domingo, 20 de novembro de 2011

Tempo ao tempo


Viro, me reviro, me desviro na cama.

Minha língua chama pelo teu beijo quente.

Só o teu corpo pode apagar esta chama.

Amor, vem aqui e me diz o que você sente.


Sim, eu chamo por você a todo instante.

As olheiras demonstram as noites mal dormidas.

Insônia é algo que tem se tornado constante.

Será que nossas lembranças por você já foram esquecidas?


Levanto. Vou até o armário, cujo lado direito agora se encontra vazio.

E o vazio é a recordação que tenho de suas roupas e sapatos.

Imagino você me amando como outrora, pareço uma gata no cio.

Sem ter como aliviar o desejo e a saudade, tristes e intensos fatos.


Viro, reviro, desviro cartas, fotografias, momentos representados em papel.

Lágrimas caem sem expressar nem um mínimo da falta que sinto.

Será que você já tem outra? sinto na boca o gosto amargo do fel.

Vou até a sala e viro logo duas doses de absinto.


Minha imediata tontura alivia a sensação de mal estar.

E a esta dá lugar a uma sensação de conformismo.

Ganho a consciência de que melhor solução que o tempo não há.

E deixo de lado qualquer extremismo.


Viro, reviro e desviro meu próprio corpo.

Descubro minha capacidade de me fazer sentir os prazeres carnais.

Ser autosuficiente, independente, talvez seja meu escopo.

Apesar do prazer, não dá. Corpo, cheiro e voz de homem são fundamentais.


Não vou lhe buscar em outros corpos. Não é possível.

Não vou me desvalorizar e me relacionar com qualquer um.

No fim das contas o término não é assim tão terrível.

Não é o fim do mundo, nem é incomum.


Viro, reviro e desviro meus pensamentos.

Deito aliviada após reflexões e logo durmo calmamente.

Fazem parte da vida não só as alegrias, mas também os sofrimentos.

E tudo será superado, com um gosto bom como o seu beijo quente.

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