segunda-feira, 18 de março de 2013

Cidade das Flores

Foto Rodrigo Shampoo

Vou contar a história de um lugar
Onde todos os habitantes
Tinham motivo para se orgulhar
Em seus campos lindas flores
Era um parque de amores
Onde as pessoas só sorriam
E as crianças se divertiam
Imponentes florestas o cercavam
Suas faunas e floras ricas brilhavam
Era um lugar belo
Com mais de cem castelos
Todos lá se conheciam
Cristalinos riachos nele nasciam
Os ventos apenas arejavam
Enquanto ao seu ritmo
As folhas dançavam
Os pássaros coloridos gorjeavam
E seus tenros habitantes
Sorriam a cada instante
As montanhas encantavam
Àqueles que a olhavam
Mas chegou certo dia
Junto com uma nuvem fria
Um nobre forasteiro
Em seu cavalo prata
Que corria pela mata
Logo ele criou asas
E as pessoas se inquietaram
Ali na praça elas pararam
Era um misto de pavor e admiração
Ficaram paralisadas com o coração na mão
Logo o visitante se apresentou
"Sou um mágico trovador!"
Desceu de seu cavalo pulcro
E disse palavras calmas
Que purificavam a alma
Ele só queria lucro
Das suas mãos nascia a magia
Transformou uma rocha cinza em uma Bouvardia
Os olhos das pessoas transbordavam alegria
Com cinestesia
O mágico prosseguia seduzindo
Provocando um misto de entorpecimento e euforia
Se sentindo o dono de todos
O mágico continuava agindo
Logo ele fez um pedido
"Preciso de suas flores meus amigos!"
Todos da praça corriam
Para o visitante eles traziam
Quantas flores em suas mãos cabiam
As flores foram arrancadas dos canteiros
E quando acabaram as flores do campo inteiro
O mágico lhes pediu dinheiro
Os habitantes cativados
Entregou-lhe suas riquezas
Totalmente maravilhados
Uma orquídea foi erguida
E a cidade agradecida
Pela suntuosa exibição
Mas o mago insatisfeito
Achou-se no direito
De mandar na multidão
Exigiu o maior dos castelos
Construído em pedras preciosas
Pintado com as cores: verde e amarelo
Com duas torres esplendorosas
O mágico voltou-se para as mulheres
E escolhera a mais formosa
Para lavar os seus talheres
O lugar que era o paraíso
Ficou feio e destruído
Toda aquela qualidade
Se tornou iniquidade
As pessoas amarguradas
Estavam todas condenadas
Agora eram todos detentos
Homens fedidos e lazarentos
Sem voz para gritar
Não sobraram flores para contar
Toda aquela rica beleza
Virou história demudada em tristeza
A água límpida e cristalina
Era um poço de esgoto, carne podre e naftalina
Os habitantes se revoltaram
E o mágico eles expulsaram
Junto dele a inocente mulher
Que não teve culpa alguma
Mas foi tratada como uma vadia qualquer
O lugar belo renasceu
O campo seco e cinza floresceu
Assim como uma página de livro
O tempo passou
E certo dia
Aquele mágico voltou
As pessoas ignorantes se esqueceram do acontecido
E com os mesmos artifícios
Os habitantes ele conquistou
E, novamente...
Aquele campo florido acabou



2 comentários:

  1. Simplesmente fantástico! Adorei a musicalidade do poema, que me prendeu do ínicio ao fim.

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