
"O Lago dos Cisnes" é uma das mais tradicionais peças de ballet clássico e a música de Tchaikovsky também possui a mesma qualificação: tradicional, bela e, em muitos momentos, triste. Para uma peça tão grandiosa, só mesmo uma excelente companhia como a Kirov, com 273 anos de tradição e que agora voltou ao Brasil pela quarta vez, 10 anos depois de sua última passagem pelo país – a companhia esteve aqui em 1996, 1998 e 2001.
Mas não estou aqui para ostentar a Companhia e nem as suas apresentações em grandes teatros com preços igualmente grandes. O que quero falar é que, sem dúvidas, a apresentação mais especial de todas foi a do feriado de 7 de setembro, na Quinta da Boa Vista (Rio de Janeiro), gratuitamente. Apresentação na qual, com o apoio da Globo Rio, os bailarinos dançaram ballet com música de Chopin no primeiro ato e o famoso "Lago dos Cisnes" no segundo e último atos.
Não se pode negar que um ballet é mais adequado de se ver em um teatro, com aquele quase glamour típico da plateia sentada em poltronas confortáveis, um palco em ótimas condições de som e iluminação e um ambiente com boa acústica. Mas nem isso nem nada tira a beleza de ver milhares de pessoas que não são da "burguesia", são realmente o povo de nosso país, assistindo com atenção e apreciando um ballet clássico de maneira tão popular.
A cultura erudita geralmente só atinge as camadas mais favorecidas da sociedade. Atitudes como esta, de levar um pouco dessa cultura que não é de massa e que costuma custar caro nos bolsos da sociedade, ao povo de maneira geral, é grandiosa e tem de se repetir o quanto mais possível.

Em 1998 a Companhia Kirov também se apresentou gratuitamente, na Enseada de Botafogo e para um público de cerca de 50 mil pessoas. Como disse o diretor da companhia, Yuri Fateev:
" Numa apresentação desse tipo muda tudo, a luz, o som, só não muda a reação da platéia, que é sempre maravilhosa. "

A cultura erudita foi feita para a apreciação das classes mais elevadas da sociedade, isso é histórico e não tem como negar. Mas não quer dizer que deva ser sempre assim e muito menos que só elas tenham esse direito. A cultura erudita, assim como toda cultura, deveria ser plenamente difundida em todos os setores da sociedade, assim estaremos a mais um passo da verdadeira democracia.
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