O negro, o mestiço e o mulato – Os primeiros passos da identidade brasileira.
A Semana de Arte Moderna de 1922 reuniu escritores, pintores, músicos e intelectuais em defesa da cultura brasileira
No final do século XIX, intelectuais brasileiros debatiam sobre a
identidade nacional e o atraso brasileiro com relação à Europa. A pergunta era:
O que fazia o Brasil ser pior do que a Europa? A resposta mais sensata pareceu
ser a mestiçagem, que foi usada como bode expiatório. Os intelectuais da virada
do século XIX para o século XX olhavam com desprezo para as manifestações
culturais. Essa desvalorização daquilo que era brasileiro perdurou por muito
tempo, até surgirem os modernistas que defendiam o mulato e o mestiço como a
raça genuinamente brasileira.
A valorização do que é nacional foi a principal pauta da Semana de Arte
Moderna de 1922, ocorrida em São Paulo. Mario de Andrade, Oswald de Andrade,
Plínio Salgado, Heitor Villa-Lobos, Menotti Del Pichia, entre outros
modernistas, participaram do movimento que visava romper com a vanguarda
europeia, valorizando a cultura brasileira.
Gilberto Freyre
Mas a reviravolta começou mesmo com Gilberto Freyre, que valorizava o
caráter positivo do negro e do mestiço, definindo o povo brasileiro como uma
combinação harmoniosa e conflituosa de traços africanos, indígenas e
portugueses. Freyre mostrou que a cultura mestiça não era a causa do atraso do
país, mas sim algo que deveria ser cuidadosamente preservado, pois era a
identidade e a especificidade do país diante das outras nações.
Os modernistas que valorizavam a cultura nacional, eram os mesmos
presentes nas reuniões, como as citadas no capítulo anterior, que ocorriam
desde o século XVIII. Eram membros da elite, políticos, intelectuais e músicos.
Eles discutiam temas culturais e, faziam inclusive, saraus musicais. Uma dessas
reuniões está relatada no livro O
Mistério do Samba, de Hermano Vianna, no qual ele descreve o encontro de
Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Prudente de Moraes Neto, Heitor
Villa-Lobos e outros intelectuais da época com Pixinguinha, Donga e Patrício
Teixeira, no ano de 1926. Gilberto Freyre publicou em seu diário, que mais tarde
seria parte do livro Tempo morto e outros
tempos, um trecho no qual se refere a este encontro.
Sérgio e
Prudente conhecem de fato literatura inglesa e moderna, além da francesa.
Ótimos. Com estes saí de noite boemiamente. Também com Villa-Lobos e Gallet.
Fomos juntos a uma noitada de violão, com alguma cachaça com os brasileiríssimos
Pixinguinha, Patrício, Donga (Vianna,
1995: 19).
Encontros como estes não eram novidades, mas foram destas reuniões que
partiram os primeiros passos para a valorização das coisas brasileiras, a
começar pela nossa raça e nossa música, ou seja, aquilo que nasceu nas terras
tupiniquins: o mestiço e o samba. Outros personagens importantes como Afonso
Arinos, Lima Barreto e Graça Aranha participaram do movimento de valorização daquilo
que era brasileiro, inclusive nomes internacionais tiveram importante
participação, caso do poeta francês Blaise Cendrars e do compositor suíço
Darius Milhaud.
Rodrigo gostei bastante deste artigo. parece-me historiograficamente correto kkkk. qdo olhei o link no perfil do Carlos fiquei meio desconfiada, mas vc se saiu muito bem ^_^ falou dos debates raciais do XIX e XX muito bem.
ResponderExcluirTodos estes capítulos que estou postanto fazem parte da minha monografia da faculdade de jornalismo. Eu estudei o tema para falar dele, e sem Google! :)
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