Tim Maia –
Vale Tudo estreou em 2011 e, desde então, fez
um sucesso estrondoso. Após uma temporada nacional e outra em São Paulo,
retornou em novembro de 2012 ao Rio de Janeiro, seu lugar de estreia, no Theatro Net Rio. O musical baseado na biografia Vale tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia, escrita por Nelson Motta,
que assina o texto também da própria peça, fica em cartaz apenas até o final
deste mês.
O musical arrebata o público ao
narrar a vida turbulenta de Tim Maia, que teria feito 70 anos em 2012. Seu
sucesso levou ao estrelato o ator Tiago Abravanel, que antes já havia feito
diversos musicais, assim como Danilo de Moura, que passou a alternar com Tiago
o papel principal desde a temporada de São Paulo, atualmente sendo o único a
desempenha-lo.
O
espetáculo venceu os Prêmios Qualidade Brasil 2012 nas categorias Melhor Musical, Melhor Direção e Melhor Ator (Tiago
Abravanel), dentre outros. Com direção de João Fonseca, o musical situa as
músicas de Tim Maia em momentos de sua vida, mostrando o quanto elas eram
pessoais e como ambas – vida e música – eram intensas e passionais.
Com duração de cerca de 3 horas, com
um intervalo de 15 minutos, o musical é recheado de sacadas inteligentes (só
assistindo a peça para saboreá-las), porém peca em alguns momentos com cenas
exageradamente escrachadas. Na busca pelo riso fácil, diversas personalidades
são apresentadas de modo demasiadamente caricatural, quase debochado, como
Roberto Carlos, Nelson Motta e Elis Regina. O objetivo do riso é conquistado,
porém um pouco da qualidade é perdida devido ao espetáculo fazer questão de ser
mais uma prova de que, no Brasil, teatro não é levado a sério sem ser comédia.
No entanto, isso não é motivo para o
musical ser menos valorizado ou não visto. Não só é emocionante conhecer mais
sobre a grande figura que foi Tim Maia – e que sempre será – como é delicioso
ouvir músicas como “Azul da Cor do Mar”, “Primavera”, “Não Quero Dinheiro”, “Vou
pedir para você ficar”, “Um dia de domingo”, “Chocolate”, “Gostava tanto de
você” e “Sossego” situadas em momentos de sua vida: sua infância na Tijuca, quando
era entregador de marmitas; sua fase em Nova York; as primeiras bandas, como a
que teve como integrante Roberto Carlos; sua morte. Os amores, a carreira e a
solidão.
Afundar-se em bebidas e drogas não é
exatamente algo raro de se ver, porém sua intensidade de sentimentos sem
dúvidas o é. E é exatamente isso que faz dele tão especial, juntamente com o
seu suingue e sua mistura de soul, música popular brasileira e funk, novidade
na época e que demorou a conquistar o público. Mas, quando finalmente o
conquistou, foi de vez: não só até hoje, como para todo o futuro, pois Tim Maia
fez história em nosso país.
Os demais atores também merecem
atenção: Isabella Bicalho, Lilian Valeska, Pedro
Lima, Andreh Vieri, Bernardo La Roque, Reiner Tenente, Evelyn Castro, Pablo
Ascoli, Aline Wirley e Leticia Pedroza. Cada um deles interpreta
diversos personagens, como os pais e irmãos de Tim Maia, companheiros musicais
e personalidades importantes.
Comentários pessoais
Eu, particularmente, não gosto das
cenas escrachadas: aquelas que tentam fazer rir através de exageros corporais e
grande acentuação de características do personagem. Porém não posso negar que
eu era uma das poucas pessoas na plateia a não rir em tais cenas.
Demorei a assistir ao espetáculo, mas
finalmente o pude fazer. Recomendo a todos que aproveitem este último mês de
apresentação. Não encontrei informação sobre se o espetáculo não ocorrerá mais
ou se irá para outro lugar.
Infelizmente não tive a oportunidade
de assistir o espetáculo com o Tiago Abravanel no papel de Tim Maia, então não
posso fazer uma comparação. Danilo de Moura desempenha muito bem seu papel e
canta muito bem também. Porém, não sei se por algum motivo específico do dia,
em alguns momentos se mostra não muito profissional: ri demais. Se calhou de
acontecer apenas no dia em que assisti ou não, eu não sei, porém o fato é que
aconteceu de Danilo não conseguir segurar o riso em diversos momentos, enrolando-se
em várias falas e “parando” a peça por segundos para que conseguisse se
recompor. É muito bacana ver que o artista também está se divertindo, porém isso
que é bacana ocorrendo uma vez ao longo do espetáculo, é “estranho” ocorrendo muitas vezes.
Uma crítica feroz ao
Theatro Net Rio
Localizado na Rua Siqueira Campos,
no bairro de Copacabana, o antigo Teatro Tereza Rachel foi arrendado no início
de 2011, pelos produtores Frederico Reder e Juliana Reder, após dez anos
parado. Desde então até o início de 2012 foi reformado, tendo patrocínio da
empresa NET, tornando-se este o seu novo nome: Theatro Net Rio, dividindo-se na
sala Tereza Rachel, com capacidade para quase 700 pessoas e na sala Paulo
Pontes, com mais de 100 lugares.
A reforma que foi realizada, porém,
mostra-se um pouco insatisfatória. Independentemente de como o teatro era
antes, são perceptíveis algumas falhas de infraestrutura. Primeiramente, há
lugares no setor Balcão dos quais se
vê apenas parcialmente. Isso é normal e ocorre em diversos teatros, porém o que
deve ficar claro é que não há, em nenhum lugar, informação sobre isso. Quem não
conhece o teatro corre o risco de comprar ingresso para um destes assentos sem
saber e pagando o mesmo preço dos demais. É absurdo que não haja informação
sobre isso nem no site do Theatro Net Rio, nem no site do Ingresso Rápido (o qual vende entradas para o musical), nem na
própria bilheteria. Não só deveria haver informação explícita sobre isso, como
esses assentos deveriam integrar um setor específico (setor Visão Parcial) e serem mais baratos que
os demais, como muitas vezes o Citibank Hall RJ faz, por exemplo.
Além disso, parece que o segundo
andar, onde se situa o setor Balcão,
não era para existir, pois tanto no intervalo, quando todos aproveitam para ir
ao toilette, quanto na hora da saída,
percebe-se que não há espaço para todos: quantidade insuficiente de sanitários, o que resulta em filas enormes e “engarrafamento”
na hora da saída. São recomendáveis algumas reformulações no espaço.
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