segunda-feira, 7 de maio de 2012

Viradão Cultural: iniciativa mais que bem-vinda



Neste último fim de semana ocorreu no Rio de Janeiro o Viradão Cultural e em São Paulo a Virada Cultural - mesmo estilo de evento, com uma pequena diferença de nome e com muita diferença de conteúdo -, que em sua oitava edição em SP e em sua quarta edição no RJ, vem se consagrando como uns dos melhores eventos culturais gratuitos de ambas as cidades, se não os melhores.


Acho que já é clichê discorrer sobre a importância de eventos desse tipo, mas ainda assim corro esse rico para ressaltar, mais uma vez, o quão proveitosa é a oportunidade que um evento como esse dá a todos nós. No caso do Viradão Cultural Carioca especificamente, pudemos presenciar shows, stand-up comedy e até apresentação em telão das finais do campeonato carioca de futebol, com palcos em diversos locais da cidade. Este tipo de evento dá a oportunidade de se ver gratuitamente excelentes shows, aproximando a cultura de um público que inclui pessoas que, muitas vezes, não têm oportunidade de assistir a shows pagos.
Mas entre shows populares e outros menos, entre cantores renomados há décadas e entre outros mais novos, dando oportunidade a eles próprios de participarem de um evento bacana como esse e de se apresentarem na cidade, assim como dando oportunidade ao público de conhecê-los; entre diversos genêros musicais e entre o reconhecimento do valor que o evento tem, há sim críticas.
Uma crítica é quanto à divulgação do evento que varia entre vários jornais e sites geralmente confiáveis como Uol ou do próprio O Globo. Este link do portal Globo -
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/04/viradao-carioca-2012-ja-tem-mais-de-60-atracoes-confirmadas-confira.html -, por exemplo, não divulga o show do cantor Baia depois da homenagem ao Clube da Esquina (programação de sexta-feira no palco Arpoador). Mas o show ocorreu, para a minha surpresa e de quem mais não sabia sobre, e foi excelente. Isso porque o evento ocorre com patrocínio da própria Globo Rio em conjunto com a Riotur. Outra crítica é quanto à programação de certos palcos. Qual é o sentido de colocar Ana Carolina em meio a Naldo, Gusttavo Lima e Jammil e uma Noites? Respeitamos todos os genêros musicais e seus públicos, mas não podemos negar que há uma linha de sentido entre genêros como o funk carioca, sertanejo universário e axé por serem genêros mais festivos, de massa e com um público de predominância jovem. Sei que posso ser mal interpretada por esta passagem do texto, mas sei também que o que estou dizendo é de fácil compreensão. Não tenho dúvidas de que muitas pessoas que gostam de Ana Carolina não foram por ser um estilo de show e de música que não tem a ver com os demais shows da programação de domingo no palco da Quinta da Boa Vista.

                                      
Conferi de perto o palco do Arpoador e garanto que vale à pena comparecer. Mas entre excelência de oportunidade e atrizes bonitas apresentando os shows, há algumas questões sobre as quais percebo o público discorrendo. Por exemplo, qual é o sentido de colocar o palco de costas para a praia? Seria muito mais adequado se colocasse de frente pra praia, possibilitando um público maior, maior ventilação de ar e maior proveito da paisagem maravilhosa que se tem ali. Outra questão é sobre os técnicos de som: cada banda usa o seu ou há um técnico geral? pergunto isso pelo fato de que em alguns shows o som perto do palco fica tão absurdamente alto que chega realmente a machucar os ouvidos e isso é mais que inadequado ou não saudável, é absurdo que isso ocorra em shows de profissionais e em um evento desta proporção. Conferi de perto o Viradão também no ano passado e esse ano não só eu mesma pensei novamente nessas questões como ouvi, de novo, o público também comentando sobre.
                                    
O Viradão Cultural Carioca se inspira na Virada Cultural de São Paulo, a qual já se encontra em sua oitava edição. Ainda não tive a oportunidade de conferir presencialmente a Virada de São Paulo, mas estou torcendo não só pra ter a oportunidade, como também para que o Rio se aproxime mais do evento de lá: programação durante 24 horas ininterruptas, inclusive com atrações internacionais. A Virada Cultural de São Paulo ocorre, atualmente, sob organização da Secretaria Municipal de Cultura, sem patrocínio de empresa privada. Poder-se-ia alegar, quanto às 24h ininterruptas de São Paulo, que no Rio de Janeiro se oferece programação de sexta a domingo, enquanto em São Paulo o Viradão ocorre no sábado e no domingo "apenas". No entanto, isto com certeza não é o suficiente. Na edição desde ano foram mais de 2000 atrações em São Paulo contra cerca de 60 aqui no Rio de Janeiro. As atrações de São Paulo vão mais além do que shows e stand-up comedy, tem teatro, exposições, apresentações de dança, sessões de cinema, dentre outros, e esse ano contou com uma novidade: uma feira gastronômica. A Virada Cultural de São Paulo conta com o envolvimendo dos principais museus, teatros e centros culturais da cidade, em conjunto com a rede Sesc e com a Secretaria Estadual da Cultura. Além disso, os paulistas e os visitantes da cidade podem contar com o metrô funcionando durante 24h excepcionalmente para o evento. Ou seja, podemos facilmente concluir que por melhor que seja o nosso Viradão Carioca, o evento ainda tem muito o que crescer. Apesar disso, continuamos reconhecendo a importância do evento e torcendo para seu bom desenvolvimento, até porque não nos é um favor. O evento é, no mínimo, uma obrigação da prefeitura. No entanto, sabemos que diante de tantas dificuldades e carências, já é um bom começo.



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