quinta-feira, 8 de março de 2012

Ensinamentos da vida, ensinamentos aprendidos

– Mais um, por favor. Assim pediu Di ao cara do caixa.
Já se somavam seis cigarros em apenas duas horas.
O médico já tinha constatado sua pressão alta, que geralmente é baixa.
Ele lhe recomendou que parasse e como retribuição recebeu uns foras.

Diana era assim: a teimosia tristemente humanizada.
O vício estava se acentuando devido à rejeição do namorado.
Cigarros e álcool; ela ficava facilmente embriagada.
E assim se sentia melhor, esquecendo temporariamente o amado.

Mas apesar da infantilidade perceptível, havia amor dentro de seu peito.
Um amor enorme por aquele ser que crescia dentro dela.
Mas não havia estímulo e força de vontade para mudar seu jeito.
O pai de seu filho tinha sumido no mundo, sem nem falar com ela.

Diana, com seus miúdos olhos castanhos, representantes da armagura
Já nem se arrumava mais para sair, nem passava seu batom.
Sofria de depressão e não encontrava forças nem para desejar a cura.
Até de pintar parou, deixou de lado seu tão querido dom.

Passaram-se dias, semanas e até uns meses e ela não largou o cigarro.
Consciente dos riscos, mas descrente de que mais isso poderia lhe acontecer.
Trabalhava sem ânimo; comia pouco e nem estranhava mais o pigarro.
Até que no quinto mês, um dia, acordou com dores, logo quando do amanhecer.

E nesse confuso amanhecer, Di acordou toda ensanguentada.
Fraca, pálida, confusa. Uma menina carente no corpo de mulher.
Sua triste sorte foi a de ter sido socorrida pela empregada.
Mas o bacana da história de Di é que foi assim que ela recuperou a fé.

Diana teve um aborto espontâneo, causado pelo seu vício.
Três maços de cigarro por dia assassinando seus pulmões.
Um trauma difícil de superar, mas totalmente possível.
Três meses foram necessários para ela assassinar suas ilusões.

Di entendeu que fugir da dor não a resolve, apenas a piora.
Desde aquele doloroso dia não coloca um cigarro entre os lábios.
Se arruma, passa seu batom, embeleza-se sem perder a hora.
Reconhece seus erros e agora dá a si mesma conselhos sábios.

Diana está com um novo namorado, mas sem medo do futuro.
Aqueles erros passados não correm o risco de serem repetidos.
Ela pinta quadros de crianças; no trabalho está dando duro.
Sonha com o filho que ainda terá; orgulha-se dos ensinamentos adquiridos.


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