sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Uma pitada de samba e um bocado de histórias

Episódio de hoje: 

Quando o Arlequim chorou na voz de um sambista


Por Carlos Pinho


Consagrado por sua participação no Show Opinião - que cantou, de 1964 a 1965, a crítica social e política no Brasil que vivenciava o início da repressão do regime militar - o sambista Zé Keti notabilizou-se também compondo marchas de carnaval.

Zé Keti e Nara Leão

Em 1967, quando a nostalgia dos festejos de outrora já fazia parte do imaginário popular e as tradicionais canções carnavalescas saíam de moda, “Máscara Negra”, de autoria dele em parceria com Hildebrando Matos, representou um marco. A marcha, gravada por Dalva de Oliveira, decantava o reencontro do Pierrô com sua amada Colombina. “No meio da multidão”, quem ficou para trás foi o Arlequim, chorando pelo amor daquela que já estava nos braços de outro. Segundo Zé Keti, a ideia surgiu de sua insatisfação com a lógica carnavalesca, que descrevia o Pierrô como um ser triste e desiludido por conta da paixão não correspondida pela Colombina, sempre envolta pelos carinhos do Arlequim.  


Essa obra-prima faturou o 1º lugar no 1º Concurso de Músicas para o Carnaval daquele ano, organizado pelo Conselho Superior de MPB do Museu da Imagem e do Som (MIS). E foi mais longe, alcançando as paradas de sucesso da época, uma façanha em meio a força que a música estrangeira já exercia nos ouvidos tupiniquins.   

Com a aclamação, veio também a polêmica. Deusdedith Pereira Matos, irmão de Hildebrando, entrou com processo judicial reivindicando a autoria da primeira parte da música. Com a morte de Hildebrando, Zé Keti teve de voltar aos tribunais, já que a família do co-autor alegava que a composição seria apenas dele. Além do sucesso e das brigas na Justiça, “Máscara Negra” também rendeu à Zé Keti um contrato como garoto propaganda da General Electric, que lançava um aparelho de TV “xará” da canção.


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