segunda-feira, 3 de junho de 2013

Tim Maia, o musical: um elogio geral ao espetáculo e uma crítica ao Theatro Net Rio

          
            Tim Maia – Vale Tudo estreou em 2011 e, desde então, fez um sucesso estrondoso. Após uma temporada nacional e outra em São Paulo, retornou em novembro de 2012 ao Rio de Janeiro, seu lugar de estreia, no Theatro Net Rio. O musical baseado na biografia Vale tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia, escrita por Nelson Motta, que assina o texto também da própria peça, fica em cartaz apenas até o final deste mês.
            O musical arrebata o público ao narrar a vida turbulenta de Tim Maia, que teria feito 70 anos em 2012. Seu sucesso levou ao estrelato o ator Tiago Abravanel, que antes já havia feito diversos musicais, assim como Danilo de Moura, que passou a alternar com Tiago o papel principal desde a temporada de São Paulo, atualmente sendo o único a desempenha-lo.
            O espetáculo venceu os Prêmios Qualidade Brasil 2012 nas categorias Melhor Musical, Melhor Direção e Melhor Ator (Tiago Abravanel), dentre outros. Com direção de João Fonseca, o musical situa as músicas de Tim Maia em momentos de sua vida, mostrando o quanto elas eram pessoais e como ambas – vida e música – eram intensas e passionais.
            Com duração de cerca de 3 horas, com um intervalo de 15 minutos, o musical é recheado de sacadas inteligentes (só assistindo a peça para saboreá-las), porém peca em alguns momentos com cenas exageradamente escrachadas. Na busca pelo riso fácil, diversas personalidades são apresentadas de modo demasiadamente caricatural, quase debochado, como Roberto Carlos, Nelson Motta e Elis Regina. O objetivo do riso é conquistado, porém um pouco da qualidade é perdida devido ao espetáculo fazer questão de ser mais uma prova de que, no Brasil, teatro não é levado a sério sem ser comédia.
            No entanto, isso não é motivo para o musical ser menos valorizado ou não visto. Não só é emocionante conhecer mais sobre a grande figura que foi Tim Maia – e que sempre será – como é delicioso ouvir músicas como “Azul da Cor do Mar”, “Primavera”, “Não Quero Dinheiro”, “Vou pedir para você ficar”, “Um dia de domingo”, “Chocolate”, “Gostava tanto de você” e “Sossego” situadas em momentos de sua vida: sua infância na Tijuca, quando era entregador de marmitas; sua fase em Nova York; as primeiras bandas, como a que teve como integrante Roberto Carlos; sua morte. Os amores, a carreira e a solidão.
            Afundar-se em bebidas e drogas não é exatamente algo raro de se ver, porém sua intensidade de sentimentos sem dúvidas o é. E é exatamente isso que faz dele tão especial, juntamente com o seu suingue e sua mistura de soul, música popular brasileira e funk, novidade na época e que demorou a conquistar o público. Mas, quando finalmente o conquistou, foi de vez: não só até hoje, como para todo o futuro, pois Tim Maia fez história em nosso país.
            Os demais atores também merecem atenção: Isabella Bicalho, Lilian Valeska, Pedro Lima, Andreh Vieri, Bernardo La Roque, Reiner Tenente, Evelyn Castro, Pablo Ascoli, Aline Wirley e Leticia Pedroza. Cada um deles interpreta diversos personagens, como os pais e irmãos de Tim Maia, companheiros musicais e personalidades importantes.


           
Comentários pessoais
            Eu, particularmente, não gosto das cenas escrachadas: aquelas que tentam fazer rir através de exageros corporais e grande acentuação de características do personagem. Porém não posso negar que eu era uma das poucas pessoas na plateia a não rir em tais cenas.
            Demorei a assistir ao espetáculo, mas finalmente o pude fazer. Recomendo a todos que aproveitem este último mês de apresentação. Não encontrei informação sobre se o espetáculo não ocorrerá mais ou se irá para outro lugar.
            Infelizmente não tive a oportunidade de assistir o espetáculo com o Tiago Abravanel no papel de Tim Maia, então não posso fazer uma comparação. Danilo de Moura desempenha muito bem seu papel e canta muito bem também. Porém, não sei se por algum motivo específico do dia, em alguns momentos se mostra não muito profissional: ri demais. Se calhou de acontecer apenas no dia em que assisti ou não, eu não sei, porém o fato é que aconteceu de Danilo não conseguir segurar o riso em diversos momentos, enrolando-se em várias falas e “parando” a peça por segundos para que conseguisse se recompor. É muito bacana ver que o artista também está se divertindo, porém isso que é bacana ocorrendo uma vez ao longo do espetáculo, é “estranho” ocorrendo muitas vezes.

Uma crítica feroz ao Theatro Net Rio
            Localizado na Rua Siqueira Campos, no bairro de Copacabana, o antigo Teatro Tereza Rachel foi arrendado no início de 2011, pelos produtores Frederico Reder e Juliana Reder, após dez anos parado. Desde então até o início de 2012 foi reformado, tendo patrocínio da empresa NET, tornando-se este o seu novo nome: Theatro Net Rio, dividindo-se na sala Tereza Rachel, com capacidade para quase 700 pessoas e na sala Paulo Pontes, com mais de 100 lugares.
            A reforma que foi realizada, porém, mostra-se um pouco insatisfatória. Independentemente de como o teatro era antes, são perceptíveis algumas falhas de infraestrutura. Primeiramente, há lugares no setor Balcão dos quais se vê apenas parcialmente. Isso é normal e ocorre em diversos teatros, porém o que deve ficar claro é que não há, em nenhum lugar, informação sobre isso. Quem não conhece o teatro corre o risco de comprar ingresso para um destes assentos sem saber e pagando o mesmo preço dos demais. É absurdo que não haja informação sobre isso nem no site do Theatro Net Rio, nem no site do Ingresso Rápido (o qual vende entradas para o musical), nem na própria bilheteria. Não só deveria haver informação explícita sobre isso, como esses assentos deveriam integrar um setor específico (setor Visão Parcial) e serem mais baratos que os demais, como muitas vezes o Citibank Hall RJ faz, por exemplo.
            Além disso, parece que o segundo andar, onde se situa o setor Balcão, não era para existir, pois tanto no intervalo, quando todos aproveitam para ir ao toilette, quanto na hora da saída, percebe-se que não há espaço para todos: quantidade insuficiente de sanitários, o que resulta em filas enormes e “engarrafamento” na hora da saída. São recomendáveis algumas reformulações no espaço.

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