sexta-feira, 30 de março de 2012

Qual é a moral da história?

 
Mais divertido do que "A Praça é Nossa", mais engraçado do que "Zorra Total", mais comovente do que "Criança Esperança", mais dinâmico do que "Domingão do Faustão", mais legal do que "Programa do Gugu", mais carismático do que a "Xuxa", mais polêmico do que "BBB", ele é o... Dogcão!

segunda-feira, 26 de março de 2012

Coerência e moral, onde se escondem?


Ouço sempre pessoas dizerem que, nesse mundo de desordem, em que Michel Teló é ovacionado e em que jogador de futebol em partida importante realiza a jogada como se estivesse brincando de futebol de botão com o irmão, nada mais surpreende (e esses não são grandes exemplos). Eu, confesso, estou a todo momento me surpreendendo. Infelizmente, na maioria das vezes, de um modo negativo.
O caso da jovem Geisy Arruda, expulsa em outubro passado da universidade (UNIBAN) por usar um microvestido, faz-me questionar a coerência das nossas atitudes e decisões, de modo geral, além do questionamento sobre os conceitos de justiça e de moral. Será que é por eu ser carioca que acho isso absurdo? vivo em uma cidade em que 'shorts-calcinha' são tão comuns quanto pombos na rua. Não, não pode ser por eu morar no Rio de Janeiro. Afinal, isto é algo mais que presente nos filmes, programas de televisão e, hoje em dia, em qualquer lugar que se vá, não só do país. Não consigo compreender uma expulsão por um motivo como esse. Se fosse uma universidade arraigada em uma religião como o catolicismo, compreenderíamos que exigisse por parte da aluna moderação em seu modo de se vestir, mas, ainda assim, não a expulsão. Qual era mesmo o nome da personagem de Dira Paes em 'Caminho das Índias'? Norma. Norminha dificilmente saía de casa sem o soutien à mostra e isso em uma novela de alcance não só nacional e no canal convencional mais assistido do país.
Semana passada uma jovem de 17 anos, no Espírito Santo, foi espancada na porta da escola por duas colegas e, como se não fosse absurdamente suficiente, pela mãe de uma delas também. Tudo isso por causa de um rapaz, namorado de uma delas. Desde quando um rapaz, seja quem for, vale isso? Com uma mãe dessas, como julgar sua filha? A decisão da escola foi apenas mudá-las de turma, deixando-as em salas diferentes. Isso é o suficiente? É justo apenas alterar as jovens de sala, enquanto o que fizeram é, no fundo, uma atitude criminosa? Jovens de 16 e 17 anos não são mais crianças. Elas sabem muito bem o que é certo e errado, o que é bom de se fazer e o que não é. Se elas não sofrem de nenhuma doença mental, então o processo de "reeducação", seja com terapia ou o que for, na minha opinião, deve ir bem além de apenas mandá-las para outra turma. Se nesse caso houvesse expulsão aí eu sim eu compreenderia, apesar de, evidentemente, a escola como instituição de ensino que deve ser tem o papel de (re)educar, de (re)encaminhar, não de expulsar. Portanto, não seria também a decisão mais adequada, de acordo com o que a escola propõe ser. Por outro lado, esse papel de educar, que vai muito além de ensinar disciplinas como matemática, português e história e chega ao ponto de ensinar valores, deve mesmo ser da escola? Desordem. A única resposta que consigo dar a mim mesma, nesse momento, é que tudo está fora da ordem. Caos moral. Caos humano.
Há todo instante há casos parecidos. Em Goiás, a mãe de um aluno acusa uma monitora de agredir seu filho de cinco anos. Em Gravataí, uma mulher simplesmente levou duas pessoas para bater numa aluna de 14 anos que teria discutido com sua filha. Fatos como esses me fazem questionar tantas coisas, me enchem de dúvidas de uma maneira quase enlouquecedora. Será mesmo que são sinais de uma nova desordem? Ou será que o mundo e o homem sempre estiveram em desequilíbrio ético, moral e sob tantos outros aspectos também?! Será mesmo que isso é novidade ou estamos dando uma atenção diferente a isso agora? O bullying sempre existiu, mas agora foi dado a ele este novo nome chamativo de atenção e é visto como crime. Até que ponto é mesmo? Será que fatos como os citados sempre ocorreram, mas agora sabemos mais e melhor pelos avanços tecnológicos que nos permitem tomar conhecimento sobre tantas coisas sem os quais não seria possível? Mas isso importa de fato? Se sempre aconteceu, mas antes sabíamos menos, então menos podíamos fazer sobre. Seja agora uma ampliação do número de fatos que chegam até nós ou seja mesmo uma nova desordem, temos a capacitação de fazer algo sobre. Fazer mais.
Coerência? Ela ainda existe em nosso cotidiano? Uma igreja evangélica adaptou o hit "Ai, se eu te pego", cantado por Michel Teló. Dá para acreditar nisso? “Deus, eu te quero” é a versão gospel de uma música (música? confesso ter minhas dúvidas) cuja letra me parece passar ideias contrárias à religião evangélica, não? Estou enganada? Só eu fico confusa com tudo isso? Está mais que na hora de pararmos de apenas assistir aos telejornais e discutirmos assuntos como esses. Agirmos juntos em prol da sociedade e do que considerarmos melhor. Esse conjunto de dúvidas pessoais é um convite a todos para que debatemos e pensemos mais a respeito dos fatos, em vez de sermos apenas gado ou um público preguiçoso dos telejornais polêmicos e comerciais.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Você precisa ouvir:

Roberto Ribeiro em "Corrente de Aço"
Por Carlos Pinho

Um dos maiores intérpretes da música brasileira, o saudoso imperiano Roberto Ribeiro (1940-1996) reuniu nesse álbum, gravado pela EMI-Odeon em 1985, pérolas de um grupo seleto de bambas, tais como Monarco, Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz, Paulo César Pinheiro e Nei Lopes. Violão, cavaco, pandeiro, tamborim e a eterna voz do sambista convidam-nos a um legítimo mergulho no samba para pintarmos nossas almas atarefadas com os seus matizes mais singelos. 

A faixa que dá nome ao disco, "Corrente de Aço", é do inigualável João Nogueira. O repertório também conta com a participação de Chico Buarque em sua obra "Quem te viu, quem te vê". Esta versão possui um diferencial para além da bela interpretação de Roberto e do dueto com o poeta dos olhos de ardósia. Na sua parte final, conduzida pela batucada, "Quem te viu, quem te vê" se entrelaça perfeitamente ao refrão de "A Banda", outro primor em versos e em melodia com a assinatura de Chico.

"Corrente de Aço" possui 12 faixas (disponíveis clicando aqui). Dentre elas, destaco a primeira, "Malandros Maneiros", de Nei Lopes e Zé Luiz do Império. 


Trata-se de uma homenagem aos apontadores do jogo do bicho, os "malandros maneiros" que, como descreve a letra, "portando uma caneta, um bloco e uma folha preta, escreveram a sorte ou o azar de alguém". Seus versos formam também uma interessante crônica musical sobre o início da proibição dos jogos de azar durante o governo do marechal Eurico Gaspar Dutra (1946-1951). 

Conta-se que a medida teria sido um pedido de sua esposa, Carmela Leite Dutra, popularmente conhecida como "Dona Santinha" por causa de seu catolicismo fervoroso. Com isso, em 30 de abril de 1946 - três meses após a sua posse -, Dutra proíbe a jogatina em todo o território nacional, como relata o samba: 

No governo de marechal Dutra
Não teve nem truta, nem meu pé me dói
E na guerra que houve aos cassinos

Parou Constantino e fechou Niterói

No entanto, a atividade manteve-se em pleno funcionamento durante décadas - na clandestinidade, bem verdade -, graças às vistas grossas de governantes, de políticos e de policiais, que, ao longo da história, "oficializaram" a ilegalidade à custa de muita grana. 

No tempo da quinta coluna
De lá da Pavuna, Jacarepaguá.
Eu me lembro que eu era menino

E no seu Natalino já ouvi falar   

Citado no trecho acima, Natalino José do Nascimento, o Natal, foi o primeiro bicheiro a patrocinar uma escola de samba, no caso, a Portela, e participou da época de ouro da agremiação, que perdurou de 1941 até a década de 1960. 

quinta-feira, 8 de março de 2012

Ensinamentos da vida, ensinamentos aprendidos

– Mais um, por favor. Assim pediu Di ao cara do caixa.
Já se somavam seis cigarros em apenas duas horas.
O médico já tinha constatado sua pressão alta, que geralmente é baixa.
Ele lhe recomendou que parasse e como retribuição recebeu uns foras.

Diana era assim: a teimosia tristemente humanizada.
O vício estava se acentuando devido à rejeição do namorado.
Cigarros e álcool; ela ficava facilmente embriagada.
E assim se sentia melhor, esquecendo temporariamente o amado.

Mas apesar da infantilidade perceptível, havia amor dentro de seu peito.
Um amor enorme por aquele ser que crescia dentro dela.
Mas não havia estímulo e força de vontade para mudar seu jeito.
O pai de seu filho tinha sumido no mundo, sem nem falar com ela.

Diana, com seus miúdos olhos castanhos, representantes da armagura
Já nem se arrumava mais para sair, nem passava seu batom.
Sofria de depressão e não encontrava forças nem para desejar a cura.
Até de pintar parou, deixou de lado seu tão querido dom.

Passaram-se dias, semanas e até uns meses e ela não largou o cigarro.
Consciente dos riscos, mas descrente de que mais isso poderia lhe acontecer.
Trabalhava sem ânimo; comia pouco e nem estranhava mais o pigarro.
Até que no quinto mês, um dia, acordou com dores, logo quando do amanhecer.

E nesse confuso amanhecer, Di acordou toda ensanguentada.
Fraca, pálida, confusa. Uma menina carente no corpo de mulher.
Sua triste sorte foi a de ter sido socorrida pela empregada.
Mas o bacana da história de Di é que foi assim que ela recuperou a fé.

Diana teve um aborto espontâneo, causado pelo seu vício.
Três maços de cigarro por dia assassinando seus pulmões.
Um trauma difícil de superar, mas totalmente possível.
Três meses foram necessários para ela assassinar suas ilusões.

Di entendeu que fugir da dor não a resolve, apenas a piora.
Desde aquele doloroso dia não coloca um cigarro entre os lábios.
Se arruma, passa seu batom, embeleza-se sem perder a hora.
Reconhece seus erros e agora dá a si mesma conselhos sábios.

Diana está com um novo namorado, mas sem medo do futuro.
Aqueles erros passados não correm o risco de serem repetidos.
Ela pinta quadros de crianças; no trabalho está dando duro.
Sonha com o filho que ainda terá; orgulha-se dos ensinamentos adquiridos.


quarta-feira, 7 de março de 2012

Uma lição sexual, uma lição de vida

Jorge veio feliz lá da Bahia tentar a vida no Rio de janeiro.
Achou bacana umas fotos que viu em uns orelhões.
Anotou uns números de telefone; pensou ser um tiro certeiro
E ficou a imaginar um belo corpo violão com deliciosos mamões.

Trabalhou duro durante meses em uma padaria,
Até que juntou uma graninha; pôs crédito no celular
E decidiu ligar pra uns "piteis", achando ser só alegria.
Ele nem imaginava que esse é um grande perigo que há.

A ilusão do sexo fácil, o fetiche de ter fantasias realizadas.
Talvez isso nem tenha a ver com moral, apenas com bom senso.
Tesão e corpo quentes, companheiros de atitudes mal pensadas.
Mente de razão ausente, dominada pelo desejo intenso.

Pagou a uma, a outra, a mais uma, ao mesmo tempo duas.
Gastou seu pouco dinheiro em horas diárias de sexo.
Pequenas doses de um veneno que correria em veias suas.
Um veneno chamado vírus HIV, que faria sua vida quase perder o nexo.

O preconceito aos homossexuais lhe fez achar que não corria esse perigo,
Tanto que Jorge nem sabe qual delas transmitiu e como isso foi lhe acontecer.
E a exemplo deste personagem, aí vai um conselho de amigo:
Não trepe sem camisinha pra não se estrepar na vida. Cuidado, pode acontecer com você.


sexta-feira, 2 de março de 2012

Srta. Timidez, dê-me licença


Querida menina-mulher que há dentro de mim,
Esta noite faça o que sempre pensa em fazer, mas que o pudor sempre lhe impede. Dance até o suor escorrer pelo seu corpo. E quando o suor lhe deixar tão molhada quanto a vez em que você sentiu mais tesão, respire e sinta o prazer causado pela endorfina liberada no seu sangue. Dance por você mesma, não pelos que estão ao seu redor. Esqueça-se do mundo que, no fundo, nem se importa com você.
Durante esta noite esqueça-se da timidez que lhe deixa presa dentro de si mesma. Se for preciso beba uns brinques, apenas o suficiente pro seu lado envergonhado ficar de lado. Suas bochechas avermelhadas, esta noite, devem dar lugar aos lábios sedutores delineados pelo batom que lhe deixa tão sedutora. Não para seduzir os homens ao seu redor, apenas para lhe lembrar o quão bela e o quão mulher você é com seu vestido marcando as curvas de seu corpo tão feminino e seu perfume enebriando o ar, maravilhoso como o cheiro de uma dama-da-noite, no entanto, suave como a delicada flor branca é, apesar do mal uso do termo.
Mas ao contrário do sentido pejorativo dado ao termo citado, exponha a dama que de fato você é. Ao sentar de pernas cruzadas, educadamente peça ao garçom mais um drinque e lhe sorria não só com seus doces lábios, mas também com os olhos. Elegantemente provocativa. Não é preciso ser femme fatale, apenas seja como você é por trás da máscara da timidez.
E quando chegar em casa com o céu já clareando devido ao sol nascendo, durma profundamente, tenha aquele sono da beleza que toda mulher merece. Durma com um sorriso singelo no rosto, pois esta noite não terá sido como as outras em que você volta pra casa ainda com vontade de dançar, presa na camisa de força da timidez. Essa noite lhe causará a liberdade de poder ser o que você quiser ser.
Seja.