quarta-feira, 18 de julho de 2012

Rio é primeira cidade a receber título de Patrimônio Mundial como paisagem cultural



 Foi noticiada no início deste mês a tão aguardada decisão da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura): a primeira cidade do mundo a receber o título de Patrimônio Mundial como paisagem cultural é a cidade do Rio de Janeiro. A cidade do Rio se candidatou a este título pela primeira vez em 2002, não indo muito longe. Foi em 2009, com a entrega de um dossiê completo sobre sua beleza e interação entre a natureza e seus moradores elaborado e entregue pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pelo governo estadual, a prefeitura, a Fundação Roberto Marinho e a Associação de Empreendedores Amigos da Unesco, que começou a haver chances da cidade receber o título. E no último 1° de julho tornou-se real o título.
                O título de Patrimônio Mundial como paisagem cultural avalia a relação entre o homem e a natureza, portanto, o título dá jus a uma vivência harmoniosa entre homem e natureza. O conceito de paisagem cultural surgiu em 1992 e o título de Patrimônio Mundial foi instituído em 1972 pela Unesco. Até antes do Rio receber o título, ‘paisagem cultural’ era um termo que só havia sido usado designando áreas rurais, agrícolas, jardins históricos e de cunho simbólico, afetivo, religioso.
                O título, no entanto, não é permanente. Os locais da cidade que justificaram seu título foram o Pão de Açúcar, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, a Praia de Copacabana, o Corcovado, o Jardim Botânico e a entrada da Baía de Guanabara. Como o título avalia a interação harmoniosa entre o homem e a natureza, estes locais da cidade não são avaliados individualmente e isoladamente, mas sim em todo o seu conjunto, que inclui o forte e o morro do Leme, o forte de Copacabana, o Arpoador, o Parque do Flamengo e a enseada de Botafogo. Agora estes locais têm que receber ações contínuas e fixas de preservação, pois caso não sejam muito bem preservados, a cidade corre o risco de perder o título. O que, é claro, faz muito sentido. Se houver falta de preservação a um nível que não faça mais a convivência do homem e da natureza na cidade ser considerada harmoniosa, não faz sentido o título e nem há merecimento para ele. É bonito ganhar o título, mas é também responsabilidade. E uma responsabilidade bem-vinda, que para dever ser cumprida nem é preciso nenhum título (ou não deveria ser). A responsabilidade se justifica pelas próprias paisagens.

Ana de Hollanda, atual ministra da Cultura, disse que, agora, o país terá um compromisso internacional com a Unesco. “Nas apresentações que fizemos, foi lembrado, por exemplo, que a Floresta da Tijuca era antes um cafezal, mas que foi reflorestada. Ou seja, essa preocupação com a natureza é algo a que os próprios moradores da cidade dão grande importância. Só que agora, passamos a ter um compromisso internacional com a Unesco” — afirmou a ministra, em entrevista à GloboNews. “Todos os locais mencionados na proposta de candidatura passarão a ser acompanhados pela Unesco e nós vamos apresentar relatórios dos trabalhos que vão sendo feitos. Eles cobram mesmo da gente, esse reconhecimento não é fácil. Mas o compromisso de manter isso é muito importante. E nós vamos honrar esse compromisso com a Unesco” — explicou Ana de Hollanda.
                Para o presidente do Iphan, preencheu-se uma lacuna na lista do patrimônio mundial:
— Essa conquista representa um reconhecimento muito importante. Se a gente observar que a lista do patrimônio mundial representa o país, então faltava o Rio de Janeiro dentro dessa lista. O Rio representa a imagem mais difundida do patrimônio brasileiro no mundo. Ou seja, foi preenchida uma lacuna da representação do Brasil para fora do país — disse Luiz Fernando de Almeida. — Mas isso coloca um grande desafio para todos nós, que é o de conseguir construir uma política pública que harmonize com as políticas que são de natureza setorial: política de habitação, de meio ambiente etc. Passaremos a pensar numa política transversal que consiga realmente responder aos desafios de fazer a gestão de um território.
                O Brasil tem ainda 18 bens culturais e naturais na lista dos mais de 900 reconhecidos pela Unesco. Os culturais são o Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto (MG), o Centro Histórico de Olinda (PE), as Ruínas de São Miguel das Missões (RS), o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas (MG), o Centro Histórico de Salvador (BA), o Conjunto Urbanístico de Brasília (DF), o Parque Nacional Serra da Capivara (PI), o Centro Histórico de São Luís (MA), o Centro Histórico de Diamantina (MG), o Centro Histórico de Goiás (GO) e a Praça de São Francisco, em São Cristóvão (SE). Os naturais são o Parque Nacional do Iguaçu (PR), a Costa do Descobrimento (BA e ES), Reserva Mata Atlântica (SP e PR), Parque Nacional do Jaú (AM), Pantanal (MT e MS), as Reservas do Cerrado: Parque Nacional dos Veadeiros e das Emas (GO) e o Parque Nacional de Fernando de Noronha (PE).





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