quinta-feira, 17 de maio de 2012

O MUNDO É DOS ESPERTOS!




Imagem da Internet.
Quem aí nunca se deparou com alguém tentando usar o chamado “jeitinho brasileiro” para tirar proveito de alguma coisa? Vai dizer que não conhece ninguém com essas características? Aquele indivíduo que sempre tenta levar vantagem. Pronto, se você entendeu aonde eu quero chegar, agora fica mais fácil tentar explicar a minha opinião sobre o tema.

Já incorporada à cultura brasileira, a lei de Gérson, segundo a Wikipédia, é um princípio pelo qual determinada pessoa age de forma a obter vantagem em tudo que faz, no sentido negativo de se aproveitar de todas as situações em benefício próprio, sem se importar com questões éticas ou morais. E como vemos isso por aqui em terras brasileiras, não é mesmo?

A expressão surgiu, em 1976, a partir de uma propaganda dos cigarros Vila Rica, protagonizada pelo tricampeão do mundo pela Seleção Brasileira, Gérson, o Canhotinha de Ouro, na qual ele dizia a seguinte frase em tom carioquês:

"O importante é levar vantagem em tudo, certo?"

Só que o craque se arrependeu, e tentou, por muito tempo, se desvencilhar da imagem de espertalhão, malandro, golpista... Sociólogos e até antropólogos tentaram explicar essa nossa condição gersoniana, mas até agora nada de concreto. Não teve jeito, a referida “lei” pegou!

Mas afinal, nós brasileiros somos uma nação de egoístas e corruptos, que só pensam em si e só querem saber de levar vantagem? E se isso realmente for verdade? E daí? Alguém aí teria orgulho de fazer parte de uma nação de trouxas e otários?

E não sou eu que vou aqui defender um comportamento antiético ou ilegal com base na lei de Gérson. Se ela existe, é por que é cópia fiel da nossa realidade, dos nossos atos ou de alguns de nós, até porque uma nação é formada pelos indivíduos que nela habitam.

Vejamos o caso dos nossos ilustres “representantes”, todos mergulhados em um espesso mar de lama, do qual, a qualquer momento, aquele que está na beira do precipício, pode esticar a mão e, apesar de estar com os dois pés dentro da sujeira, vai tentar ajudar o infeliz mergulhador a sair de tão vergonhosa situação, assim como se não for do seu interesse, pode empurrá-lo ainda mais pra dentro. Vai depender da vantagem que o sujeito vai receber em troca. (olha aí a lei de Gérson de novo!)
Furar filas, tirar vantagem do cargo que ocupa, favorecer amigos e familiares, criticar alguém só por que esse não lhe favorece, tudo isso está previsto na “lei”. E a proposta para quem defende essa tese é simples: tirar proveito das situações que o dia a dia lhe apresenta. Aquela personagem que analisa o cenário e percebe a oportunidade de garantir lucro, de preferência sem esforço.

E não tente se “incluir” fora dessa! Parece que o povo brasileiro vive uma tensão entre duas forças. Por fora, a força da imagem, enquanto em público, todos têm de ser como padres, freiras, com comportamento e moral impecáveis. Mas quem nunca teve vontade de estacionar na vaga para deficientes físicos em um domingo de shopping lotado? Ou talvez sentar em locais reservados para idosos ou gestantes? Fatos como esses não pesariam a consciência de um verdadeiro Gérson.

Mas então por que toda essa hipocrisia? Nada disso precisaria ser assim! A lei de Gérson deveria sim, nos honrar! Basta retirar essa máscara para perceber que é a esperteza nacional que tem feito o Brasil se destacar em meio à mediocridade que reina nesse planetinha politicamente correto, em que tudo tem de ser igual, padronizado. Por onde anda a improvisação característica do brasileiro?

Um bom exemplo disso são os nossos “hermanos” argentinos que afogam suas mágoas e choram suas tristezas frustradas em um ritmo melancólico como o tango, enquanto aqui no Brasil, o povo, muitas vezes vivendo em situações subumanas, dá risada até das maracutaias dos nossos políticos e cai no samba.

Então alguém me explica qual o problema de sermos espertos e felizes? Quem disse que ser esperto é ruim ou antiético? Por que ter vergonha disso em vez de usar a esperteza a nosso favor?

Abram os olhos, pois num país onde os discursos têm muito mais peso do que propriamente as decisões tomadas, a lei de Gérson faz sucesso. Inclusive nas urnas!

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