segunda-feira, 4 de abril de 2011

O PRECONCEITO EM PERSPECTIVA

Reprodução/Youtube
 
 
Por Carlos Pinho. . .

Aguardei até agora para postar esse artigo pois alguns assuntos merecem desdobramentos e não podem cair no esquecimento. . .

O assunto da última semana foram as declarações do deputado Jair Bolsonaro no programa CQC , da Band. Além das seguidas frases em que destilava todo o seu preconceito contra os homossexuais, Bolsonaro , ao ser questionado por Preta Gil sobre o que “faria se seu filho  se apaixonasse por uma negra”, soltou a pérola:

“Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Não corro esse risco porque os meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu“.

Assim , estava armada a cofusão. Movimentos LGBTs e de defesa da cultura Afrodescendente demonstraram o seu repúdio ao político. A opinião pública reprovou, em sua maioria. As declarações geraram grande repercussão. Em Brasília, o caso não pegou bem entre os parlamentares. Com algumas ressalvas.

Além de Bolsonaro, o também deputado federal Marcos Feliciano não deixou de dar o seu pitaco:

“Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é a polemica. Não sejam irresponsáveis twitters rsss.(...) A maldição que Noé lança sobre seu neto, canaã, respinga sobre continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas”, disse Feliciano em sua página no Twitter.

Após a polêmica, defendeu-se em seu site:

Como Cristãos, cremos em bençãos e portanto não podemos ignorar as maldições. Recai sobre o homem o peso da lei, toda vez que por ele a lei é quebrada.(...) No twitter existe um grupo de homoafetivos que deturpam tudo o que digo, e dessa vez foram longe demais! Esparramando pela midia uma matéria esdruxula! Ja fui entrevistado hoje por muitos jornalistas, alguns sensibilizados por compreenderem do que se trata, outros irritados ja me chamando de HOMOFÓBICO E RACISTA”.

Também por meio do Twitter, Preta Gil, filha do cantor e exministro Gilberto Gil, declarou sobre Bolsonaro:

“Advogado acionado. Sou uma mulher negra, forte e irei até o fim contra esse deputado, racista, homofóbico, nojento. Conto com o apoio de vocês”.

As opiniões dos “ilustres” deputados são dignas de crítica? Sim. Todos os que possuem senso de universalidade e congraçamento de todos, sem quaisquer distinções, concordam com isso. No entanto, só gostaria de lembrá-lo, caro leitor: eles são deputados federais. Pasmem: foram democraticamente eleitos. Jair Bolsonaro teve cerca de 120 mil votos. Já Marcos Feliciano foi colocado Câmara por pouco mais de 211 mil pessoas.

Estes números mostram, portanto, que uma boa parcela da população coadunam com esses pontos de vista. O preconceito existe na Brasil. É fato. Um preconceito sacana, mascarado, hipócrita que tem de ser abolido. A imunidade parlamentar merece entrar em discussão. Até onde ela é válida? As leis que punem atitudes desse tipo devem agir sobre todos, independente de posição na sociedade.

Realmente, existe parlamentar que é pra lamentar. . .
 

Um comentário:

  1. Carlos, acredito que só no Brasil políticos e outros cargos em destaques não estão sob a tutela da Constituição. Ainda não consegui entender esse lado de foro especial.
    Pra mim, todos são iguais perante a Constituição e ela não discrimina políticos, autoridades, juízes, etc.
    Não sei o porquê de tanta conversa fiada em torno do assunto. È racista, é homofóbico, sim. Não importa a posição. Transgrediu a lei tem que ser responsabilizado.

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