sábado, 10 de setembro de 2011

Lago dos Cisnes na Quinta da Boa Vista: cultura erudita também pode se popularizar

A Companhia russa Kirov Ballet veio ao Brasil e se apresentou primeiramente em São Paulo (23 a 25/08 com a famosa "O Lago dos Cisnes" e 26/08 com um "Gala"), no Rio de Janeiro (31/08 a 04/09 com "Lago..." e 05/09 com "Gala") e hoje é seu último dia no Brasil, em Belo Horizonte (8 a 10/09). Em todas as cidades os ingressos para as suas apresentações se esgotaram rapidamente, mesmo para as que não eram "O Lago dos Cisnes".
"O Lago dos Cisnes" é uma das mais tradicionais peças de ballet clássico e a música de Tchaikovsky também possui a mesma qualificação: tradicional, bela e, em muitos momentos, triste. Para uma peça tão grandiosa, só mesmo uma excelente companhia como a Kirov, com 273 anos de tradição e que agora voltou ao Brasil pela quarta vez, 10 anos depois de sua última passagem pelo país – a companhia esteve aqui em 1996, 1998 e 2001.
Mas não estou aqui para ostentar a Companhia e nem as suas apresentações em grandes teatros com preços igualmente grandes. O que quero falar é que, sem dúvidas, a apresentação mais especial de todas foi a do feriado de 7 de setembro, na Quinta da Boa Vista (Rio de Janeiro), gratuitamente. Apresentação na qual, com o apoio da Globo Rio, os bailarinos dançaram ballet com música de Chopin no primeiro ato e o famoso "Lago dos Cisnes" no segundo e último atos.
Não se pode negar que um ballet é mais adequado de se ver em um teatro, com aquele quase glamour típico da plateia sentada em poltronas confortáveis, um palco em ótimas condições de som e iluminação e um ambiente com boa acústica. Mas nem isso nem nada tira a beleza de ver milhares de pessoas que não são da "burguesia", são realmente o povo de nosso país, assistindo com atenção e apreciando um ballet clássico de maneira tão popular.
A cultura erudita geralmente só atinge as camadas mais favorecidas da sociedade. Atitudes como esta, de levar um pouco dessa cultura que não é de massa e que costuma custar caro nos bolsos da sociedade, ao povo de maneira geral, é grandiosa e tem de se repetir o quanto mais possível.
Eu admiro o ballet e a música que é tão profunda, mas o que realmente me emocionou foi olhar aquela multidão de pessoas assistindo ao espetáculo e, principalmente, gostando. Isso foi lindo. Cada movimento dos bailarinos, cada acorde de Tchaikovisky, cada olhar de cada um dos que ali estavam: lindo!
Em 1998 a Companhia Kirov também se apresentou gratuitamente, na Enseada de Botafogo e para um público de cerca de 50 mil pessoas. Como disse o diretor da companhia, Yuri Fateev:
" Numa apresentação desse tipo muda tudo, a luz, o som, só não muda a reação da platéia, que é sempre maravilhosa. "

Um comentário:

  1. A cultura erudita foi feita para a apreciação das classes mais elevadas da sociedade, isso é histórico e não tem como negar. Mas não quer dizer que deva ser sempre assim e muito menos que só elas tenham esse direito. A cultura erudita, assim como toda cultura, deveria ser plenamente difundida em todos os setores da sociedade, assim estaremos a mais um passo da verdadeira democracia.

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