenário e percebe a
oportunidade de garantir lucro, de preferência sem esforço.
E
não tente se “incluir” fora dessa! Parece que o povo brasileiro
vive uma tensão entre duas forças. Por fora, a força da imagem,
enquanto em público, todos têm de ser como padres, freiras, com
comportamento e moral impecáveis. Mas quem nunca teve vontade de
estacionar na vaga para deficientes físicos em um domingo de
shopping lotado? Ou talvez sentar em locais reservados para idosos ou
gestantes? Fatos como esses não pesariam a consciência de um
verdadeiro Gérson.
Mas
então por que toda essa hipocrisia? Nada disso precisaria ser assim!
A lei de Gérson deveria sim, nos honrar! Basta retirar essa máscara
para perceber que é a esperteza nacional que tem feito o Brasil se
destacar em meio à mediocridade que reina nesse planetinha
politicamente correto, em que tudo tem de ser igual, padronizado. Por
onde anda a improvisação característica do brasileiro?
Um
bom exemplo disso são os nossos “hermanos” argentinos que afogam
suas mágoas e choram suas tristezas frustradas em um ritmo
melancólico como o tango, enquanto aqui no Brasil, o povo, muitas
vezes vivendo em situações subumanas, dá risada até das
maracutaias dos nossos políticos e cai no samba.
Então
alguém me explica qual o problema de sermos espertos e felizes? Quem
disse que ser esperto é ruim ou antiético? Por que ter vergonha
disso em vez de usar a esperteza a nosso favor?
Abram
os olhos, pois num país onde os discursos têm muito mais peso do
que propriamente as decisões tomadas, a lei de Gérson faz sucesso.
Inclusive nas urnas!
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