quinta-feira, 10 de maio de 2012

Programa Imperdível de Dia das Mães: Maria Rita cantando Elis



Existe modo mais bonito de passar o dia das mães do que homenageando a própria mãe? Isso é o que fará Maria Rita no próximo domingo, dia 13. Maria Rita apresentará um show no Aterro do Flamengo, gratuitamente, cantando apenas músicas interpretadas por Elis Regina. Agora que já tem uma carreira sólida construída e que já provou a todos que não é apenas uma cópia de Elis, que descobriu sua própria personalidade musical e dos palcos, Maria Rita se sente segura para fazer este show que por muitos é esperado desde o início de sua carreira.

O show faz parte do projeto "Viva Elis" e é o último show da turnê que passou por Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo. Patrocinado pela Nívea, o show homenageia Elis Regina, cuja morte está completando 30 anos. O projeto inclui também uma exposição sobre a maior intérprete que o nosso país já teve, a qual está atualmente em São Paulo no Centro Cultural São Paulo e que tem previsão de passar pelo Rio entre outubro e novembro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Elis morreu quando Maria Rita tinha apenas quatro anos. Deixou como herança o talento facilmente perceptível. No show que fez em Recife Maria Rita disse:"Há mais de vinte anos não tinha contato com a música de Elis. Poder entrar em contato com a arte dela; com a voz dela, é muito bom. Como cantora, como filha, e, principalmente, como mulher". Em Recife, em Porto Alegre e em Belo Horizonte ingressos foram distruibuídos para manutenção de espaço e quantidade de pessoas; a capital pernambucana recebeu cerca de 40 mil pessoas, POA recebeu cerca de 60 mil e muito estranhamente o show de Belo Horizonte foi apenas para privilegiados: cerca de apenas 10 mil pessoas conseguiram ingressos, fato ocorrido, segundo organizadores do evento, por exigência dos moradores do bairro em que o show ocorreu, com fins de evitar tumultos. Mas, pelo que se divulgou, quem foi não se arrependeu da luta por conseguir ingresso. Pelo contrário, se emocionou tanto que o fariam de novo.

Elis Regina é a maior intérprete de nosso país, intensa e com uma voz ímpar. Personalidade forte, explosiva e também cativante, emociona e apaixona mesmo após sua morte. Não será Elis, mas será uma grande cantora que, além disso, é também sua filha. Alguém tem dúvidas de que este show é imperdível? Pois eu não tenho! E que presente melhor para se dar às mães (e a si mesmo) do que boa música, vinda da alma, fruto de amor pela arte e pela melodia?!




O que? Show da Maria Rita cantando Elis.
Onde? Aterro do Flamengo - RJ.
Quanto? gratuito.
Quando? dia 13 de maio, domingo.
A que horas? 16h.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Raul e Heleno: fortíssimas personalidades

Apesar do atraso, vou falar sobre dois intensos e ótimos filmes (e consequentemente sobre as personalidades de que tratam) que estão em cartaz atualmente e já há algumas semanas: o documentário " Raul - O Início, o Fim e o Meio" com direção de Walter Carvalho e de Evaldo Mocarzel e "Heleno" com direção de José Henrique Fonseca.
Um nos apresenta o grande astro do rock Raul Seixas, forte candidato ao troféu de mais "doidão" (ou de "maluco beleza", pra ficar mais de acordo) dentre todos os artistas brasileiros já existentes e sem dúvidas um dos maiores rockeiros e artistas do nosso país; o outro nos apresenta o grande jogador de futebol Heleno de Freitas, que morreu na solidão do fim do abismo da desgraça de suas próprias atitudes e escolhas. O que eles têm em comum além da nacionalidade? Personalidades fortíssimas. Foram ambos homens apaixonados. Um apaixonado pela música, pela sua capacidade de revolucionar, sendo considerado por muitos o pai do rock brasileiro, pelo álcool e pelas mulheres. O outro, apaixonado por futebol, pelo Botafogo mais especificamente, pelo cigarro, também pelas mulheres e, acima de todas as paixões, foi apaixonado por si mesmo.
O documentário sobre Raul Seixas não tem apenas o mérito de ser sobre um grande artista nacional, cujas letras passaram pela censura militar justamente pela sua inteligência em ocultar seus duplos ou múltiplos sentidos e cuja revolução na música o faz ser considerado por muitos como o maior rockeiro do país; tem mérito também por se desenvolver através de um decorrer dos fatos e dos depoimentos de uma maneira tal que se dá em muito mais que simplesmente apresentá-los: mostra de uma maneira divertida, intensa, engraçada e apaixonante. O documentário consegue perfeitamente passar para o público a intensidade de Raul, de sua música e de sua história. Este baiano passou por dificuldades na cidade maravilhosa, por um bom número de esposas, por filhas com as quais teve pouco contato, pelo grupo "Raulzito e Os Panteras", pela parceria com Paulo Coelho (ao mesmo tempo maravilhosa e com efeitos sombrios), por uma tal Sociedade Alternativa que fazia até sacrifícios de animais, pelas drogas - as quais lhe foram apresentadas por Paulo Coelho, como o próprio confessa no documentário, ao dizer que a única sobre a qual ele não tem certeza é a cocaína - pelo auge, pela queda, e passa até hoje pela nossa lembrança, pelo nosso reconhecimento, carinho e pelo nosso gosto por sua música.

O filme sobre o jogador Heleno de Freitas nos mostra um antiherói do futebol da era de ouro do Rio de Janeiro, os anos 40. É importante ressaltar que o filme em preto e branco e com excelentes closes em Santoro não é exatamente uma biografia, não se propõe a documentar a vida de Heleno e que a cantora estrangeira é fictícia e está ali como resumo de suas aventuras amorosas. Nas palavras de Santoro, Heleno foi um homem "obcecado pela perfeição". Tão talentoso e tão arrogante; como conciliar sua paixão pelo campo, o que exige união e companheirismo entre os componentes de um time, com sua paixão por si mesmo e por mais ninguém? Um egoísta que queria fazer o melhor pelo seu time do coração: o Botafogo, mas que acabou fazendo o pior para si mesmo. Coisa que não atingiu só a ele próprio, como também a sua esposa e filho e a todo um público e imprensa reconhecedores tanto de seu talento quanto de sua personalidade perturbada, que o levou para a solidão e levou sua esposa para um caminho em que acabou por gostar e se casar com aquele que era o melhor amigo de Heleno. Interpretado maravilhosamente por Rodrigo Santoro, o filme é apaixonante pelo mesmo motivo que o documentário de Raul: por conseguir passar ao público a intensidade de Heleno, de sua carreira e de sua história. Infiel, viciadíssimo em cigarro, sem disposição para jogar bem em outros times que não fossem o Botafogo, formado em Direito, um eterno insatisfeito, que falava o que pensava sem antes refletir sobre se as consequências valiam à pena ser sofridas. Falava por impulso, algum déficit mental que lhe impedia de acalçar o equilíbrio e a sensatez ou, talvez, por achar que o mais importante era ele ser ele mesmo sem limites?! A resposta dessa questão não nos é possível alcançar, mas nos é possível perceber, através da atuação impecável de Santoro, o quão forte foi sua personalidade, lamentavelmente, de um modo (muito) negativo. Alinne Moraes também merece elogios pela sua atuação, linda como sempre e mostrando, mais uma vez, não ser só um rosto bonito.


Raul morreu por consequências de seu alcoolismo e da diabetes que havia em seu corpo instalada. Heleno morreu por consequência de sua escolha em não tratar a doença que dominava seu corpo: a sífilis. Raul aos 54, Heleno aos 39. Ambos morreram precocemente e não só por doenças, mas também pelas suas escolhas em viver intensamente e loucamente, cada um a seu modo, em vez de viver por mais tempo. Eu posso dar exemplos de outros artistas que optaram por esse destino (como a recentemente falecida Amy Winehouse) e também de outros jogadores de futebol que, talentosos e com possíveis grandes futuros, "estragaram" suas vidas tolamente (como o caso Bruno), mas no momento não me recordo de exemplos que, além de um final trágico, tenham tido também personalidades tão fortes. Raul e Heleno: focos de dois filmes que merecem ser vistos e prestigiados e dois brasileiros que serão eternamente lembrados, ao mesmo tempo sob a ótica da admiração e também da tristeza e lamentação.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Viradão Cultural: iniciativa mais que bem-vinda



Neste último fim de semana ocorreu no Rio de Janeiro o Viradão Cultural e em São Paulo a Virada Cultural - mesmo estilo de evento, com uma pequena diferença de nome e com muita diferença de conteúdo -, que em sua oitava edição em SP e em sua quarta edição no RJ, vem se consagrando como uns dos melhores eventos culturais gratuitos de ambas as cidades, se não os melhores.


Acho que já é clichê discorrer sobre a importância de eventos desse tipo, mas ainda assim corro esse rico para ressaltar, mais uma vez, o quão proveitosa é a oportunidade que um evento como esse dá a todos nós. No caso do Viradão Cultural Carioca especificamente, pudemos presenciar shows, stand-up comedy e até apresentação em telão das finais do campeonato carioca de futebol, com palcos em diversos locais da cidade. Este tipo de evento dá a oportunidade de se ver gratuitamente excelentes shows, aproximando a cultura de um público que inclui pessoas que, muitas vezes, não têm oportunidade de assistir a shows pagos.
Mas entre shows populares e outros menos, entre cantores renomados há décadas e entre outros mais novos, dando oportunidade a eles próprios de participarem de um evento bacana como esse e de se apresentarem na cidade, assim como dando oportunidade ao público de conhecê-los; entre diversos genêros musicais e entre o reconhecimento do valor que o evento tem, há sim críticas.
Uma crítica é quanto à divulgação do evento que varia entre vários jornais e sites geralmente confiáveis como Uol ou do próprio O Globo. Este link do portal Globo -
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/04/viradao-carioca-2012-ja-tem-mais-de-60-atracoes-confirmadas-confira.html -, por exemplo, não divulga o show do cantor Baia depois da homenagem ao Clube da Esquina (programação de sexta-feira no palco Arpoador). Mas o show ocorreu, para a minha surpresa e de quem mais não sabia sobre, e foi excelente. Isso porque o evento ocorre com patrocínio da própria Globo Rio em conjunto com a Riotur. Outra crítica é quanto à programação de certos palcos. Qual é o sentido de colocar Ana Carolina em meio a Naldo, Gusttavo Lima e Jammil e uma Noites? Respeitamos todos os genêros musicais e seus públicos, mas não podemos negar que há uma linha de sentido entre genêros como o funk carioca, sertanejo universário e axé por serem genêros mais festivos, de massa e com um público de predominância jovem. Sei que posso ser mal interpretada por esta passagem do texto, mas sei também que o que estou dizendo é de fácil compreensão. Não tenho dúvidas de que muitas pessoas que gostam de Ana Carolina não foram por ser um estilo de show e de música que não tem a ver com os demais shows da programação de domingo no palco da Quinta da Boa Vista.

                                      
Conferi de perto o palco do Arpoador e garanto que vale à pena comparecer. Mas entre excelência de oportunidade e atrizes bonitas apresentando os shows, há algumas questões sobre as quais percebo o público discorrendo. Por exemplo, qual é o sentido de colocar o palco de costas para a praia? Seria muito mais adequado se colocasse de frente pra praia, possibilitando um público maior, maior ventilação de ar e maior proveito da paisagem maravilhosa que se tem ali. Outra questão é sobre os técnicos de som: cada banda usa o seu ou há um técnico geral? pergunto isso pelo fato de que em alguns shows o som perto do palco fica tão absurdamente alto que chega realmente a machucar os ouvidos e isso é mais que inadequado ou não saudável, é absurdo que isso ocorra em shows de profissionais e em um evento desta proporção. Conferi de perto o Viradão também no ano passado e esse ano não só eu mesma pensei novamente nessas questões como ouvi, de novo, o público também comentando sobre.
                                    
O Viradão Cultural Carioca se inspira na Virada Cultural de São Paulo, a qual já se encontra em sua oitava edição. Ainda não tive a oportunidade de conferir presencialmente a Virada de São Paulo, mas estou torcendo não só pra ter a oportunidade, como também para que o Rio se aproxime mais do evento de lá: programação durante 24 horas ininterruptas, inclusive com atrações internacionais. A Virada Cultural de São Paulo ocorre, atualmente, sob organização da Secretaria Municipal de Cultura, sem patrocínio de empresa privada. Poder-se-ia alegar, quanto às 24h ininterruptas de São Paulo, que no Rio de Janeiro se oferece programação de sexta a domingo, enquanto em São Paulo o Viradão ocorre no sábado e no domingo "apenas". No entanto, isto com certeza não é o suficiente. Na edição desde ano foram mais de 2000 atrações em São Paulo contra cerca de 60 aqui no Rio de Janeiro. As atrações de São Paulo vão mais além do que shows e stand-up comedy, tem teatro, exposições, apresentações de dança, sessões de cinema, dentre outros, e esse ano contou com uma novidade: uma feira gastronômica. A Virada Cultural de São Paulo conta com o envolvimendo dos principais museus, teatros e centros culturais da cidade, em conjunto com a rede Sesc e com a Secretaria Estadual da Cultura. Além disso, os paulistas e os visitantes da cidade podem contar com o metrô funcionando durante 24h excepcionalmente para o evento. Ou seja, podemos facilmente concluir que por melhor que seja o nosso Viradão Carioca, o evento ainda tem muito o que crescer. Apesar disso, continuamos reconhecendo a importância do evento e torcendo para seu bom desenvolvimento, até porque não nos é um favor. O evento é, no mínimo, uma obrigação da prefeitura. No entanto, sabemos que diante de tantas dificuldades e carências, já é um bom começo.



sábado, 5 de maio de 2012

Cachoeira e o mar de lama


O deputado federal Stepan Nercessian (PPS-RJ) e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) pareciam relaxados nesse banho de cachoeira até que. . .
Por Carlos Pinho

Afinal, recordar é viver. . .

E a presença do bicheiro Carlinhos Cachoeira em escândalos envolvendo nossos políticos está longe de ser uma novidade.

Para refrescar a memória do leitor, em 2004, o mesmo gravou e divulgou um vídeo no qual Waldomiro Diniz, então assessor de José Dirceu, o ministro-chefe da Casa Civil na época, aparece extorquindo o contraventor. A propina seria destinada às campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores e do Partido Socialista Brasileiro no Rio de Janeiro. Por sua vez, Diniz garantia-lhe ajuda em concorrências públicas.    

José  Dirceu

O caso ganhou repercussão internacional. Foi a primeira crise política do governo Lula. Dirceu perdeu força, já que Waldomiro Diniz 
era seu homem de confiança – seu amigo e assessor direto entre os anos de 1992 e 2004. De certa forma, o caso foi abafado, o tempo tratou de diluí-lo na lembrança popular e José Dirceu ganhou uma sobrevida no cargo – até que o escândalo do Mensalão o derrubasse em 2005.

Waldomiro Diniz
O que há de mais estarrecedor na relação do bicheiro com a política brasileira é o grande número de gente que está saindo “molhada” a cada vez que uma manobra escusa ligada à Cachoeira “deságua” em investigações, na imprensa e na opinião pública.

Ministros, governadores, prefeitos, deputados, senadores, jornalistas, enfim. . .

Nesse mar de lama não há qualquer tipo de discriminação. Essa cachoeira, que já afogou gente da situação, agora inunda os gabinetes de membros do governo, aliados e opositores. Uma rede de negociatas que possui, em sua pauta, os mesmos interesses desbaratados em 2004, dentre eles, o favorecimento em licitações públicas.

Segundo a revista Isto é, em conversas telefônicas, Cachoeira fala sobre contratos públicos em São Paulo nas gestões de Serra e Kassab.















Nessa enxurrada de acusações, a construtora Delta está mergulhada até o pescoço. Ela seria a maior beneficiada nessa trama. E, nadando ao encontro das suspeitas, não seria de se pasmar. Ela está presente numa quantidade avassaladora de obras vinculadas a estados, a municípios e ao próprio governo federal.  

Sérgio Cabral faz a festa com os seus secretários e os diretores da Delta em Paris.
“Aqui come todo mundo, cara. Se não pagar pra todo mundo não funciona. Eu tô nisso há 16 anos!”, explica Lenine Araújo de Souza, o braço direito de Cachoeira, em diálogo gravado pela Polícia Federal.
Àqueles que estão ilhados na desinformação, os nomes do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), do deputado federal Stepan Nercessian (PPS-RJ), dos governadores Agnelo Queiroz (PT-DF), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ), além de José Serra – quando prefeito de São Paulo –, se pesquisados juntos ao de Carlinhos Cachoeira, dão um panorama da poluição existente da foz à nascente do rio Brasil. 

Carlinhos Cachoeira

Mas, que fique bem claro, límpido e cristalino: estes são apenas alguns que figuram nessa cascata, que nada tem de marolinha e que, para alguns, já se tornou um tsunami.  

terça-feira, 1 de maio de 2012

Fotografias apaixonantes. Mais que isso: natureza, conscientização e beleza.



Você já ouviu falar em Yann Arthus-Bertrand? fotógrafo, jornalista e ambientalista, este homem não só trabalha em prol da conscientização da importância da preservação ambiental como também é, sem dúvidas, um grande artista.

Arthus-Bertrand, francês nascido em Paris em março de 1946, dá a nós, cariocas, a oportunidade de nos fascinarmos e de ficarmos boquiabertos com suas fotografias e com as paisagens e situações por elas mostradas. A exposição vai até dia 24 de junho e se iniciou no último dia 27, na Praça Floriano, na Cinelândia. Expostas em tamanho bem grande, são 130 fotografias, todas acompanhadas de legendas e, acreditem, vale muito à pena tirar horas de um dia pra ver e lê-las uma por uma. Pode até ficar cansativo no final, mas o vislumbre do entendimento, do conhecimento e do fascínio pela arte compensa em demasia. Até porque muitas são incompreensíveis sem lê-las. Diversas nos remetem a quadros a óleo de arte abstrata, enquanto, na verdade, são imagens de coisas bem reais como derramamentos de petróleo e coisas do genêro. As fotografias foram todas tiradas por ele de um helicópero a alturas que variaram entre 300 e 30.000 metros.

Quando o francês tinha 30 anos, em 1978, ele foi para o Quênia realizar um estudo sobre o comportamento dos leões. Acompanhado por sua mulher, que também integrou a realização do estudo, Arthus-Bertrand teve que arrumar um meio de se sustentar: ser piloto de balão. Este é o momento crucial que demarca o início de muitos projetos, pois foi neste momento que ele se apaixonou completamente pelas paisagens vistas do céu. Descobrindo a fotografia aérea, tirou fotos de desertos, ilhas, vulcões, praias, plantações, dentre muitos outros. "A Terra Vista do Céu", nome da exposição que está sendo exposta na cidade e que já passou por 110 países, mostra-nos diversas dessas fotografias.

Nesse caminho, Arthus-Bertrand fundou uma agência de fotos: a Altitude, especializada em fotografias aéreas. E o artista esteve aqui presente no último dia 26 como convidado do Encontros O GLOBO. Convite este que não lhe foi oferecido apenas por conta de seu trabalho como artista, mas sobretudo pelo seu trabalho como ambientalista. Afinal, estamos contando os dias para a realização do evento RIO+20, conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre desenvolvimento sustentável e economia verde, que ocorrerá entre 13 e 22 de junho. E mais que isso: sua exposição não poderia mesmo deixar de passar por aqui, cidade que, de certo modo, é o seio materno dela. Foi a RIO 92 (também conferência realizada pela ONU há 20 anos, visando discussões sobre questões ambientais, mudanças e metas) que inspirou Arthus-Bertrand a realizar este tabalho e foi logo após sua vinda ao evento que as fotografias começaram a ser produzidas. Ao longo de oito anos ele tirou essas fotografias arrebatadoras.

Arthus-Bertrand diz: "É preciso fazer uma revolução já. E ela não pode ser ecônomica, científica ou política. É preciso que seja espiritual. Mas não no sentido religioso, e sim com a pergunta: como podemos fazer para viver melhor?", referindo-se à situação atual do mundo em relação aos problemas ambientais, os quais podem sim ter solução. Nomeado Embaixador de Boa Vontade do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, suas fotografias merecem ser mais que conferidas: merecem ser admiradas.

Como não se apaixonar, assim como Bertrand, pela fotografia aérea? Depois de comparecer à exposição isso se torna inevitável. São simplesmente fascinantes. Pode-se, é claro, visitá-la mais de uma vez. Uma exposição em praça pública tem mais que o objetivo de apenas apresentar as obras, ela objetiva trazer pra perto de nós, cidadãos, não só a oportunidade mais prática de vê-la, como, no caso, a conscientização em relação à natureza: como ela nos afeta, como nós a afetamos e, acima de tudo, como precisamos refletir sobre e preservá-la.

Deixo aqui um gostinho de quero mais:













  


quarta-feira, 18 de abril de 2012

domingo, 15 de abril de 2012

Eliseu Visconti - Técnicas diversas, capacidade genial e mãos perfeitas em seu trabalho



















Você já ouviu falar em Eliseu Visconti? Caso sim e caso seja um apreciador da arte, vai adorar a exposição de cerca de 230 trabalhos seus no Museu Nacional de Belas Artes (RJ). Caso não e caso seja um apreciador da arte, vai se surpreender em demasia com este artista que é muito menos reconhecido quanto de fato deveria ser, pois basta ver de perto algumas de suas obras pra se sentir a certeza da capacidade do artista: enorme, forte, bela e extremamente competente.
Sua capacidade é enorme porque é raro um artista que consiga se aventurar a utilizar diversas técnicas diferentes e que faça essa proeza muito bem, não só em obras diversas, como, muitas vezes, na mesma obra. É bela porque ele faz isso tão bem que nos passa beleza sincera em suas obras, estejam elas mais voltadas para o academicismo, que marca suas obras iniciais, pro neo-realismo, que marca sua fase final, ou passando pelo naturalismo e pelo impressionismo, dentre outras correntes artísticas. Ele pintou quadros de nus, de sua família, autorretratos, paisagens (inclusive de muitos locais do Rio de Janeiro), cerâmicas e até selos para o país, como, por exemplo, os selos comemorativos do 1° Centenário da Independência. E não se pode deixar de falar, é claro, que é de parte dele todas as pinturas da sala de espetáculos de um dos mais importantes pontos turísticos de nossa cidade, o nosso querido Theatro Municipal do Rio de Janeiro, feitas a convite do prefeito Pereira Passos. Um artista tão rico só o pode ser através de sua competência em fazer arte, dessa maneira intensa cujo exemplo Visconti nos dá.

Eliseu D'Angelo Visconti nasceu em Salerno (Itália) em 1866, vindo para o Brasil ainda menino. Estudou no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e na Academia Imperial de Belas Artes. Venceu em 1892 o concurso da República para estudar na Escola Nacional de Belas Artes na França. Nesse momento recebe influências de alguns dos movimentos artísticos que, na época, estavam ocorrendo pela Europa: simbolismo, impressionismo e arte nouveau.
Visconti é considerado o introdutor da art nouveau nas artes gráficas do Brasil e pioneiro do design nacional, uma vez que desenhou selos, ex-libris, cerâmicas, tecidos, vitrais, luminárias, papéis de parede, dentre outros. Faleceu em 15 de outubro de 1944 e deixou como legado uma demonstração de capacidade artística das mais admiráveis e das quais temos que nos orgulhar, pois se nasceu na Itália, foi aqui que se criou e se iniciou como artista, mostrando em diversas obras suas o carinho que tinha pelo Rio. Fazia parte dele e é recomendável que ele faça parte de nós, pois é um artista que merece muito reconhecimento. Vale ressaltar a curiosidade de que uma de suas obras, Gioventú, é considerada a Mona Lisa brasileira.
Parte integrante das principais coleções do país, com destaque para os acervos do Museu Nacional de Belas Artes e da Pinacoteca do Estado de São Paulo, sua carreira de cerca de 60 anos durou dos últimos anos do Segundo Reinado até a Segunda Guerra Mundial, fazendo uma ponte entre o Brasil Imperial e o Brasil moderno. Quem comperecer à exposição de suas obras, além de não se arrepender, vai concordar que é quase inacreditável saber que sua última retrospectiva havia sido em 1949, há mais de 60 anos. A maior parte de suas obras está em coleções particulares e muitas delas não são conhecidas nem ao menos do próprio neto, responsável pelo projeto da retrospectiva e pela busca por obras de Eliseu Visconti, assim como muitas não são conhecidas pelos especialistas. É importante lembrar, nesse contexto, que Tobias Stourdzé Visconti, neto do artista, continua buscando por obras perdidas do avô e pede que aqueles que estejam com alguma obra, que entrem em contato através do email contato@eliseuvisconti.com.br, requerendo solicitação para análise de autenticidade.

Talvez Visconti tenha sido um pouco esquecido pelo público devido à importância e repercussão do movimento modernista no nosso país, tendo como base a famosa Semana de 1922 e que foi responsável pela criação de um certo preconceito em relação à produção artística anterior ao modernismo. Mas é preciso deixar de lado as dicotomias simplistas que demarcaram essa divisão artística (vanguarda/academicismo; nacional/estrangeiro) e se abrir à obra de Visconti, que é tão rica e diversa. Confira!



O que? Exposição maravilhosa de cerca de 230 obras de Eliseu Visconti.
Onde? Museu Nacional de Belas Artes // Av. Rio Branco, 199 - Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Quando? de 04 de abril a 17 de junho de 2012.
Quanto? Entrada gratuita até o final de maio devido à comemoração dos 75 anos de criação do MNBA. Os preços costumeiros do MNBA são: Inteira R$8,00, meia R$4,00. Gratuita aos domingos.




sábado, 14 de abril de 2012

Thiaguinho, o revolucionário do Samba?


Por Carlos Pinho

"Me sinto honrado por ter mudado a história do Samba".
(Thiaguinho)


Discordo da declaração do cantor Thiaguinho. Mas há uma questão a salientar. O Samba, como agregado cultural de valor inestimável na formação da identidade da nossa nação, não é algo estagnado ou uma moldura que devemos apenas contemplar. Ele, assim como a cultura num panorama mais amplo, está em transformação constante, com a inserção de novos elementos e a consequente diversificação do conceito.

Afinal, as pessoas não deixam de interagir (ainda mais hoje) e, a partir dessas relações sociais, aprender e assimilar outras culturas. Se o que resulta disso é tido como bom ou ruim pela crítica, é outro assunto. Nem tudo são flores no processo histórico.

Entretanto, Thiaguinho não mudou a história do Samba. Ele apenas bebe na fonte de uma tendência que vem desde a década de 1980 e que projetou conjuntos como Raça Negra, Razão Brasileira, Só Preto Sem Preconceito, Só pra Contrariar e o próprio Exaltasamba. Isso, em hipótese alguma, significa uma ameaça ao consagrado Samba de Raíz. Este, por sinal, é resultado de muita discussão e choque de estilos, formas e projetos. Os debates entre Donga e Ismael Silva exemplificaram bem esse cenário. Para o autor de “Pelo telefone”, Ismael fazia marcha. Este, por sua vez, dizia que Donga cantava maxixe. No vídeo abaixo, o autor de "Antonico" e "Se você jurar" relembra esse caso.

     
Esse embate teve um papel fundamental para legitimar a matriz da - como chama Nelson Sargento - instituição. Uma tradição que, posteriormente, foi enriquecida com nomes como Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Candeia, João Nogueira, Roberto Ribeiro, Beth Carvalho e tantos outros, além de ter resultado em ramificações, tais quais a Bossa Nova, o Partido Alto, o Sambalanço (ou Sambarock) e o Pagode.  
  

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Ao meu lado tu dormes tranquilamente...


Ao meu lado tu dormes tranquilamente, enquanto eu me perco em devaneios...

Não te vejo, mas te sinto.
Eu te sinto a cada segundo de sonho meu,
no qual cavalgas lindamente,
não sob um cavalo branco de contos de fadas,
mas sob mim mesma, deliciosamente.

Não te vejo, mas te sinto.
Eu te sinto em tuas garras sob minha pele.
Marcas de arranhões animalescos de quem,
com muita fúria e paixão, acalmou a mim,
gata no cio com fome de ardor. Com fome de amor.

Não te vejo, mas te sinto.
Eu te sinto em teus dentes caninos me devorando.
Minha carne crua e macia não basta,
Teus anseios pedem por mais: pedem por alma.
Entrega de quem faz amor por pensamento.

Eu te vejo e eu te sinto.
Eu me vejo quando te vejo, eu me sinto quando te sinto.
Nessa procura incessante por ti,
Eu procuro mais ainda por mim.
Procuro em ti minha própria fonte de prazer.

Eu te vejo e eu te sinto
Nos limites entre homem e animal, entre corpo e espírito
Eu me faço em teus meios, tu me satisfazes em meus meios.
Em um simples abrir de portas que te desejam entrando por elas,
Sinto em ti, sinto por ti, fêmea fome quase insaciável.

Eu te vejo, eu te sinto, eu te ouço, eu te cheiro.
Vejo o homem que faz de mim tua mulher.
Sinto o macho que faz de mim tua fêmea.
E os gemidos ouvidos baixinho, sons de uma música luxuriosa.
Cheiro íntimo; odor de flores que não são do campo, mas do corpo.

Eu te sinto, eu me sinto.
Eu me transporto a ti, tornando-me parte tua.
Uma fusão de corpos que multiplica prazeres.
Amor que na cama, no chão, na mesa e na poesia se faz.
Eu te vejo e eu te sinto, aqui, agora, sob meu seio, absorto.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Homenagem a G.M.

Este poema é dedicado a uma amiga muito especial.

Menos feminilidade do que em outras garotas? alguns viam isso. Eu via personalidade.
Aparência "agressiva"? alguns viam isso. Eu via força.
Um certo medo tolo de criança? enquanto alguns sentiam isso, eu sentia indiferença.
Enquanto alguns acham que a internet é incapaz de trazer amizades de verdade,
eu tenho a plena certeza de que a nossa assim surgiu e é forte como uma onça.
Eu acredito em nós duas e após todos esses anos, nada me tira essa crença.

De vestido? nunca lhe vi. Mas quem é bonito, é bonito de qualquer maneira.
Salto alto? nunca vi mesmo, mas confesso que nem eu sou assim muito amiga deles. (rs)
Um certo preconceito infantil? enquanto alguns tinham, era-me indiferente.
Com minhas amigas você não se deu com nenhuma, mas com você eu me dei por inteira.
E esse carinho criado, conquistado, os anos demonstram. Está refletido neles.
E nada o diminui, nem a correria da vida, que nos impede de nos vermos constantemente.

A vida vai seguindo, nós vamos crescendo. Nossas amizades vão se consolidando.
E pensar que nem suas amigas de colégio ainda estão presentes como um dia estiveram...
E que eu, logo eu, aquela que entrou em sua vida meio inesperadamente, de surpresa...
Sim, eu continuo presente. De corpo, mas sobretudo de alma e coração, te amando.
E nesse momento parece tão distante qualquer besteira que outros disseram...
Você foi dádiva ganha por eu não ter nadado com a correnteza.

Eu me orgulho tanto desse carinho que tenho por você, de uma maneira tão especial,
que não tenho dúvidas de que o importante não é acompanhar os acontecimentos diários,
Mas sim ter a confiança que tenho em ti, essa certeza sincera de que é o que eu sinto que é.
É amizade. É carinho, e é forte. É hoje, é amanhã e foi ontem. É atemporal.
Constitui-me. Constitui-lhe. Constitui um bando de bonitos sentimentos involuntários,
Que geram o fato consumado comprovado de que amizade é, simplesmente, pra quem quer.

Pra quem quer conhecer e se deixar levar sem aparências, sem muros, sem preconceitos
Pra quem quer ser amigo sem selecionar de quem, sem ver com os olhos, mas com o coração
E eu gosto de você por ser quem é, não é preciso nenhum ingrediente a mais.
Ser amigo é uma característica como tantas outras, que não vê cores, credos, nem feitos
Sou amiga de alma, sou amiga como se é estudioso ou não, como se é engraçado ou não
E nessa junção de nós duas surgiu essa amizade bonita, que só mesmo o amor faz.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Doisneau, a alma do artista exposta na fotografia


"As maravilhas da vida cotidiana são tão emocionantes. Nenhum diretor de filmes pode organizar o inesperado que você encontra na rua." (Robert Doisneau)

O próximo sábado, dia 14 de abril de 2012, marca a data de centerário de Robert Doisneau, falecido em 1994. E é em homenagem a este artista, um dos maiores fotógrafos da história da fotografia, que o Centro Cultural Justiça Federal dá a oportunidade ao público carioca de presenciar uma exposição inédita de grandes obras de Doisneau. Trazida pela Aliança Francesa, com patrocínio da Peugeot e produção da Bonfilm, a exposição contém 152 obras do artista que registrou a vida social da Paris de sua época, transformando seus retratos em cartões postais e em eternas retratações de um tempo que passou e que por ele foi registrado de um modo muito bonito.


Doisneau fotografou não só Paris, mas também seus arredores. Assim como trabalhou em fotografias para publicações em revistas, como a famosa "O Beijo do Hotel de Ville", de 1950. Seu trabalho, ao longo de sua carreira, foi publicado em mais de 20 livros. Foi tema de quase dez filmes (a princípio, nove) e recebeu prêmios como o Grand Prix National de la Photographie (1983), Kodak (1947), o prêmio de Balzac Honoré de Balzac (1986) e o prêmio de Niépce Nicéphore Niépce (1956). E foi nomeado Cavaleiro da Ordem da Légion d'Honneur em 1984.

Nascido em Gentilly, Val-de-Marne, no limite de Paris, zona entre cidade e campo, Doisneau foi um apaixonado por fotografias de rua, tornando-se muito popular. Conhecido por suas imagens irônicas, misturando registro social e humor, classes sociais e ambientes comuns da vida cotidiana, Doisneau fascina-nos através do que ele consegue nos passar através de suas obras: faz-nos rir, choca-nos, faz-nos refletir. Em diversas de suas obras ele questiona a ambiguidade; através de diversas séries suas de fotografias ele nos conta histórias através das sequências. Em suas obras, ele trata de temas como crianças, a periferia, as pessoas simples e os sentimentos que cercam tais temas. Não há como suas obras serem entendidas sem referências às suas origens.

"Robert Doisneau foi o cronista infalível de uma época em
que a banalidade do cotidiano competia com a lenta, porém obcecante evolução da sociedade. Do seu jeito, humano e perspicaz, ele foi o testemunho privilegiado de um tempo em que Paris se expandia para cima da periferia, a qual também devorava o campo, urbanizando o camponês contra sua vontade." (Agnés de Gouvion Saint-Cyr, curadora da exposição)

O que? excelente exposição de 152 fotografias de Robert Doisneau
Onde? Centro Cultural Justiça Federal // Av. Rio Branco, 241 (Centro - Rio de Janeiro)
Quanto? Entrada Franca
Quando? de 8 de março a 17 de junho de 2012

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Março passou e deixou vestígios...

Março, definitivamente, foi um mês e tanto. Felizardos os que souberam e puderam aproveitar. O Rock Progressivo invadiu o Rio de Janeiro e deixou pela cidade uma aura de fascinação. Estará o progressivo ganhando mais lugar nos palcos? Minha falta de disponibilidade de internet nos últimos tempos e a correria da vida não me impedirão de falar sobre, apesar do atraso.
Dias 10 e 11 de março, há quase um mês, o rock invadiu a casa Rio Rock e Blues Club na Lapa e deixou marcas facilmente perceptíveis. Foi um sucesso, encheu a casa e o público pede bis. O Rio Prog Festival deixou bem claro que chegou para ficar, ao menos por um bom tempo. E deixou claro também que não está para brincadeira, chegou para trazer boas bandas, tocando muito boa música e uma grande oportunidade de assisti-las, assim como de comprar LPS e CDs. Ótimas bandas autorais e covers se alternando e satisfazendo muito bem os que souberam aproveitar a oportunidade e compareceram. Não dá para não parabenizar às bandas: SUB ROSA (MG), BANDA TRUCCO (RJ), MAHTRAK (SP) e BY THE POUND (MG).
Logo ali pertinho, tanto no aspecto da data quanto no do endereço, dia 14 de março foi marcadíssimo por um show maravilhoso que vai ficar na memória tanto dos que foram assisti-lo quanto da própria banda: a banda holandesa FOCUS, sem dúvidas, uma das melhores bandas de rock progressivo tocou lindamente no Teatro Rival. É mais que fácil apaixonar-se por Thijs van Leer, seja no órgão ou na, por mim adorada, flauta; é provável. A música é mais do que sons em harmonia, é poesia, é alma colocada pra fora. O Teatro Rival lotou e deu pena não conseguir colocar pra dentro todos os interessados em assistir ao show. O público, durante todo o show, se mostrou totalmente entretido, prestando atenção, não conversando paralelamente como em outros aconteceu e a banda respondeu isso de maneira muito satisfatória: fez um show que durou mais que outros e não disfarçou a alegria em estar tocando para um público que realmente os admira e os acompanha. Com direito à sessão de autógrafos no final do show, bobeou quem foi embora rapidamente. Sem dúvidas, uma noite e tanto!


Um evento um tanto quanto menor, mas que não pode passar por despercebido, foi o que ocorreu no Centro Cultural da Justiça Federal no dia 27 do último mês: a Orquestra de Solistas do Rio de Janeiro tocou clássicos do rock progressivo. Meus queridos, nada mais, nada menos, do que um espetáculo tocando Emerson, Lake and Palmer(!). Raro como é haver eventos de rock progressivo, parece que a mania está pegando e as produtores, finalmente, estão percebendo que há sim público e que é um genêro que merece mais espaço. Não se pode deixar passar isso como se não significasse nada; os fãs do genêro precisam ficar atentos, pois se procuram programação, esse é o momento de haver mais chances em encontrar. O espetáculo, apesar de pequeno (justamente pelas dúvidas em relação a haver público), foi lindo. Merece repetições e extensões.
E, claro, como não falar sobre o show do Roger Waters que, no Rio, ocorreu dia 29, no Estádio do Engenhão?! Apresentando um espetáculo audiovisual e tanto, tocando o álbum The Wall, é difícil decidir se o fascínio foi maior pelo enorme muro utilizado como o grande componente do espetáculo ou se pela música e pela oportunidade. Apresentando ao público uma enormidade de significações, o muro mostrou imagens, desenhos, pequenos vídeos, etc. Dentre eles, muitos remetendo ao filme The Wall. O muro foi a grande base do espetáculo. Não foi Pink Floyd, mas foi Roger Waters e isso basta pra ser muito bom. Não, eu não vou entrar no aspecto crítico, primeiro por não achar que entendo o suficiente sobre, segundo porque o êxtase de uma programação progressiva é tão delicioso que não há espaço em mim para ver os aspectos ruins ou, pelo menos, não tão bons. Roger Waters tirou o restinho de fôlego que havia em mim.


Agora cabe a nós nos indagarmos sobre o futuro. Já compraram seus ingressos pro show de Roger Hodgson, ex vocalista da banda SUPERTRAMP? E, apesar de não ser progressivo, mas ainda assim ser boa, já compraram seus ingressos pro show da banda Crosby, Stills e Nash?
E imginando o futuro, nos questionamos: quando será a próxima edição do Rio Prog Festival mesmo?! Ao produtor do evento, Claudio Fonzi, perguntamos: e a banda Quaterna Requiem? quando mesmo? os ingressos já estão sendo vendidos, podemos ir agora mesmo comprá-los??? Calma, meus queridos. Em breve, em breve! Tomara! E há ainda boatos sobre a possibilidade de shows da banda pioneira de rock progressivo CURVED AIR. E ainda, entre o hard e o progressivo, há boatos também sobre a possibilidade da banda WISHBONE ASH vir. Será? Será? Tomara! Sejam essas ou outras, que venham mais bandas excelentes como têm vindo. E agora vamos dar um stop na escrita/na leitura e ouvir um som, pois a música é, terminantemente, uma das grandes inspirações e realizações humanas.