sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Da série “Vale a pena conferir”: MASP


Por Carlos Pinho

O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o popular MASP, foi fundado em 1947 pelo jornalista e empresário Assis Chateaubriand, com a ajuda do crítico de arte e antiquário italiano Pietro Maria Bardi. Localizado na Avenida Paulista, o MASP é uma instituição sem fins lucrativos e possui a mais importante coleção de arte ocidental da América Latina. A sua coleção é considerada patrimônio histórico brasileiro desde 1969, quando foi tombada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o atual IPHAN.

Manchete do Jornal do Brasil (07/11/1968) sobre a inauguração da nova sede do museu.

A sua sede atual, inaugurada em 1968 com a presença da rainha Elizabeth II, é uma das principais obras da arquitetura modernista no país. Seu famoso vão-livre, por muito tempo o maior do mundo, possui 74 metros de extensão e é a sensação entre os visitantes.

Chatô, o visionário

Assis Chateaubriand

Entre as décadas de 1940 e 1960, Assis Chateaubriand era um dos homens mais poderosos do país, controlando um império midiático, o conglomerado Diários Associados.

Pioneiro no ramo das comunicações no Brasil, Chatô, assim conhecido pelos íntimos, era, sobretudo, um homem empreendedor e um grande incentivador do crescimento e desenvolvimento do país em diversos aspectos, como culturais, econômicos e artísticos. Uma de suas principais iniciativas era de fundar um museu. Inicialmente, pensou em sediá-lo no Rio de Janeiro, mas escolheu São Paulo por ver mais possibilidades de arrecadar nesta cidade o capital necessário para a formação do acervo.

A sua maneira de negociar doações ao museu junto aos empresários era, no mínimo, curiosa. Em troca dos donativos, Chateaubriand cedia espaços publicitários em suas empresas (nas rádios, nos jornais, nas revistas e, posteriormente, na televisão). Além disso, o doador recebia o título de mecenas.

Pietro Maria Bardi

Apesar de ser apaixonado por obras de arte, Chatô pouco entendia desse universo e de seu mercado. Com isso, convidou Pietro Maria Bardi para o projeto. O italiano foi essencial na criação do museu, bem como na escolha das obras que seriam adquiridas.

Pietro Maria Bardi e a Diana Adormecida
Foto tirada por Juvenal Pereira em 1986.

Pietro pretendia ficar à frente do projeto por apenas um ano. No entanto, permaneceu no comando por quase meio século.

O MASP hoje

Atualmente, o Museu de Arte de São Paulo é presidido pelo advogado João da Cruz Vicente de Azevedo. A curadoria está a cargo do crítico de arte Teixeira Coelho.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Dogcão não odeia o Peticuloso

Está certo que cada pessoa tem o seu gosto, mas eu estou para conhecer alguém que goste de ter diarréia. Aproveite o clima besteirol e conheça outras idiotices destes personagens idiotas, e perdoe a redundância. http://www.dogcaoesuaturma.blogspot.com/.

domingo, 25 de setembro de 2011

Detesto a Escola


Este poema é um pequeno resumo da minha vida escolar (que já acabou há 4 anos). Se quiserem ver mais vão no meu blog: http://www.oventonoroestetraznoticias.blogspot.com/

Quando o domingo se vai,
bate aquela agonia,
pois o primeiro tempo é geometria!

Lá vem a complicação,
porque três mulheres pedem atenção:
a mediatriz, a hipotenusa e a tangente.
Para enrolar ainda aparecem seus maridos:
os diametros, os catetos e os cálculos pendentes.

Na Biologia até enrolo,
meia dúzia de conceitos decoro.
Mas com a Aritmética é brabo.
Uso regra de três a doidado.

Química é a perdição.
Ai ai ai quanto cálculo com fração!
Em Física eu só colo
perdi as esperanças
de calcular a tração.

Mas não é toda matéria,
que me estimula a pensar nas férias.
Em Português e Redação eu mando benzão!
Descrição, narrativa e dissertação.
Passei até em concurso.
Como sou boa no discurso!

Inglês também não é problema.
Minha ultima prova
A professora elogiou
e a colega invejou,
se mordeu de raiva porque não colou.

Mas minha menina dos olhos,
é a História.
Minha grande colega de viagens
Uma musa notória.

Não preciso de cabine telefônica
como Bll e Ted.
As páginas do livro é que me pedem:
"Venha conosco heroína!
Muita aventura a espera.
Traga sua carabina que:
Com Odisseus enfrentarás as sereias!
Com os hereges causarás cismas nas igrejas!
Com os portugueses chegarás a El dourado!
Com piratas profanarás templos sagrados!
E com filósofos reencontrarás sua vida!"

Mas apesar dessa delícia,
já começo a segunda
pensando com malícia
como diminuir os dias úteis
e como aguentar conversas fúteis.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Morte


Bom hoje um vim trazer um pouquinho de melancolia (momentos emo)

Queria que minhas velhas cicatrizes não abrissem.
Porém ver-te causa-me agonia.
Relembro toda expectativa disfarçada,
a poesia vã cuja explicação nunca veio.

veio a veia rasgada,
a jorrar abundante o vermelho líquido
e congelar-me por sua ausência o interior.

Nada mais me agrada.
Minha vida é uma farça,
porque a loucura invalidou toda lógica
que há anos comecei a construir.

Oh irônico anjo, que poesias me cantou ao pé do ouvido!
Tua crueldade milenar
fez com que as promessas fossem impossíveis de concretizar.
e de saudades meu coração veio a palpitar.
e de desgosto fez-me querer abandonar
todo meu encanto de menina.

Os sonhos vieram a suicidar-se
outra pessoa nasceu
que ainda não cresceu,
fica a cambalear entre o passado e o presente,
sem saber porque está descontente.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Um escorregar que pode levar ao alto


Segunda-feira eu fui a um samba na Pedra do Sal. O clima quente do Rio, a batucada tão brasileira e a energia que, não tem jeito, só o carioca tem. Positiva, alto astral e simplesmente linda. Mas não é do samba, dessa vez, que eu vou falar. E sim das crianças lindas brincando de escorregar na pedra que dá nome ao local. Escorregando de todos os jeitos: deitadas com a cabeça pra cima, com a cabeça pra baixo, enroscadas umas às outras, de todo modo, de modo qualquer a se divertir. Sem medo de se machucar, como quem sabe que qualquer corte ou ralação pode até ficar feio por uns dias, mas é temporário. Enquanto os risos e brincadeiras tão saudáveis e alegres marcam presença positiva na memória para toda a vida e refletem no futuro, na conduta dos futuros adultos, hoje crianças mais felizes por experimentarem um pouco da liberdade que muitos pais por superproteção exagerada não dão aos seus filhos. Sem se importar com o estado em que a roupa fica, suja de tudo um pouco. Meros pedaços de pano, grande estado de alma. E se sujar faz bem, não é mesmo? É isso que prega o comercial de sabão em pó, mas se sujar não faz bem porque o tal sabão deixará a roupa limpíssima, mas porque é capaz, em situações como essa, de deixar limpíssima não as roupas, mas a mente e o coração.
Parabéns aos pais destas crianças por não serem superprotecionistas, daquela maneira de que tantos são. Ainda mais atualmente, parece que a preocupação aumenta devido ao estresse diário causado pelo trabalho, pelos engarrafamentos e pelo exagerado número de coisas a se fazer, características, talvez, do que chamamos de cidade grande, coisa que hoje não é mais característica só das grandes capitais, mas de muitas mais cidades. O que inclui a violência, a insegurança e também, muitas vezes, a simples falta de árvores nas quais subir, de gramados bem vivos onde se correr descalço. Muitas vezes faltam lugares apropriados para se deixar as crianças serem simplesmente crianças, melhor dizendo, serem meio molecas mesmo.
Deixar as crianças correrem riscos saudáveis, riscos estes que a própria vida recomenda. Machucar o joelho, talvez até quebrar um braço, levar um tombo escorregando numa pedra, comer uma manga no pé. Não é só pela natureza, mas acima de tudo pelos pequenos machucados que acabam se tornando um nada diante das lembranças e da vitalidade que se ganha. Não se sente isso apenas jogando videogame. Nem se ganha o que estas brincadeiras singelas tantas vezes geram: equilíbrio. É o passado que semeia o futuro, é a infância que dá base à vida adulta. É a liberdade saudável e consciente que poderá fazer destas crianças adultos capazes de pesar suas escolhas. De pequenos machucados físicos e de pequena liberdade, tão grande aos olhos de uma criança que não a tem, pode-se vir a ter mais juízo. Pequenas atitudes e acontecimentos podem gerar grandes experiências. Detalhes podem fazer toda a diferença (e fazem!). Machucados fazem parte da vida, mas pequenos deles quando ainda criança podem evitar alguns grandes quando maior.

Pode parecer romântico, e acho que é mesmo, mas no fundo sabemos que é mesmo assim. A formação psicológica de uma pessoa começa desde o nascimento e gera consequências até o último dia.

E foi ouvindo o saculejar desse samba tão gostoso de se ouvir (sentir!), com meu coração batendo no ritmo da música a tocar, que eu escrevi mais esta crônica.

19/09/2011

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Grandes obras de arte

Aqui no blog você ficará sabendo das verdadeiras histórias por detrás das grandes obras de arte. Por exemplo, o belga René Magritte, pintou um momento traumático vivido por ele no quadro “O Filho do Homem”. Esta obra ficou famosa no filme "Thomas Crown - A Arte do Crime".


História: René jogava uma partida de futebol com os colegas do trabalho quando um adversário lhe acertou uma bolada no saco. Assim nasceu esta obra. Mas para dar ao quadro um ar de seriedade ele trocou o uniforme do time por uma roupa de trabalhador engomadinho, para dar um ar de surrealismo, René trocou a bola por uma maçã verde, para dar um ar imagético, o pintor substituiu o local da pancada, do saco para a cara e, por fim, ele substituiu o nome do quadro, que inicialmente se chamava “O Filho da Puta” para “O Filho do Homem”, pois quem o acertou era o filho do dono da empresa e, para manter o emprego, René transformou um doloroso momento em uma magnífica obra de arte mudando apenas o contexto da história.


Esse é o Dogcão desvendando os mistérios das grandes obras de arte.

OBS.: Em hipótese alguma leve a sério os textos de Rodrigo Shampoo neste blog. (www.dogcaoesuaturma.blogspot.com)

domingo, 18 de setembro de 2011

Gasto mais do que ganho!


Por Rufino Carmona
Você já ouviu aquela história de que não importa quanto uma pessoa ganhe, ela sempre gasta mais? Claro que não são todos que agem assim, mas, infelizmente, isso é mais comum do que imaginamos.

É evidente que quem recebe um salário mínimo por mês não consegue satisfazer todas as suas necessidades básicas. E então precisa complementar a renda de alguma outra forma.

Mas chega-se a um patamar salarial em que as necessidades básicas já estão satisfeitas, mas, mesmo assim, outros complementos salariais continuam sendo necessários, porque novas necessidades “não tão básicas assim” acabam se tornando básicas. Isso mesmo! Quem ganha R$ 1.000,00 gasta, pelo menos, R$ 1.200,00 por mês. Quem ganha R$ 5.000,00 gasta uns R$ 6.000,00 e quem ganha R$ 100.000,00 gasta por volta de R$ 120.000,00.

Talvez possamos pensar essa questão por diversos ângulos. Mas o primeiro que me vem à cabeça é o financeiro. Hoje em dia, fazer um orçamento tornou-se algo bastante simples. E é aquela velha história: você deve gastar sempre, no máximo, o que ganha mensalmente. E o ideal mesmo é gastar menos do que ganha e poupar o restante.

Mas talvez você esteja tentando essa façanha há muito tempo sem atingir seu objetivo. Então, certamente, deve haver algum outro jeito além do 2 mais 2 igual a 4. Gostaria de receber sugestões. Na semana que vem, pretendo sair desse trivial financeiro e tocar um pouco mais fundo nessa ferida.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O homem invisível está aqui!

Se você pensa que já viu de tudo, engana-se profundamente. Você ainda não viu o homem invisível! Quer ver mais idiotices? Então visite os sites www.dogcaoesuaturma.blogspot.com e www.rodrigoshampoo.jimdo.com.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Um aspecto sobre o racismo.


Desde que passei a seguir a Jaredy do http://escritoracasual.blogspot.com/ fiquei na vontade de escrever algo sobre racismo, mas só agora lembrando do passado, à mesa com familiares, que resgatei um ponto importante.
Quando eu era pequena, morava com meus pais, meu irmão e meus avós. Com a exceção do meu avô a família era toda branca. Sendo crianças não questionávamos a cor dele, era da família e pronto. Era o pai da minha mãe, por mais que ela não o chamasse assim. Só ficamos sabendo que ele era o segundo marido da minha avó no início da adolescência. O importante porém, é que não o víamos como um negro. Ouvíamos falar na televisão da situação dos negros, da discriminação, e por mais que víssemos a semelhança com nosso avô, não associávamos uma coisa com a outra. Para nós o negro era o outro aos moldes de Tzvetan Todorov, aquele que é o nosso oposto e serve para ajudar a definir nossa identidade através da oposição, daquilo que não somos. Meu avô como estava próximo era branco, não pela nascença mas pelo amor que sentíamos por ele. Já perceberam o sentimento clânico que temos com nossa família e com aqueles que estão mais próximos de nós? Pois é, meu avô estava protegido por ele, mas apenas dentro da família.
Hoje sei que vemos o negro como o outro dentro da nossa própria sociedade porque o racismo foi naturalizado, a gente aprende a tê-lo, mesmo que o negro não more assim tão longe de nós, e não seja muitas vezes tão diferente. Ainda bem que nas escolas já se começa a introduzir estudos sobre as diversas etnias do país. Acredito que mudando essa Educação desde a infância aprenderemos a ser menos excludentes, deixando que a vida deles seja menos apreensiva, já que não terão mais o medo de sair na rua e ser insultado apenas por ter nascido do jeito que é.
O chato que assim como eu e meu irmão, as pessoas aprendem essa diferença na televisão. Por exemplo, a personagem principal das novelas é sempre branca e a maioria das empregadas negras, demorou anos até que mudassem esse quadro na novela Da cor do Pecado, ou mesmo o caso da Glória Maria como a primeira e a única negra no jornalismo da Globo, pelo menos das que aparecem nos programas.
Numa sociedade como a brasileira não há como ignorar a nossa herança negra, tanto na cultura quanto no nosso sangue, ou nos afetos. Nem nos áureos sonhos de D. Pedro I o Brasil poderia se tornar uma sociedade branca e européia, somos simplesmente tropicais e heterogêneos e devemos ter satisfação com isso, temos mais o que compartilhar uns com os outros em termos de vivências. Somos um povo muito rico, e por isso é necessário desaprender essa cultura ultrapassada construída no erro, e perpetuada por ele.
Sem falar que, a naturalização do racismo é uma das razões para crises de identidade e falta de aceitação. Meu avô passava talco no rosto para ficar mais parecido conosco (não quero nem imaginar o que ele ouviu pra sentir essa necessidade, deve ter sido algo bem cruel)e eu tinha uma amiguinha que adorava meu boneco que fazia xixi, tanto que a mãe comprou um igual pra ela, só que negro. Só esse detalhe que separava o meu do dela, no entanto bastou pra ela só querer o meu que era branco. Por que fazemos esse mal uns aos outros ? Totalmente desnecessário. Acho que não há sentimento pior que o ódio contra si mesmo, então não tolero uma sociedade que perpetua preconceitos tão repugnantes. E você já pensou nisso? Não espere o feriado do zumbi para pensar, pense agora e renove-se.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Uma pitada de samba e um bocado de histórias

Episódio de hoje: 
Os primeiros passos do Samba


Quadro de Heitor dos Prazeres
Por Rodrigo Shampoo

No final do século XIX, a modinha, o lundu e o maxixe eram os ritmos musicais nacionais predominantes no cenário carioca, juntamente com os ritmos estrangeiros como a valsa, a polca e a música erudita, muito apreciada pela elite. Com a abolição da escravatura, os negros livres se reuniam nos grandes centros urbanos para dançar e cantar em cultos religiosos de origem africana, preservando sua cultura adaptada à realidade brasileira. Normalmente, os terreiros onde aconteciam essas reuniões eram as casas das tias baianas. E a mais famosa delas foi a da Tia Ciata. Lá, se reuniam também alguns nomes da música brasileira ainda desconhecidos.

Tia Ciata e Tia Josefa

Por ser a capital do Brasil, o Rio de Janeiro atraiu migrantes de todas as partes do país, tornando-se um verdadeiro emaranhado de raças e culturas. O estado desenvolveu então uma música própria, que reunia influências de quase todas as regiões do país. Essa união de pessoas de diversas raças e culturas ocorria em diversas camadas da sociedade, “desde a Casagrande à Senzala”. Foi justamente essa junção de culturas regionais que trouxe os instrumentos das zonas rurais de Minas Gerais e do Rio de Janeiro e os tambores da Bahia para se unirem aos cultos religiosos de origem africana.

E foi assim que nasceu o samba, em um cenário controverso, pois os ritmos que faziam parte da sua construção, a modinha, o choro, a marcha, o maxixe, o jongo e o lundu, ao mesmo tempo em que eram tocados em grandes salões, em casa de políticos e de intelectuais, eram também renegados por boa parte da elite e perseguidos pela polícia. O samba passou realmente a ganhar força como música nacional com o movimento modernista iniciado por Mario de Andrade e Oswald de Andrade e defendido também por Gilberto Freyre, Graça Aranha, Sílvio Romero, Lima Barreto, Afonso Arinos, entre outros, que buscavam uma valorização da “coisa brasileira”. Os ritmos nacionais, a cultura negra, o mulato e o mestiço foram os principais beneficiados por esse movimento, que seria responsável por uma “reviravolta”, que deixou de lado o vanguardismo internacional para valorizar uma imagem de cultura nacional.


Ao longo da história, há vários relatos sobre encontros de intelectuais, fazendeiros, políticos, aristocratas, escritores e outros membros da elite com músicos das camadas mais populares. Essas reuniões foram fundamentais para o surgimento de ritmos genuinamente brasileiros, como o samba, e, mais tarde, para a transformação deste samba em símbolo da identidade nacional.

Os primeiros registros desses encontros começam no final do século XVIII, com a invenção da modinha. Segundo o historiador Hermano Vianna, “José Ramos Tinhorão, um dos mais importantes historiadores da música popular brasileira, descreve a modinha como um ritmo nacional inventado por mulatos das camadas populares de se tocar canções líricas portuguesas”. As modinhas normalmente abordavam temas amorosos e eram acompanhadas por instrumentos de corda como o violão ou o bandolim.


Após a independência do Brasil, a modinha passou a ser parte integrante da corte, mesmo ainda mal vista por boa parte da nobreza. Mesmo assim, abriu as portas para a entrada do lundu na corte de Dom Pedro I. Em meados do século XIX, a renovação da modinha teve participação de vários segmentos da sociedade brasileira. Como conta Gilberto Freyre: “A modinha foi um grande agente musical de unificação brasileira, cantada, como foi, no Segundo Reinado, por uns ao som do piano, no interior das casas nobres e burguesas, por outros, ao som do violão, ao sereno ou à porta até de palhoças”.

Catulo da Paixão Cearense

Catulo da Paixão Cearense foi um bom exemplo da unificação das classes populares com a elite. Teve papel fundamental na mediação das classes sociais. Foi durante abelle époque carioca, entre 1898 e 1914 – um período em que a elite tentava pôr fim ao Brasil antigo, um Brasil “africano”, endeusando o modelo de civilização parisiense – que Catulo da Paixão Cearense e o violonista João Pernambuco conquistaram a elite com músicas regionais. Suas modinhas faziam sucesso nas reuniões lítero-musicais e nos saraus nas casas de políticos e de intelectuais, e até mesmo no Palácio do Catete.

Ainda assim, com o sucesso alcançado pela música sertaneja e pela modinha, os ritmos europeus e norte-americanos dominavam os salões durante os carnavais. Apesar do domínio estrangeiro, o repertório da folia brasileira era bem variado, ía desde o lundu, o maxixe e o xote à valsa, ao foxtrote e à polca. Essa mistura de música estrangeira com alguns ritmos nacionais imperou por décadas nos carnavais até o samba se consolidar, em meados da década de 1930.

domingo, 11 de setembro de 2011

À vista ou a prazo?



Por Rufino Carmona

Conheço muita gente que diz o seguinte: “Compro tudo à vista. Nunca fiz uma prestação na vida e nem tenho cartão de crédito”. Quem sou eu para discordar dessas pessoas. Se conseguem viver bem dessa maneira devem seguir nesse mesmo rumo. Mas a questão não é dizer quem está certo ou errado, até porque, nessa história, não existe nada que seja absolutamente certo nem absolutamente errado.

A grande questão é tentarmos visualizar a situação por diferentes ângulos e chegarmos à conclusão sobre qual o melhor caminho para percorrermos. Em primeiro lugar, é indiscutível que, ao parcelar uma compra, o estabelecimento embute juros, apesar de afirmar o contrário.

Como é possível se pagar uma mercadoria à vista pelo mesmo preço do que em dez vezes? Então, gente, quando optar pelo pagamento à vista, você deve pedir um bom desconto. Geralmente, as lojas oferecem entre 3% e 5%, se você pedir, é claro. Se não pedir, vai pagar o mesmo que a prazo.

Mas, no meu entender, o desconto deveria ser de, no mínimo, 10%. Os juros brasileiros são tão altos que a perda desse lojista quando vende em prestações certamente é muito superior a 10%. E quem disse que ele perde?

Então já sabemos que o pagamento à vista precisa ser bem recompensado. Agora, se você sabe controlar suas despesas e trabalha bem com o cartão de crédito e com o cheque especial, as parcelas são muito bem vindas sim. Você pode adquirir um bem, que não teria como pagar à vista, parcelando por vários meses.

Como eu já ressaltei em outras colunas, ter crédito é muito bom e muito saudável para a economia como um todo. Quando compramos, ainda mais a crédito, isso impulsiona os empresários a investirem mais, o que gera mais empregos e mais vendas e novamente mais empregos e mais vendas e assim por diante. É um circulo virtuoso. O crédito alavanca a economia, gera riqueza, renda e, em conseqüência, empregos.

Mas se você, apesar de não saber usar muito bem o crédito, mesmo assim não consegue guardar dinheiro para comprar à vista? Uma boa solução é pedir a orientação de um membro da família que tenha mais familiaridade com o assunto ou mesmo o seu gerente do banco. Mas se for ao gerente, cuidado para ele não vender para você seguros, títulos de capitalização e um montão de outros produtos e serviços de que você não esteja precisando no momento.

Enfim, não existe uma resposta certa para a pergunta proposta no título dessa postagem “À vista ou a prazo?”. Quem decide é você. Então, já que é assim, decida bem!

sábado, 10 de setembro de 2011

Lago dos Cisnes na Quinta da Boa Vista: cultura erudita também pode se popularizar

A Companhia russa Kirov Ballet veio ao Brasil e se apresentou primeiramente em São Paulo (23 a 25/08 com a famosa "O Lago dos Cisnes" e 26/08 com um "Gala"), no Rio de Janeiro (31/08 a 04/09 com "Lago..." e 05/09 com "Gala") e hoje é seu último dia no Brasil, em Belo Horizonte (8 a 10/09). Em todas as cidades os ingressos para as suas apresentações se esgotaram rapidamente, mesmo para as que não eram "O Lago dos Cisnes".
"O Lago dos Cisnes" é uma das mais tradicionais peças de ballet clássico e a música de Tchaikovsky também possui a mesma qualificação: tradicional, bela e, em muitos momentos, triste. Para uma peça tão grandiosa, só mesmo uma excelente companhia como a Kirov, com 273 anos de tradição e que agora voltou ao Brasil pela quarta vez, 10 anos depois de sua última passagem pelo país – a companhia esteve aqui em 1996, 1998 e 2001.
Mas não estou aqui para ostentar a Companhia e nem as suas apresentações em grandes teatros com preços igualmente grandes. O que quero falar é que, sem dúvidas, a apresentação mais especial de todas foi a do feriado de 7 de setembro, na Quinta da Boa Vista (Rio de Janeiro), gratuitamente. Apresentação na qual, com o apoio da Globo Rio, os bailarinos dançaram ballet com música de Chopin no primeiro ato e o famoso "Lago dos Cisnes" no segundo e último atos.
Não se pode negar que um ballet é mais adequado de se ver em um teatro, com aquele quase glamour típico da plateia sentada em poltronas confortáveis, um palco em ótimas condições de som e iluminação e um ambiente com boa acústica. Mas nem isso nem nada tira a beleza de ver milhares de pessoas que não são da "burguesia", são realmente o povo de nosso país, assistindo com atenção e apreciando um ballet clássico de maneira tão popular.
A cultura erudita geralmente só atinge as camadas mais favorecidas da sociedade. Atitudes como esta, de levar um pouco dessa cultura que não é de massa e que costuma custar caro nos bolsos da sociedade, ao povo de maneira geral, é grandiosa e tem de se repetir o quanto mais possível.
Eu admiro o ballet e a música que é tão profunda, mas o que realmente me emocionou foi olhar aquela multidão de pessoas assistindo ao espetáculo e, principalmente, gostando. Isso foi lindo. Cada movimento dos bailarinos, cada acorde de Tchaikovisky, cada olhar de cada um dos que ali estavam: lindo!
Em 1998 a Companhia Kirov também se apresentou gratuitamente, na Enseada de Botafogo e para um público de cerca de 50 mil pessoas. Como disse o diretor da companhia, Yuri Fateev:
" Numa apresentação desse tipo muda tudo, a luz, o som, só não muda a reação da platéia, que é sempre maravilhosa. "

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Uma pitada de samba e um bocado de histórias

Episódio de hoje: 
Primeira Música gravada no Brasil

Jornal "Echo Phonographico" homenageia o cantor Bahiano em dezembro de 1904.

Por Rodrigo Shampoo

A musicalidade corre solta no blog A Notícia no Divã e, se misturados à História, não há quem segure os nossos textos. Desta vez, vamos buscar no iniciozinho do século XX, a primeira música gravada no Brasil, “Isto é Bom”, de Xisto Bahia, cantada por Bahiano, o mesmo que gravou o primeiro Samba “Pelo Telefone”. 

Xisto Bahia

Voltamos à 1902 para ouvir essa bela melodia no ritmo lundu, que ao ser adicionado ao maxixe, à modinha, ao cateretê, ao choro, ao jongo e à marcha deu origem ao sagrado samba tupiniquim.


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Compaixão não é o forte do Dogcão

O gato não odeia tanto o rato, o Diabo não odeia tanto o Anjo, a escuridão não odeia tanto a luz, o Esqueleto não odeia tanto o He-man, o Curinga não odeia tanto o Batman, o Vingador não odeia tanto o Mestre dos Magos, você não odeia tanto o Faustão... quanto o Dogcão odeia o Peticuloso! Aproveita esse ódio e visite o site do criador, basta clicar aqui, ou aqui. Aqui também, mas só se você quiser!

domingo, 4 de setembro de 2011

Crédito mais caro


Por Rufino Carmona

Prometi eleger um tema de finança pessoal e discorrer sobre ele a cada semana aqui nesse espaço. Mas como a fragilidade da economia global ficou tão marcante após o rebaixamento da nota da dívida dos Estados Unidos, não tenho como falar de qualquer outro assunto.

Antes que você estremeça aí do outro lado, não vou entrar em detalhes sobre o rebaixamento da nota americana. Minha intenção é me ater somente a um único e importante ponto: sempre quando o mundo passa por alguma crise, como essa, começa a existir a chamada aversão a risco. Traduzindo: os capitais começam a procuram portos mais seguros pelo mundo e desistem de correr riscos, pelo menos por algum tempo.

A tendência então é que o crédito fique mais escasso e sobretudo mais caro. Ou seja, a hora não é das melhores para você pegar um empréstimo, porque os juros estarão mais altos. E nem é hora também para fazer grandes compras, ainda mais com muitas parcelas. A indefinição por que passa o mundo dá ao empresário uma sensação de desconforto e ele fica com receio de investir. Com isso, mesmo que por pouco tempo, a economia dá uma certa parada. Conclusão: o risco de se perder o emprego aumenta.

Tudo bem que o Brasil, como já ressaltou a presidenta Dilma, está mais preparado do que na crise de 2008. E olha que até passamos muito bem por ela em vista de outros grandes países que, até hoje, nem conseguiram se firmam novamente. Mas como gato escaldado tem medo de água fria, é melhor não corrermos risco, não acha?

O melhor mesmo é segurar um pouco o consumo e não fazer nenhum empréstimo, pelo menos nessas duas primeiras semanas, só para sentir como vai se desenrolar a crise, principalmente aqui dentro do nosso país.

E torçamos para que os Estados Unidos e a Europa resolvam, com agilidade e de forma adequada, seus graves problemas fiscais.

Gente, na semana que vem eu volto a falar sobre um tema mais relacionado ao seu dia a dia financeiro. Até lá!

sábado, 3 de setembro de 2011

Nunca é tarde pra se revelar

Vale a pena conferir a voz do norte-americano Charles Bradley. Surpreendente. Surpreendente a sua música e a sua revelação. Emergindo pela Daptone, o novo ícone da soul music é ex-cozinheiro e foi "descoberto" pela galera da Daptone tocando na noite do Brooklin sob o nome de Black Velvet, fazendo imitações de James Brown.
Charles Bradley esperou 48 anos para lançar seu primeiro álbum, cujas faixas muito tem a ver com sua vida pessoal. São pequenos relatos das dificuldades de sua vida e seu título é "No time for dreaming".
Lançado em janeiro, seu CD possibilitou que Charles esteja sendo considerado equivalente a grandes nomes do soul como Otis Redding e Al Green. Suas músicas do álbum são executadas pela Menahan Street Band, especialista em black dos anos 1960 e 70. Com o sucesso surpreendente de seu lançamento, Bradley, que mal tinha saído dos EUA, embarcou em uma bela turnê mundial.
Charles nasceu no estado da Flórida e foi criado em Nova York. Passou parte de sua infância nas ruas. Sua vida mudou a partir de um show de James Brown, no qual foi levado pela sua irmã. Bradley tinha então 14 anos, e a partir deste dia, segundo o próprio, a música passou a ser sua vida. Tornou-se cozinheiro em um bar do Maine através de um programa do governo e foi lá que conheceu a banda por ele considerada a melhor que teve em sua vida. Com eles tocando juntos a casa enchia, até que os integrantes foram convocados para servir no Vietnã e não mais se encontraram. Depois disso Charles trabalhou em um hospital psiquiátrico em NY, onde ficou por quase uma década, até que pediu demissão e decidiu correr o país de carona. Seus 20 anos seguidos dessa pequena aventura passaram-se com ele trabalhando como cozinheiro. Justamente quando ele pensou que conseguiria finalmente comprar um imóvel, foi demitido. Voltou para a família em Nova York e passou a fazer biscastes e tentar novamente a vida na música. Aos 51 anos seu irmão foi assassinado pelo próprio sobrinho, um choque. Foi aí, nesse período de depressão que ameaçava a própria vida de Charles Bradley, que ele conheceu o rapaz branco Gabriel Roth, dono do pequeno selo Daptone Records, além de ser baixista, compositor e engenheiro de som.
Este rapaz chamou Bradley para participar como vocalista em algumas produções suas. Em 2007, a música retrô de Gabriel Roth teve a oportunidade de sair dos guetos e se tornar mais conhecida através do produtor Mark Ronson, que convidou sua banda, os Daps-Kings, a acompanhar à cantora agora já falecida Amy Winehouse, no disco "Black to black". Este ano, Roth veio ao sucesso com a ex-carcereira e ainda assim diva musical Sharon Jones, quem, aliás, fez muito sucesso nos palcos brasileiros no mês de junho deste ano.
No meio disso tudo Charles Bradley conheceu o guitarrista Thomas Brenneck por intermédio de Roth. O guitarrista ficou fascinado com as histórias de vida de Bradley e foi através de seu conselho que Charles as transformou em música e que foi convidado por ele a gravá-las com sua banda, a Menahan Street Band. Charles Bradley, afinal, é uma prova viva de que nunca é tarde para a realização de sonhos.
Ainda não há previsão de shows e nem de lançamento do CD por aqui, só nos resta torcer para que não demore demais! Enquanto isso temos que nos contentar com os videos no youtube. Não deixem de assistir, ouvir e apreciar!

http://www.youtube.com/watch?v=86nnjtedA0U&feature=fvst

http://www.youtube.com/watch?v=moiUyFQQE-0

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Aldir Blanc



Por Carlos Pinho

Carioca do Estácio, terra de grandes sambistas, Aldir Blanc nasceu em 2 de setembro de 1946. Começou a compor ainda na adolescência e deu seus primeiros passos rumo ao sucesso nos emblemáticos festivais de música brasileira do final da década de 60, época em que cursava a faculdade de medicina. 

Formou parcerias com Ivan Lins e Gonzaguinha, mas foi com João Bosco que veio a consagração, quando compuseram músicas que se tornaram símbolos da resistência ao regime militar. O maior deles foi “O Bêbado e o Equilibrista”, utilizado como hino na campanha pela anistia, promulgada pelo presidente João Figueiredo em 1979.

“O Bêbado e o Equilibrista” ficou eternizada na voz da pimentinha Elis Regina. Mate a saudade: