terça-feira, 30 de agosto de 2011

Uma pitada de samba e um bocado de histórias

Episódio de hoje: 
Uma tal Amélia. . .


Por Rodrigo Shampoo

Quando Mário Lago e Ataulfo Alves se reuniram para ensinar a sambista Aracy de Almeida a tocar violão, no bairro do Encantado, na Zona Norte do Rio de Janeiro, quem poderia imaginar que, de lá, sairia um dos maiores sucesso da MPB?

Aracy de Almeida

Na casa da Aracy, havia uma empregada chamada Amélia dos Santos e o irmão da sambista, um gaiato, ficou falando no ouvido de Ataulfo Alves e Mário Lago: “Olha lá, é a Amélia, ela passa, lava, dá banho nos cachorros, faz a comida, faz tudo, é a Amélia”.

Mário Lago

Sem perder tempo, Mário Lago voltou para casa e escreveu “Ai, que saudades da Amélia” e mostrou a letra a Ataulfo Alves, que fez algumas mudanças e musicou a obra.


Ataulfo Alves

No início, Mario Lago reclamou das alterações, mas a música estourou nas paradas de sucesso e, até hoje, é cantada e adorada.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A Estética Punk exposta no CCBB-RJ


A exposição apresentada pelo Ministério da Cultura e Banco do Brasil no CCBB-RJ (Rua Primeiro de Março, 66 - Centro, Rio de Janeiro) desde o dia 12 de julho segue até 02 de outubro deste ano tendo como objetivo mostrar um pouco do movimento punk além da música. Focando-se na estética, há na exposição sutis representações também da música e, inevitavelmente, do comportamento dos adeptos.
Pecando um pouco pela falta de mais obras e objetos expostos, ainda assim é válida e merece ser vista. Com duas pequenas partes devidamente não recomendadas para menores de 14 anos, é interessante ver a coleção de obras de alguns fotógrafos que influenciaram e/ou contribuíram para com a estética punk e o movimento em si. Movimento de certo modo libertário, social e também artístico.
São apresentadas também capas de vinis e, como de costume nas exposições relacionadas à música no CCBB, exemplos de músicas punk tocam em cada sala. Todo o conjunto demonstra um pouco da história do movimento punk, mostrando o seu caráter individualista, que se utilizou da crítica, do deboche e do que, pelo menos até então, era considerado mau comportamento. Os adeptos criaram uma maneira de reconhecimento visual, com seus penteados inusitados e muitos piercings pelo corpo.
Os punks ingleses foram os que mais se destacaram, “cuspindo na cara” da aristocracia da Grã-Bretanha. O que consistiu no que veio a se chamar “No Future” (sem futuro) ao qual a banda Sex Pistols se referia na letra de God Save the Queen e que foi tirada da ideia de que estava por vir um futuro apocalíptico, uma vez que a premissa do movimento punk foi a situação político-social-econômica no mundo, cercada pelas duas grandes guerras que marcaram o século XX, os blocos econômicos, conflitos ideológicos e desenvolvimento tecnológico demasiadamente acelerado. A banda citada anteriormente foi uma das principais do gênero no Reino Unido, representando como para o punk o mais importante foi/é a atitude e não o som, uma vez que os integrantes nem sabiam tocar direito os instrumentos.
I am a Clichê - Ecos da Estética punk, título dado à exposição, cuja origem é de uma música da banda X-Ray Spex, permanece realmente como eco mas é possível aprender com ela curiosidades como a origem da palavra clichê. Como define a própria mostra: “Clichê é o termo que, inicialmente, era usado para designar a matriz de impressão de uma gravura ou texto. Por ser a peça responsável por uma produção em repetição, acabou ampliando seu significado e também sendo usada para tratar de algo previsível, já visto anteriormente.”
Independentes. Essa é uma boa definição geral do movimento punk: independentes da moda, do que a sociedade pregava como bom e adequado e de tudo o mais. Niilismo, é fácil perceber. Apesar de menos rica do que poderia ser, vale a pena conferir um pouco disso tudo na exposição!


sábado, 27 de agosto de 2011

A mulher de uma noite só pode ser a mulher de uma vida inteira(!)


Deixamos de viver momentos deliciosos por erros cometidos por precipitação.
Também é possível deixar de ler por mera preguiça um texto cheio de uma poesia que pode regar sua vida.

E o que antes era aquela expectativa gostosa de se sentir, agora soa apenas como arrependimento. Uma voz fria diz, repete, e mais outra vez, o quanto não vale a pena nem tentar acreditar no que já foi, tantas vezes, comprovado ser inexistente.
Os homens dizem para ela: já namorei, vi como é e, sinceramente, não vale a pena. Sofri aquela vez e nem quero isso de novo. É fácil deixar de viver o que se pode por algo que aconteceu no passado. É fácil julgar um relacionamento ou uma pessoa através de atitudes de outra (sim, há aqui uma falácia, pois enquanto aqui isso é afirmado, é também o que será feito no decorrer do texto). É fácil julgar o começo pelo fim. Será mesmo que o namoro foi ruim? Ou só o seu término? Será que o fato de ter acabado realmente faz significar que todo o resto não foi bom? Se é assim, por que e como durou o quanto durou? Por que não acabou antes, logo no primeiro mês talvez?
Ela cansou de pensar nisso. Agora ela dança. Ela dança, seduz aos que estão ao seu redor com suas curvas sensuais e seu olhinhos fechados de quem apenas sente a música e por ela se deixa levar. Olhos fechados. Olhos fechados pra não ver os que a vêem. Eles a observam mas ela finge que eles são indiferentes. Finge. Finge porque no fundo o que ela mais quer é chamar a atenção verdadeiramente de alguém. Não pelo seu corpo porque isso é fácil. Por ela toda, por completo. Ela quer alguém por completo. Não pela metade. E quando alguém chega dançando junto dela, até o chão ela vai encostando sua boca na camisa do desconhecido, descendo com seus lábios dos quais quase escorre sua saliva sabor mel. Desce quase encostando sua boca no pescoço dele, no abdômen e quase “lá” ela chega, fazendo-o delirar.
E quando ele, por sua vez, não resistiu e a beijou, segurando seus braços, daquele jeito que a deixava quase subindo pelas paredes, ela mesma não resistiu. Abstinência sexual é possível por um tempo, mas a menos que a pessoa seja frígida, é impossível fingir eternamente que não se é mulher. Um drink, dois drinks, três drinks... Um beijo, dois beijos, nuca, pescoço, costas, barriga, roupa? Não tem mais.
E foi assim, quase sendo carregada por aquelas mãos ásperas, de homem(!) e por aqueles braços fortes, que ela se deixou ir para qualquer cama que a permitisse ser o que ela tenta não ser: mulher que não só ama mas sim, também deseja. Seria mais simples se fosse sempre assim, porém menos bonito e simplesmente não seria ela mesma.
De tanto se decepcionar, ela poderia se tornar isso. Uma mulher de uma noite só. Mais que isso, ela mesma dispensaria. Envolver-se para que? Deixar-se ser envolvida e, assim, uma parte sua ir embora com o alguém e não mais ser devolvida. Para que? Por alguns momentos ela deseja se tornar apenas uma máquina. Máquina de sexo.
Foi o que ela pensou naquele instante, no qual se encontrava vazia por dentro e cheia de gozo masculino naquela parte x de seu corpo tão procurada por eles. Parece que só isso lhes interessa. Não, não dá para ela. Não dá pra ela ser assim. Não é ela.
As pessoas pensam que ela crê nos tabus que envolvem sexo e amor. Sexo casual? Coisa do diabo! Não, ela não pensa assim. Ela só tem dificuldade de não gostar e não se entregar. Por que e para que se entregar só ao sexo e não também ao gostar? Mesmo que no fim não se torne amor, porque é ilusão achar que todo gostar é amor, ainda assim. Por que se entregar só ao instinto se justamente o que difere o ser humano dos outros animais é a capacidade e intensidade do racional e do emocional? Por que, antes mesmo de beijar àquela pessoa pela primeira vez, já ter idéias formuladas de como tem de ser e de no que tem que dar?
Por que só não viver e deixar acontecer? É comum dizer que não se quer namorar por não se querer abrir mão da liberdade. Mas há liberdade maior do que se livrar de estereótipos, traumas passados e idéias antecipadamente formuladas e simplesmente deixar acontecer? Privar-se de viver, de sentir(!), não é liberdade. É perda de tempo, é perda de vida!
Por que é tão difícil viver o que a música diz: “deixa acontecer naturalmente”?! Se for pra sentir só amizade e desejo, não é necessário estipular isso na própria mente, é assim que será. Não é preciso estabelecer nada dentro de si mesmo pra que seja assim, se for pra ser assim. E se não for pra ser, por que não se permitir viver seja lá o que for?
Amor pode não exigir compromisso. Não exigir também exclusividade. Mas acabar com as possíveis expectativas, ah! Isso é o fim. Qualquer início de relacionamento sem expectativa, sem todas as possíveis possibilidades ocorrendo na imaginação, vai por água abaixo mais facilmente.
Pensar menos, fazer mais. Vou mais além e arrisco-me a dizer: sentir mais. É apenas um conselho. Uma opinião. Uma opinião de alguém intenso. A opinião daquela mulher que parece menina que parece ser o que não é que no fim das contas não consegue levar o teatrinho até o fim e acaba confessando em suas sutis atitudes, olhares, palavras e trejeitos, que ela não separa tão bem assim corpo de coração e de mente. E, na realidade, por mais que ela se frustre muitas vezes com isso, ainda assim, ela realmente pensa que desse modo é muito mais verdadeiro, mais gostoso, mais cheio de vida. Mais importante ainda que o amor, é a vida que colocamos, que jorramos no que fazemos. Afinal, sem amor homem x mulher até existe vida. Mas sem vida nenhuma, como sentir alguma coisa?
Fim, fim às idéias antecipadamente estipuladas! Fim ao tanto pensar em como será e como poderá ser e em seguida já formular planos e idéias de como tem de ser. Apenas imagine, não fale. Deixa acontecer, você pode se surpreender com a sua própria capacidade de sentir. E se não se surpreender, que mal há? Apenas não acabe com as expectativas, não as limite. Não limite a si mesmo. Se for assim tão difícil e você não conseguir se livrar dos seus planos, então guarde-os para si até o momento adequado. Não seja precipitado. Perde-se momentos incríveis por antecipação.
Deixe se levar como a tal mulher se deixa pela música... Não só pelos instintos como também por tudo que possa ser bom. Deixe-se. Deixe-me. Deixe-nos ser tudo o que podemos ser. Se você que começa qualquer relacionamento já estipulando como tem de ser continuar assim durante mais alguns anos, pode perder. Perder muito. Pois você pode vir a fortalecer tanto isso dentro de você que, no dia em que uma dessas mulheres de uma noite só puder ser a mulher de uma vida inteira, corre o risco de você já ter até perdido a capacidade de perceber. E vai perdê-la. Perdê-la do mesmo jeito que já perdeu momentos deliciosos só devido à precipitação.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A pressa é inimiga da...

 
Depois do impressionismo, cubisto, modernismo, realismo, iluminismo, expresionismo, romantismo, renascentismo, maneirismo, neoclassicismo, dadaísmo, surrealismo... eu lhes apresento o idiotismo! Quer ver mais desta arte tão peculiar? Então clique aqui.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O cinquentenário das forças ocultas



Por Carlos Pinho

Há exatos 50 anos, os brasileiros acompanhavam um dos mais controversos episódios de nossa história: a renúncia do então presidente, Jânio Quadros. O político surgiu de maneira meteórica e o seu jeito bonachão, ridicularizado por muitos, de ponto fraco passou a ser um de seus trunfos na campanha. Muitos diziam ser estratégia para torná-lo mais humano,  mais próximo do povo. 




Com 11 anos de vida pública, já recebia a faixa presidencial de Juscelino Kubitschek. A  trilha sonora de sua campanha foi o jingle “Varre, varre, vassourinha”. O “faxineiro” Jânio pretendia – pelo menos, na música – varrer toda a corrupção do país. 


Apoiado pela União democrática Nacional, a UDN, durante as eleições, Jânio, então presidente do país, passou a adotar um posicionamento que começou a desagradar a sua base de apoio. Duas das medidas que provocaram rachaduras nessa relação foram a condecoração de Ernesto Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul e o distanciamento dos Estados Unidos. Apesar do apoio dado e de ministérios "ganhos", os udenistas chegaram a conclusão de que não teriam rédeas para controlá-lo. 


Isolado politicamente, seu governo foi tão rápido quanto a sua ascensão política, renunciou com pouco mais de seis meses no poder, um dia após Carlos Lacerda denunciar um suposto plano de golpe de estado de Jânio em parceria com o seu ministro da Justiça, Oscar Pedroso Horta. Na sua carta de renúncia, alegou que “forças ocultas” rondavam o Planalto. 


Essa medida, que pegou muitos de surpresa, teria sido, no entanto, uma estratégia do próprio, com o intuito de retornar fortalecido ao poder. Como o seu vice, João Goulart, não era bem visto por setores da sociedade por ter fama de comunista e/ou por ter feito parte do governo de Getúlio Vargas, Quadros esperava que estes mesmos setores se mobilizassem pelo seu retorno ao cargo. Aclamado pelo "povo", teria legitimidade para pôr suas ambições em prática. Entretanto, o tiro - se foi dado com esse objetivo - saiu pela culatra e outras alternativas foram buscadas, sem a sua presença. 


A história mostra que a vassoura de Jânio não era tão boa assim. Agora, uma pergunta que não quer calar: será que a vassoura de Dilma vai dar conta do recado ou vai  quebrar antes de terminar a faxina?  

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Armadilhas do crédito pessoal



Por Rufino Carmona

O assunto de hoje é crédito pessoal. Das modalidades de empréstimos existentes, essa é a que mais tem adeptos. É preciso ressaltar inicialmente que muitos escritórios, que põem até anúncios em jornais, concedem crédito sem autorização do Banco Central. Eles são tão agiotas quanto qualquer pessoa física que empresta dinheiro a juros. Por isso, muito cuidado para não entrar numa furada. Tem vezes em que pedem para você depositar uma quantia como garantia. E, no final, nem o empréstimo e muito menos o dinheiro de volta. Ou seja, roubo explícito.

Mas sobre agiotas, eu vou falar em uma coluna específica. Quero me ater aos bancos e financeiras que concedem crédito pessoal. Se você é correntista de um banco há algum tempo sempre vai conseguir uma taxa de juros melhor. Então, antes de pegar um crédito fácil por aí, consulte o seu gerente.

Mas, mesmo sendo um ótimo cliente do banco, não se iluda: dificilmente, os juros cobrados serão menores do que 4% ao mês, o que é uma distorção, se lembrarmos que a taxa Selic, fixada a cada 45 pelo Banco Central é de 12,5% ao ano. Enfim, pegar crédito no Brasil é coisa de maluco. O melhor mesmo é juntar dinheiro e comprar à vista. Crédito, gente, só em último caso.

E quanto às financeiras? Bem, esse é um capítulo à parte. Eu fico para morrer quando vejo alguém entrando numa daquelas lojas de rua que “vendem” dinheiro. Pegam, por exemplo, R$ 1000 para pagar em 12 meses. No final desse tempo, pagam cerca de R$ 2500.  É ou não é um absurdo? As financeiras até explicam razoavelmente bem o motivo de o crédito ser tão caro. Mas, mesmo que elas falem toda a verdade, acaba sendo uma grande armadilha para o consumidor. Normalmente, vira a famosa bola de neve.

Entre a melhor taxa do crédito pessoal, quando você é correntista de um banco e a mais cara, a das financeiras, existem muitas outras com todos os tipos de nomes. Mas volto a insistir: ter crédito é muito bom, mas saber usá-lo é que é o problema. O melhor é se organizar financeiramente e levar a vida com o que se tem. Não é legal trocar as noites de sono por nada nesse mundo!  

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Uma pitada de samba e um bocado de histórias

Episódio de hoje: 
Wilson x Noel


Por Rodrigo Shampoo

Lá pelos anos 30, num momento em que as músicas consideradas imorais eram preteridas, o sambista Wilson Batista nadou contra a maré ao compor “Lenço no pescoço”, que vangloriava os malandros e a vagabundagem. 


Noel Rosa, bem ao seu estilo, o advertiu com “Rapaz folgado”. A juventude da época então impulsionou Wilson a comprar briga com Noel. Nascia assim “Mocinho da Vila”. Mas Noel pareceu não dar muita importância e compôs o fascinante “Feitiço da Vila”, que punha um fim ao embate.

Decepcionado com tal desprezo, Wilson partiu para “Conversa fiada”, se contrapondo ao “Feitiço” de Noel, que, irado, lançou a obra-prima “Palpite infeliz”.


Wilson apelou então para a feiúra de Noel, que tinha um defeito de nascença no queixo, com “Frankenstein da Vila”. Noel não respondeu ao Samba de Wilson, pois já estava com tuberculose em estado avançado, e veio a falecer em maio de 1937, vítima da doença.


domingo, 21 de agosto de 2011

Cheque especial



Por Rufino Carmona

Vou começar hoje a falar sobre alguns nomes conhecidos do nosso dia a dia financeiro, mas que ainda nos causam muita dor de cabeça. Como estreia, o cheque especial. Vou fazer uma pergunta a você que pode parecer meio estranha, mas que é muito importante ser respondida: “você sabia que não é obrigado, por nenhuma lei, a ter um limite ou um cheque especial em sua conta corrente?”.

Não sei qual foi a sua resposta, mas tenho algo a dizer sobre isso. Na maioria das vezes, apenas por ter um limite financeiro de que pode dispor, a qualquer momento, você paga uma taxa mensal ao banco. Ou seja, se você nunca usou e nunca pretende usar para quê continuar tendo?

Mas tem uma questão que acho bem mais importante que essa que citei acima. Fico indignado ao ver os bancos concederem aleatoriamente limites de crédito a aposentados e a pessoas que recebem somente seu salário através de contas corrente, por exemplo, sem nenhuma orientação. Gente: ter um limite disponível para uma emergência é muito bom, mas você precisa saber usar. Muitos, por desconhecimento, usam esse dinheiro como se fosse de sua propriedade.

Olha, eu já vi casos estarrecedores de pessoas que estavam endividadas até não poderem mais simplesmente porque não sabiam que esse dinheiro não era delas e usava tudo, todos os meses. O último caso que soube foi há dois dias. Um amigo meu me disse que o pai tinha R$ 3 mil de especial na conta salário e que havia gasto todo o dinheiro. Já havia um ano que, todos os meses, ao entrar o salário na conta, quase metade ia embora só para pagar os juros e repor parte do especial.

Ao saber da história, eu o recomendei que, se fosse possível, quitasse essa dívida, ou seja, repusesse esses R$ 3 mil e retirasse o cheque especial da conta do pai. Ele me contou então que possuía uma reserva em poupança. O problema foi então resolvido rapidamente. Orientei a ele que retirasse o dinheiro, cobrisse a conta do pai e retirasse, todo mês, R$ 300 do salário dele até chegar aos R$ 3mil, já que os juros da poupança que ele recebia eram muitíssimo inferiores ao juros que o pai pagava no especial. Mas fui categórico: de nada vai adiantar você fazer isso, senão for ao banco e retirar esse benefício da conta salário dele. E isso vai ser feito.

Fiquei feliz de ter ajudado a esse meu amigo. Mas se ele não tivesse o dinheiro na poupança seria mais complicado. Mesmo assim, ainda poderia renegociar a dívida com o banco, pagar em algumas prestações e retirar o especial da mesma forma. Seria mais dispendioso, porque os juros que o banco cobraria seriam bem maiores do que o juro zero que ele vai cobrar do pai. Mas, pelo menos, acabaria essa ciranda nada engraçada.

Se você tem cheque especial e não sabe usar ou se você conhece alguém nessa mesma situação do pai desse meu amigo, conversa com a pessoa sobre a possibilidade de renegociar a dívida e retirar o limite da conta. Só quem ganha, num caso como esse, é o banco.

Ter crédito, gente, é muito bom. Mas é preciso saber usar.  

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Faxina na política



Por Rufino Carmona

Jânio Quadros, nosso saudoso e hilariante ex-presidente da República, tentou usar sua “vassourinha” no Planalto, mas as “forças ocultas” não só o impediram como o tiraram do poder. Isso em 1961. 


Hoje, vemos Dilma Rousseff pondo suas manguinhas de fora.  Independentemente de sua opção política, você acha que é possível um governante diminuir consideravelmente a corrupção no nosso pais?


A base de sustentação da presidenta já faz inúmeras chantagens e, até mesmo, o ex-presidente Fernando Collor teria dito que, se fosse ela, agiria de outra forma, pois ele próprio foi vítima desse mesmo veneno ao não dar a mínima para o Congresso quando governou o Brasil. Pois bem, Dilma consegue ir adiante nesse processo de faxina? Um governante do PSDB, por exemplo, conseguiria? Ou teria que ser de um outro partido?


Uma boa questão para pensarmos e repensarmos o nosso voto e o modo como se governa esse país, à base de troca de favores. É assim desde que eu me conheço por gente, mesmo na época dos chamados “governos fortes” da ditadura.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Vodu



Assim como as minhas rasgaste,
Tuas mãos eu rasgo, sem pena.
Assim como quando me tocaste,
por prazer apenas.

Quebro tuas pernas te impedindo de andar
Quebro teus braços te impedindo de construir
Espeto teu coração, impedindo-te de amar.
Quebro-te todo, impedindo-te de fugir.

Fugir para não sentir o que eu senti
Quando meu coração tu machucaste.
Mas na verdade não fui eu que perdi
Foste tu quando me desafiaste.

Pois de ti um vodu eu faço.
Brinco e realizo minhas fantasias.
Faço e desfaço,
Mostrando como perdeste inúmeras alegrias.

escrita em meados de 2008




terça-feira, 16 de agosto de 2011

Uma pitada de samba e um bocado de histórias

Episódio de hoje: 
Aquarela do Brasil é nossa!


Por Rodrigo Shampoo

Um episódio ocorrido em 1939 revela grandes curiosidades sobre a MPB. Tudo começou quando Darci Vargas, esposa do então presidente Getúlio Vargas, programou para o Theatro Municipal uma série de cinco espetáculos que ganharam o nome de Joujoux e Balangandans.


As músicas ficaram por conta de Lamartine Babo e de Ary Barroso. Não é preciso dizer que foi um grande sucesso. Uma grande curiosidade foi o uso, até então inédito, de instrumentos de sopro em ritmo de samba. 


Ficou também na história a junção de uma das canções do espetáculo, “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, ao desenho animado da Disney “Alô, amigos”. O samba foi batizado, nos Estados Unidos, com o nome de Brazil e foi gravado pelo maior nome da música norte-americana da época, Bing Crosby. Teve gente achando que “Aquarela do Brasil” era uma obra genuinamente do Tio Sam. Imagina?

Bing Crosby

Tanto que no filme “Sotto il sole di Roma”, de 1948, a cena em que a tropa estadunidense entra em Roma, na Segunda Guerra Mundial, foi acompanhada por duas canções “tipicamente” americanas: “Moonlight Serenade”, de Glenn Miller e “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso. Fala sério!

Walt Disney desenhando num cenário privilegiado

Aqui vai uma palhinha do sucesso de Ary Barroso no filme da Disney “Alô, amigos”, extraído do trecho no qual o personagem Zé Carioca apresenta a Cidade Maravilhosa e o samba ao ranzinza Pato Donald.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

domingo, 14 de agosto de 2011

Queremos Miles!


Não deixem de ler devido ao tamanho. Miles Davis é incrível, vale a pena. Confie no que digo e não se arrependerá!


Miles Dewey Davis Jr nasceu em 26 de maio de 1926 nos EUA e em 28 de setembro deste ano sua morte completará 20 anos.
Mais que um trompetista e compositor, Miles foi um artista completo, revolucionou não só o jazz mas sim a música de modo geral.
E é em homenagem a este incrível músico que o CCBB RJ traz a riquíssima exposição “Queremos Miles - Miles Davis”. Exposta desde o último dia primeiro, a exposição segue até o dia 28 de setembro deste ano. São cerca de 300 itens compostos por muitas fotografias, capas de LPs, composições em partituras, instrumentos musicais, declarações familiares, jaquetas, vídeos e até mesmo quadros por ele pintados e outros usados em capas de LPs seus.
Miles iniciou sua carreira logo após o término da Segunda Guerra Mundial e, apesar de ter sido inicialmente considerado sem habilidade e sem chances de obter sucesso, seu talento é comprovado em cada música sua que se ouve e, principalmente, na sua capacidade de criar seu próprio estilo de tocar e perpassar diversos gêneros musicais envolvendo-os ao jazz de uma maneira tão única, tão dele, que ninguém mais conseguiu fazer o mesmo.
A análise geral de sua carreira demonstra sua capacidade de adaptação e criação. Miles não foi conservador, não se manteve no mesmo estilo, pelo contrário. Mudou com cada gênero que se destacou, como um camaleão disfarçou-se em cada situação mas sempre sem deixar de ser camaleão, ou seja, mantendo sempre a sua essência: o jazz e, mais ainda, a paixão pelo que fazia.
Sua mãe desejava que ele tocasse piano mas foi no trompete que Miles se fez, se desenvolveu e se refez inúmeras vezes. Iniciou no bebop; integrou-se a um noneto que se destacou pelo uso de instrumentos não tradicionais na época, como a tuba e a trompa, e da onde saiu sua parceria com Gil Evans; entrou para o mundo das drogas; superou o vício em heroína; integrou seu primeiro grande quinteto com o qual explorou o jazz modal; o quinteto tornou-se um sexteto; gravou música clássica; gravou o álbum Kind of Blue, o qual, de acordo com a RIAA, é o álbum de jazz mais vendido até hoje, recebendo um disco de platina (3 milhões de cópias); foi preso, segundo ele, por motivos raciais; foi parceiro de John Coltrane; voltou ao repertório bebop mas agora com liberdade rítmica, sendo possível observar uma velocidade muito mais rápida em suas músicas; integrou seu segundo grande quinteto; criou o freebop (ou time no changes), como ficou conhecida sua improvisação na qual deixou de lado a progressão de acordes do bebop para uma modal; inseriu baixo e pianos elétricos e ainda uma guitarra, entrando em sua fase fusion; experimentou o rock e, consequentemente, criou o subgênero jazz-rock; influenciou-se pelo funk da década de 60; foi descrito como espacial; seus álbuns dessa época tiveram capas psicodélicas e relação com o movimento Black Power; participou da trilha sonora de um documentário sobre o boxeador Jack Johnson (Miles adorava o boxe); escreveu uma autobiografia; formou novos grupos; acrescentou até mesmo bateria à sua música; passou por um período em que teve osteoartrite, fez várias operações na bacia, teve também anemia, bursite, depressão e úlceras, fatos estes que o levaram a entrar novamente no mundo das drogas e também no do álcool; não se apresentou por alguns anos; relacionou-se com a atriz Cicely Tyson, com quem já havia se relacionado antes e com quem veio a superar seus vícios em drogas; um novo grupo foi formado; misturou soul music e eletrônica; passou pelo pop, tocando baladas de Michael Jackson; gravou comerciais, por exemplo contra o apartheid e até de cachaça; após um acidente vascular cerebral que afetou sua mão, passou a desenhar e fez bonitos quadros; fez trilhas sonoras para filmes; teve uma pequena participação em um filme; recebeu o Grammy Lifetime Achievement Award em 1990; suas últimas gravações foram influenciadas pelo hip-hop, lançadas postumamente; faleceu em 28 de setembro de 1991 de AVC, pneumonia e insuficiência respiratória, em Santa Mônica, Califórnia, aos 65 anos de idade. Deixou uma herança cultural incrivelmente ampla. Fez seu nome, sua música. Fez história.
Difícil assimilar tanta coisa, não é? Aparentemente grande, o que foi escrito acima é literalmente um pequenino resumo de sua vida. O suficiente para ver o quanto ele fez, o quanto ele se modificou e criou. Muitas formações, substituições, confusões, problemas e também, é claro, alegrias. Mais que tudo isso, música em demasia.
A exposição no CCBB RJ (Rua Primeiro de Março, n° 66 - Centro) é gratuita, encontra-se no primeiro andar e fica aberta de terça à domingo, das 9h às 21h. Importada da França, tendo como curador Vincent Bessiéres, segue para São Paulo em outubro. Apresenta muitos objetos nunca antes expostos e eu afirmo: vale MUITO a pena conferir! Convido a todos para que compareçam, com bastante tempo livre, a ver com calma essa pequena viagem pelo musical mundo do jazz “à moda Miles”.
Em ordem cronológica, a música toca em cada recinto que compõe a exposição, sendo possível observar as diferenças e mudanças de cada momento e admirá-las intensamente. Há uma sala escura na qual é possível sentar e ficar o tempo que se quiser apenas ouvindo e apreciando sua música. A porta desta sala é arquitetada como a de um cofre. Nada mais adequado, não é mesmo? Não porque sua música deva ficar guardada mas porque é realmente de inestimável valor.
Este artigo em tamanho maior que o normal apenas demonstra o quanto tem-se pra falar sobre Miles Davis, ícone do jazz. Parabéns CCBB, por essa lindíssima mostra!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

E por falar em Claridade



Por Carlos Pinho 

A menina guerreira Clara Nunes faria hoje 69 anos. Dona de uma voz única e de graciosidade digna de uma rainha do samba, Clara nasceu na cidade de Paraopeba, em Minas Gerais. 

Iniciou a carreira aos 16 anos como Clara Francisca, quando participava de programas de rádio e de festivais locais, interpretando boleros. Na década de 1960, já carregando o nome artístico que a consagrou, sua carreira começa a deslanchar, mas só grava o primeiro LP em 1966 com um título bem apropriado: “A voz adorável de Clara Nunes”. 

O ano de 1968 representou um divisor de águas em sua carreira como sambista, quando emplacou seu primeiro sucesso, “Você passa e eu acho graça”, de Ataulfo Alves e Carlos Imperial. Pesquisadora das danças e tradições afro-brasileiras, Clara consolidou-se de vez na década de 1970, sendo a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias. A mineira foi também puxadora de samba da sua tão amada Portela, no Carnaval de 1975, defendendo o samba “Macunaíma, herói da nossa gente”. 

Morreu em 4 de abril de 1983, num Sábado de Aleluia, após sofrer um choque anafilático durante cirurgia de varizes. Apesar de ausente há quase três décadas, sua voz ainda ecoa, noite e dia, nos corações brasileiros, principalmente nos dos portelenses.


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Aos superendividados III


Por Rufino Carmona

Caro amigo que se encontra nessa situação de superendividamento, depois das postagens das últimas duas quartas-feiras (06 e 13 de julho), me restou falar sobre ajuda profissional.

Consultor financeiro – talvez você não tenha condições, sozinho, de pôr em prática algumas das dicas dadas nas postagens anteriores sem ajuda de um profissional que entenda de finanças. Pois bem, as faculdades costumam disponibilizar esse serviço gratuitamente. Você pode buscar ajuda numa faculdade de economia ou mesmo na de matemática. Um estudante, sob orientação sempre de um professor, pegará o seu caso e vai pensar em todas as saídas possíveis junto com você. Vale a pena procurar hoje mesmo uma instituição de ensino superior perto da sua casa e expor o seu problema.

Psicólogo – vou chegar agora a um ponto que talvez seja o mais difícil de ser tocado. Segundo pesquisas, a grande maioria das pessoas que chegam a uma situação de superendividamento precisa de ajuda de um profissional da área de psicologia. Geralmente, não é a falta de dinheiro que causa o problema, mas a compra por impulso. Por isso, depois de fazer um trabalho enorme para sair do endividamento, acaba voltando à mesma situação em pouco tempo novamente.

Não consegue aprender com o erro, porque ela tem uma ânsia muito grande em comprar, adquirir, ter, possuir. Infelizmente, a maioria também sempre acha que não tem esse problema e não procura um profissional. Espero que, se esse for o seu caso, você tenha capacidade de discernimento e reconheça que precisa desse tipo de ajuda.

E o dinheiro para pagá-lo? Da mesma forma que eu falei sobre o consultor financeiro, as faculdades de psicologia também disponibilizam esse serviço gratuitamente. Se eu fosse você, procuraria, hoje mesmo, o consultor financeiro e o psicólogo. Você vai ver como será mais fácil sair dessa situação difícil com a ajuda de especialistas. Dê uma chance a você mesmo para sair dessa e não voltar nunca mais.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Uma pitada de samba e um bocado de histórias



Por Rodrigo Shampoo

A música “Pelo telefone” entrou para a história por ter sido o primeiro samba gravado, no ano de 1919. Mas deu uma senhora confusão. . .

 Tia Ciata

Por ter sido composta em uma roda de samba, no fundo de quintal da casa da Tia Ciata, sempre frequentada por inúmeros sambistas, a música, oficialmente de Donga e de Mauro de Almeida, foi requisitada e disputada por diversos autores, que alegaram participação em sua autoria.

Donga

Temos então diversas versões espalhadas por aí. Cantores consagrados, como Martinho da Vila, por exemplo, já gravaram o samba.


Confira uma das versões do samba “Pelo Telefone”:


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O mundo treme de novo



Por Rufino Carmona 

Tem dias que nós sabemos como começa, mas não fazemos a mínima idéia de como pode terminar. Hoje, é um desses. Com o rebaixamento da nota dos títulos da dívida soberana dos Estados Unidos, o mundo acordou com a sensação de que estamos virados do avesso. 


As bolsas asiáticas já fecharam em forte queda. As européias, estão instáveis. A brasileira, opera em forte queda também, namorando os 50 mil pontos, o que não ocorre há três anos. E as bolsas americanas acabaram de abrir em queda fortíssima, tanto a de Nova Iorque quanto a eletrônica Nasdaq. 


Isso me lembra, meu Deus, aquele 16 de setembro de 2008, dia seguinte à queda do banco Lehmon Brothers, que levou o mundo a uma recessão comparada à de 1929.


domingo, 7 de agosto de 2011

Permita-se

Não há fórmula para ser feliz.
O segredo da felicidade está no perigo que se encontra na esquina, no
inesperado.
Não se julgue e nem se culpe pelo que se fez ou se quis.
Pense mais no
melhor e pior pra você, não apenas no certo e errado.

As maiores emoções encontram-se nos acontecimentos não planejados.
Pensar é importante mas
jamais pensar demais.
Não evite por medo. Faça do medo e insegurança seus aliados.
Use-os para provar a si mesmo que é capaz.

Não há fórmula para o desejo.
O grande segredo está na
imaginação. Aquilo que você não conhece, apenas imagina.
O ardor e gosto do tão esperado beijo.
O que há por baixo das roupas da bela menina.

Faça dos seus sonhos suas maiores
armas contra a própria realidade.
Faça dos defeitos
motivação para se desenvolver e melhorar.
Com a vida
faça amizade.
Queira menos ser amado e queira mais amar.

As maiores verdades
São os sentimentos sinceros.
Faça deles amor.
As maiores beldades
Encontram-se no brilho dos olhos.
Faça com eles amor.

As maiores dificuldades
São as palavras não ditas mas jamais esquecidas.
As maiores maldades
São as mentiras contadas em cima de coisas que se gostaria de serem vividas.

As maiores mágoas
Estão nas oportunidades perdidas
Que no rio de claras águas
Feito de lágrimas, transpassam-se para outras vidas.

Os momentos mais intensos são aqueles em que se esquece do mundo.
Esqueça. Não se prive do prazer imenso de viver.
Não há nada no mundo que valha isso. Esqueça de tudo.
Viva ilimitadamente. Basta querer.

Deseje de olhos fechados.
Deixe-se querer e sentir.
A magia de amar a vida e fazer dela sua maior felicidade.
Permita-se. Permita-se existir.
Não se deixe levar pelos maliciosos e profundos olhos da maldade.

Que tudo julga, tudo fala, mas pouco faz.
Não há nada melhor que liberdade.
Não se prive.
Permita-se ser livre.
Você é capaz.
Não seja uma pessoa que muito pensa mas pouco vive.


Escrita em meados de 2009