sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A morte anunciada do humor


Por Rodrigo Shampoo

O que está acontecendo com a sociedade na qual eu estou inserido? Começo com esta pergunta para falar de um assunto que está em voga, após os seguidos episódios protagonizados por Rafinha Bastos, do programa CQC (muito bom, por sinal!). Isso mesmo, vou falar de humor. Mas sem ser engraçado!

A sociedade já vivenciou severas ditaduras com censuras aos jornais, à liberdade de ir e vir e à moral. Agora estão querendo censurar o humor. Era só o que faltava! Estou cansado do “politicamente correto”, e de tanto “pode e não pode”. O humor deve ser ilimitado e, quem não gosta de tal piada, não assista, não leia, não veja e não procure para não se sentir ofendido. E se, por um acaso, a piada chegar até você contra a sua vontade, o que é bem viável... FODA-SE! Se nem Jesus conseguiu agradar a todos, não será uma piada que conseguirá. Proibir piada sobre determinado tema é censura. E, do jeito que tá, daqui a pouco só será feita anedota sobre as paredes e as samambaias – e não me refiro às mulheres frutas, mulheres vegetais, mulheres legumes e por aí vai...

Rafinha Bastos foi eleito, pelo jornal The New York Times, a personalidade mais influente do Twitter.

Humor negro, besteirol, irônico, palhaço, pastelão, bobo, ácido, pungente, burlesco, jocoso, mordaz, sagaz, inteligente, espirituoso, engraçado, sarcástico... vale tudo para fazer uma piada. Doa a quem doer, incomode a quem incomodar.

Lembro-me que passei a infância assistindo “Os Trapalhões”, mas não confunda com “A Turma do Didi”. Eu assisti o Mussum encher a cara de cachaça, sem que isso me tornasse um alcoólatra. Vi o Didi fazer piadas sobre homossexuais, sem incomodar a quem de direito. Vi o Zacarias ser zoado por ser feio, por usar peruca e por ser baixinho, e não era considerado bullying. Vi piadas com negros, nas quais o Mussum participava, e não era racismo. Era humor livre e engraçado!


Quando uma pessoa é proibida de se expressar, sendo impedida de expor suas ideias, está configurado um retrocesso inaceitável ao totalitarismo. Não é com mordaça que se exercita a democracia – esta que funciona na teoria, mas, na prática, apresenta muita incoerência, mas não entrarei nestes detalhes.

Que o humor sirva para ridicularizar políticos que colocam o nariz de palhaço na sociedade, enquanto são aplaudidos a cada eleição. Que o humor sirva para fazer rir aos interessados na chalaça. Mergulhamos num mundo fétido onde a mesma pessoa que achou a piada do Rafinha Bastos um absurdo, ficou surpreso por eu ser sambista, frequentador de rodas de partido alto sendo loiro, branco e de olhos claros. Onde a mesma pessoa que defende o homossexualismo, olha para um terreiro de Umbanda e diz: “Caralho, uma porrada de macumbeiro junto evocando o Diabo!”. Muito prazer, essa é a hipocrisia, escondida na sua face frente ao espelho!

Vivemos numa sociedade líquida, como definiu o sociólogo Zygmunt Bauman. Isso significa que, assim como um rio em contínuo movimento, que altera o curso frequentemente e ultrapassa obstáculos, a sociedade está sempre em constante mudança. Mas este rio social está podre feito esgoto. A liberdade deve existir para ambos os lados, a proibição é que não deve estar presente. Soa como intolerância, e eu não gosto de intolerância. Será que ter intolerância à intolerância faz de mim mais uma peça na engrenagem social enferrujada? Bem vindo ao nosso mundo afogado em hipocrisia.

Estando no inferno, abraça o Diabo!

7 comentários:

  1. Muito bom mesmo!!! esta de parabéns!!!! (aplausos)
    shampoo meu irmão! esse texto foi PHODA!!! =)

    ResponderExcluir
  2. KKKKKKKKKKK. Muito bom

    Saiba tudo sobre o projeto da Polishop.com.vc no site http://www.vireumempreendedor.blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. O NOSSO HUMOR TEM SIDO RIDICULARIZADO
    MAS AMIGO PRA ALIVIAR A TENSAO VAI NA NO

    http://gabrielluniaodastribos.blogspot.com/
    E PARTICIPE DA CAPANHA CLIQUE NO CAVALO E RIA A VONTADE

    ResponderExcluir
  4. Rodrigo, suas observações são pertinentes, embora continue achando que limite é sempre saudável. E, no caso do humor, o limite é a graça. Mas não sou a favor da censura nem de nada que chegue perto do autoritarismo. Desconfio que a suspensão de Rafael Bastos tenha mais a ver com os anunciantes/grana, não sei direito. A piada do estupro, confesso, acho beeeeeem pior do que a de Vanessa e o bebê. Esta ele falou de supetão ali na bancada, ao vivo. Concordo que a patrulha é excessiva, mas a discussão é sempre necessária! Beijo!

    ResponderExcluir
  5. Gal, mas convenhamos que o que um indivíduo acha engraçado, o outro pode não achar, meus quadrinhos são a prova disso. Uma piada de português pode não agradar um lusitano, assim como uma piada de loira pode não agradar a minha mãe. É aí que mora a liberdade de escolha. Quem se sente ofendido com as palavras dele, não assista CQC, tampouco o programa dele. O que eu não concordo é proibi-lo de falar. Que a Wanessa o processe e não a sociedade e a mídia o condenem.

    ResponderExcluir
  6. Acho a piada uma coisa importante na minha vida!
    Soou um cara serio, mas meu blog e para fazer as pessoas sorrirem...isso faz da gente aquilo que gostariamos de ser!
    Estou seguindo...passa la no meu tb e seja feliz e de uns sorrisos....
    ecologiaeviversorrindo.blogspot.com

    ResponderExcluir