sábado, 11 de fevereiro de 2012

O Incompreensível (ou O Insolucionável)


Eu compreendo os suicidas
Toda vez que não consigo enxergar um futuro
Andando a esmo, sem esperanças, crenças esquecidas.
Abismo sombrio, de breu puro.

Eu compreendo os misantrópicos
A cada minuto de duração dos telejornais
O homem é mau e como mudar isso são os tópicos
da questão 'como fazer dos homens seres normais'.

Eu compreendo os sonhadores
Toda vez que encontro positivismo nos olhos de uma criança.
Paz, amor, um mundo sem guerras, sem dores.
É bom acreditar que a tempestade não é eterna e ainda virá a bonança.

Eu compreendo os loucos e também os iludidos.
Deve ser formidável a possibilidade de se viver num mundo paralelo.
Acreditar na mentira que são muitos dos momentos vividos,
Deixar-se fugir das atitudes humanas aparentemente sem elo.

Eu compreendo os depressivos
Toda vez que me deparo com o desamparo.
A solidão que fere, o egoísmo e o egocentrismo tão agressivos.
A falta de amor, cujo preço no final das contas sai bem caro.

Eu compreendo os apaixonados
A cada nova certidão de nascimento emitida.
Amor, companheirismo, desejo, sexo, beijos roubados.
A fé na possibilidade da felicidade garantida.

Eu compreendo os românticos e os poetas
A cada vez que me emociono com as artes,
Com atitudes humanas ou animais, mesmo quando indiretas.
E quando escrevo, tentando espalhar poesia por todas as partes.

Eu só não compreendo os ignorantes
que assim o são por mera escolha e não por falta de opção.
Dispensam conhecimento e amizades. Estátuas andantes,
permanecem intactos, estáticos, apenas porque querem. Sem explicação.

2 comentários:

  1. Elis...
    eu compreendo todos
    não concordo com parte deles
    principalmente
    não concordo
    com quem escolhe
    a ignorância
    por medo do que é novo
    do que é diferente
    não concordo
    com quem tem medo
    de questionar
    um castelo de cartas.

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  2. Também não concordo, Renato. =)
    Meu poema diz que compreendo, não que concordo. São coisas bem distintas.
    Por sinal, ele deixa bem claro que eu não compreendo apenas os ignorantes, não só porque não concordo, mas principalmente porque não vejo motivos que expliquem como alguém pode escolher ser ignorante.

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