domingo, 29 de julho de 2012

Salvador Dalí com A Divina Comédia, Macanudismo e Quadrinhos de Liniers, Mural Itália-Brasil

A Caixa Cultural do Rio de Janeiro está apresentando boas exposições:

Dalí: A Divina Comédia
A exposição “Dalí: A Divina Comédia” reúne 100 pinturas de Salvador Dalí inspiradas na obra “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri. Um grande pintor surrealista inspirado em uma grande obra da literatura.
Para quem não conhece, “A Divina Comédia” é sobre uma viagem por três mundos, os quais são o Inferno, o Purgatório e o Paraíso, com os personagens Dante representando o homem, Beatriz representando a fé e Virgílio, a razão. A exposição acompanha esta divisão.
A série de cem aquarelas foi encomendada a Dalí pelo governo italiano na época da comemoração dos sete séculos de “A Divina Comédia”, a qual foi escrita de 1304 a 1321.
Salvador Dalí fez telas e gravuras para outras obras importantes também, como “Alice no País das Maravilhas” e “Dom Quixote”. Nasceu em 1904 e faleceu em 1989. Famoso por sua imaginação intensa, com obras fascinantes, tornou-se um dos maiores nomes da arte surrealista.
A exposição fica até o dia 2 de setembro, tem entrada gratuita e classificação 12 anos.



“Macanudismo, Quadrinhos, Desenhos e Pinturas de Liniers”.
Liniers é um famoso quadrinista argentino, que começou fazendo fanzines e depois, com o desenvolvimento da mesma, passou a ter trabalhos seus mostrados em importantes revistas como a Rolling Stone, Spirou, La Mano, etc.
A mostra exibe cerca de 650 obras, entre tirinhas originais de quadrinhos, ilustrações e livros. As tirinhas, publicadas no jornal La Nación e depois em jornais de todo o mundo, apresentam situações cômicas que, cercadas pelo recurso da ironia, dentre outros, provocam reflexão sobre diversos temas importantes através de sua linguagem. ‘Macanudo’, em espanhol, significa extraordinário, excelente. Como está no site da Caixa Cultural, “é um retrato da realidade com fantasia, diversão e melancolia”. Há, na mostra, livros de Liniers para se ler. Vale à pena passar uma tarde inteira lendo-os, pois suas tirinhas realmente são macanudas!
A exposição fica até 9 de setembro, tem entrada gratuita e classificação livre.


Mural Itália-Brasil
Oito artistas dos dois países se uniram para a realização do trabalho apresentado nessa mostra. Cinco italianos e três brasileiros, mais especificamente, fizeram juntos grandes murais, utilizando técnicas da Street Art: grafitti, pôster-arte, máscaras de estêncil e adesivos.
Esse trabalho em conjunto formou um grande mural em cada cidade local dos artistas brasileiros: Rio de Janeiro, Brasília e Salvador. Os artistas locais receberam convidados italianos para a realização do trabalho. Essa exposição encerra o “Momento Itália-Brasil”, que reuniu antes diversas outras exposições e programações.
Como se pode esperar de obras que se encaixam na Street Art, vê-se cores vivas, imagens que expressam muito e muita beleza misturada ao fascínio que o grafitti costuma causar. O grafitti vem se fortalecendo cada vez mais como forma de arte. Uma arte urbana, que veio das ruas e que não deve ser confundida com pichação.
A exposição fica até 12 de agosto, tem entrada gratuita e classificação livre.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Rio é primeira cidade a receber título de Patrimônio Mundial como paisagem cultural



 Foi noticiada no início deste mês a tão aguardada decisão da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura): a primeira cidade do mundo a receber o título de Patrimônio Mundial como paisagem cultural é a cidade do Rio de Janeiro. A cidade do Rio se candidatou a este título pela primeira vez em 2002, não indo muito longe. Foi em 2009, com a entrega de um dossiê completo sobre sua beleza e interação entre a natureza e seus moradores elaborado e entregue pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pelo governo estadual, a prefeitura, a Fundação Roberto Marinho e a Associação de Empreendedores Amigos da Unesco, que começou a haver chances da cidade receber o título. E no último 1° de julho tornou-se real o título.
                O título de Patrimônio Mundial como paisagem cultural avalia a relação entre o homem e a natureza, portanto, o título dá jus a uma vivência harmoniosa entre homem e natureza. O conceito de paisagem cultural surgiu em 1992 e o título de Patrimônio Mundial foi instituído em 1972 pela Unesco. Até antes do Rio receber o título, ‘paisagem cultural’ era um termo que só havia sido usado designando áreas rurais, agrícolas, jardins históricos e de cunho simbólico, afetivo, religioso.
                O título, no entanto, não é permanente. Os locais da cidade que justificaram seu título foram o Pão de Açúcar, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, a Praia de Copacabana, o Corcovado, o Jardim Botânico e a entrada da Baía de Guanabara. Como o título avalia a interação harmoniosa entre o homem e a natureza, estes locais da cidade não são avaliados individualmente e isoladamente, mas sim em todo o seu conjunto, que inclui o forte e o morro do Leme, o forte de Copacabana, o Arpoador, o Parque do Flamengo e a enseada de Botafogo. Agora estes locais têm que receber ações contínuas e fixas de preservação, pois caso não sejam muito bem preservados, a cidade corre o risco de perder o título. O que, é claro, faz muito sentido. Se houver falta de preservação a um nível que não faça mais a convivência do homem e da natureza na cidade ser considerada harmoniosa, não faz sentido o título e nem há merecimento para ele. É bonito ganhar o título, mas é também responsabilidade. E uma responsabilidade bem-vinda, que para dever ser cumprida nem é preciso nenhum título (ou não deveria ser). A responsabilidade se justifica pelas próprias paisagens.

Ana de Hollanda, atual ministra da Cultura, disse que, agora, o país terá um compromisso internacional com a Unesco. “Nas apresentações que fizemos, foi lembrado, por exemplo, que a Floresta da Tijuca era antes um cafezal, mas que foi reflorestada. Ou seja, essa preocupação com a natureza é algo a que os próprios moradores da cidade dão grande importância. Só que agora, passamos a ter um compromisso internacional com a Unesco” — afirmou a ministra, em entrevista à GloboNews. “Todos os locais mencionados na proposta de candidatura passarão a ser acompanhados pela Unesco e nós vamos apresentar relatórios dos trabalhos que vão sendo feitos. Eles cobram mesmo da gente, esse reconhecimento não é fácil. Mas o compromisso de manter isso é muito importante. E nós vamos honrar esse compromisso com a Unesco” — explicou Ana de Hollanda.
                Para o presidente do Iphan, preencheu-se uma lacuna na lista do patrimônio mundial:
— Essa conquista representa um reconhecimento muito importante. Se a gente observar que a lista do patrimônio mundial representa o país, então faltava o Rio de Janeiro dentro dessa lista. O Rio representa a imagem mais difundida do patrimônio brasileiro no mundo. Ou seja, foi preenchida uma lacuna da representação do Brasil para fora do país — disse Luiz Fernando de Almeida. — Mas isso coloca um grande desafio para todos nós, que é o de conseguir construir uma política pública que harmonize com as políticas que são de natureza setorial: política de habitação, de meio ambiente etc. Passaremos a pensar numa política transversal que consiga realmente responder aos desafios de fazer a gestão de um território.
                O Brasil tem ainda 18 bens culturais e naturais na lista dos mais de 900 reconhecidos pela Unesco. Os culturais são o Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto (MG), o Centro Histórico de Olinda (PE), as Ruínas de São Miguel das Missões (RS), o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas (MG), o Centro Histórico de Salvador (BA), o Conjunto Urbanístico de Brasília (DF), o Parque Nacional Serra da Capivara (PI), o Centro Histórico de São Luís (MA), o Centro Histórico de Diamantina (MG), o Centro Histórico de Goiás (GO) e a Praça de São Francisco, em São Cristóvão (SE). Os naturais são o Parque Nacional do Iguaçu (PR), a Costa do Descobrimento (BA e ES), Reserva Mata Atlântica (SP e PR), Parque Nacional do Jaú (AM), Pantanal (MT e MS), as Reservas do Cerrado: Parque Nacional dos Veadeiros e das Emas (GO) e o Parque Nacional de Fernando de Noronha (PE).





terça-feira, 17 de julho de 2012

Pedidos

Bem pessoal, mas que poema meu não é?

Quando meu corpo quiser o teu apenas como companhia,
Não se chateie, é que luxúria demais tira o gosto excitante que a coisa tem.
Apenas se encaixe nesse ritmo com toda a harmonia
Que nossos corações simultaneamente sentem.

Quando, porém, meu corpo pedir por mais,
Não se acanhe em tornar real o que em nossa mente já acontece.
Deixa a insegurança juvenil de lado e faz.
O receio, o medo, esquece.

Quanto houver um momento de estresse,
Apenas se cale e espere o tempo necessário.
Sabemos que no final é o perdão que aparece.
E que um abraço apaga todo o desentendimento involuntário.

Nossos olhos se leem e nosso abraço nos conforta.
Segurança e paz não são possíveis onde não há amor.
Sentimos isso, é o que mais importa.
Nasceu o sentimento como desabrocha uma flor.

E como a flor que necessita de água, nós nos regamos diariamente.
Como a flor que se alimenta do sol e libera o gás que não lhe serve,
Os parasitas, eliminamos. As más raízes, cortamos rente.
E nos alimentamos de sentimentos cujo bem que nos faz é evidente.

sábado, 14 de julho de 2012

150 anos de Gustav Klimt

               Gustav Klimt nasceu em Baumgarten, perto de Viena, em 14 de julho de 1862 e faleceu em Viena em 6 de fevereiro de 1918, sendo um dos mais importantes pintores simbolistas austríacos. Klimt estudou arte desde os 14 anos e perpassou diversos estilos. Começou pintando os vitrais da “Igreja Votiva”; junto com seus irmãos Ernst e Matsh, que o ajudaram muito em suas obras, fundaram a Künstlercompagnie (Companhia dos Artistas), com a qual trabalhou em quadros de tetos do Teatro Imperial (Burgtheater) em sua cidade natal. As escadarias seriam decoradas por outro artista, porém este faleceu antes de terminar e então a Companhia dos Artistas foi contratada para concluir a pintura, devendo manter o modelo histórico. Pintou também alegorias para o teto do Palácio Sturany em Viena e decorou s Villa Hermés, ambos os trabalhos com seus irmãos. Em 1888 Klimf foi premiado com a “Cruz de Mérito de Ouro”. Em 1892 seu pai faleceu, vítima de apoplexia, da qual o artista também seria vítima. No mesmo ano, seu irmão Ernst morre também. 
           Em 1883 foi encomendado a Gustav Klimt painéis alusivos aos cursos de Teologia, Filosofia, Medicina e Jurisprudência do nodo edifício da Universidade de Viena. O painel de Filosofia, em vez de representar a Escola de Atenas, como geralmente ocorre, chocou ao ter sido influenciado por Schopenhauer, representando o mundo como “Vontade, em que os seres vagueiam.”
             Em 1894, já famoso como decorador de grandes construções culturais (muito além das aqui citadas), Klimt foi encarregado de criar quadros que representassem as faculdasdes de Medicina, Filosofia e Jurisprudência. Rejeitando os temas sujeridos, membros da faculdade se opuseram ao seu trabalho. Klimt não queria representar o papel racional da ciência; Klimt fugia dos clichês. Devido a não aceitação de suas obras por parte dos membros da faculdade, a nomeação de Klimt para o cargo de professor na Academia das Artes Decorativas é recusada pela primeira vez. Sua obra “A Jurisprudência” não pôde ser exposta na “Exposição Universal de Saint-Louis” e foi a esta obra que se atribuiu a recusa de sua nomeação como professor. Klimt pensava que a arte não podia e não devia sofrer nenhum tipo de imposição. Ele reincide o contrato dos quadros da faculdade, readquire suas obras e as têm queimadas muito após a sua morte, em 1945.
              É nesse momento que Klimt vive uma mudança de estilo. Sai do historicismo-realista e entra naquele que viria a ser o seu estilo mais conhecido: o período dourado. É aqui que surgem os motivos geométricos, com poucas partes essenciais realistas aparecendo, possibilitando o entendimento das obras. Uma cobertura cerrada como mosaicos onde realismo e abstração se enfrentam. É frequente em suas obras o uso do dourado.
Seu último grande mural é o Friso. Em "O beijo" (1907/08), ou "Der Kuss" no original em alemão, a mulher aparece submissa, transparecendo uma sexualidade intensa. O artista, nesta obra, se baseia em si mesmo e em sua amante Emilie. "O Beijo" constitui o auge do período dourado e torna-se o emblema da Secessão.
No início do século XX, o dourado de Klimt é substituído pelo expressionismo. Em 1912 Klimt substitui por fundo azul (à maneira de Matisse) o fundo de ouro. Isto ocorre a partir do momento em que Klimt viaja a Paris e entra em contato com o fauvismo e com obras de artista como, por exemplo, Toulouse-Lautrec. Suas obras passam a representações menos elaboradas, sem os motivos geométricos e sem o dourado, pintando também paisagens e elementos naturais como vegetação e água.
         As últimas obras do artista são eróticas. Quadros de modelos nuas, incluindo poses íntimas e atitudes mais íntimas ainda. São cerca de 3000 desenhos dessa fase. Em 1915 sua mãe falece e suas obras se tornam mais sombras, tombando para a monocromia. Klint morre em 1918, deixando várias obras inacabadas. 
  Klimt foi o único aluno da Escola das Artes Decorativas, no século XIX, que conseguiu dar início a uma grande carreira artística. Estudou desenho ornamental, associou-se ao simbolismo e foi importante nome na Art nouveau da Áustria. Foi um dos fundadores da Secessão de Viena, movimento que recusava o academicismo nas artes. Destacou-se nas pinturas e nos murais e na criação do seu estilo dourado, cheio de personalidade e toques pessoais, símbolos de uma individuade artística fora dos padrões, distante do clichê e do tradicional. Surpreendeu, chocou, empalideceu muitos que viram obras suas na época. De certo modo, revolucionou, tornando-se um eterno grande artista.
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              Retrato de Adele Bloch-Bauer I (vendido em 2006 por 135 milhões de dólares. Neue Galerie, Nova Iorque.)





                    O beijo ou Der Kuss no original em alemão (1907-08)

                                      Masturbação feminina


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Vem aí o MAR – Museu de Arte do Rio

Está prevista para o dia 10 de setembro a abertura do MAR – Museu de Arte do Rio. O MAR faz parte da revitalização cultural da Zona Portuária, localiza-se na Praça Mauá e pretende abrir as portas nessa data para aproveitar a agenda da ArtRio, a feira de arte do Rio, cuja segunda edição acontecerá entre os dias 12 e 16 de setembro.

O museu foi engenhosamente pensado, unindo dois prédios vizinhos de estilos arquitetônicos diferentes, ambos da primeira metade do século XX, com uma cobertura ondulada que lembra um tapete voador. Os prédios são o Palacete Dom João VI, em estilo eclético e tombado, e o prédio modernista que já abrigou o hospital da Polícia Civil. Foram cerca de três anos de trabalho para que o museu ficasse pronto. A cobertura escoa a água da chuva e todo o material de demolição foi reaproveitado, devido à preocupação com a sustentabilidade. O museu trabalha para obter a certificação LEED, principal selo de construção sustentável.

O museu abrirá com quatro exposições temporárias, uma em cada andar: “Abrigo, poética e o direito de morar” reunirá obras contemporâneas que dialogam com a obra “Mineirinho”,de Clarice Lispector (obra em que Clarice contrapõe sentimentos de um nativo ao de um forasteiro); “Vontade Construtivista” apresentará ao público 150 das 200 peças de uma das coleções mais importantes do país, a coleção Hecilda e Sérgio Fadel, com obras de Lygia Clark, Lygia Pape, Sergio Camargo, Cildo Meireles, dentre outros; “A arte brasileira e internacional” apresentará a coleção de Jean Boghici, com obras de Kandisnky e Tarsila do Amaral, dentre outros; a quarta e última dessas exposições apresentará paisagens e documentos inéditos do Rio. As exposições citadas estarão do térreo ao quarto andar, respectivamente.

O museu, com curadoria de Paulo Herkenhoff, tem acumulado um acervo próprio também. O objetivo é que o palacete apresente exposições e que o prédio onde foi o hospital da Polícia Civil apresente projetos pedagógicos da futura Escola do Olhar, que pretende, a partir de janeiro de 2013, envolver alunos do ensino público em pesquisas sobre arte.

Uma curiosidade sobre o museu é que quem o visitar irá pegar um elevador no prédio da Escola do Olhar até o último andar, cruzar uma passarela externa e entrar no palacete pelo último andar, fazendo com que o visitante veja a exposição do quarto andar e vá descendo progressivamente de escadas até o térreo. A administração do MAR seguirá os modelos dos museus do Futebol e da Língua Portuguesa em São Paulo.