Foto: R7.com
Por Carlos Pinho . . .
Um grande incêndio nos barracões das Escolas de Samba Grande Rio, União da Ilha e Portela comprometeu e muito a beleza e a conclusão de seus projetos para o desfile na Sapucaí.
A defesa interditou o local, já que parte da estrutura ficou bastante danificada. A União da Ilha, que iniciou os trabalhos de preparação do Carnaval em junho do ano passado, perdeu quase todas as fantasias de seu enredo O Mistério da Vida e ainda teve uma de suas alegorias prejudicada. A Portela, segundo o seu carnavalesco Roberto Szaniecki, teve uma perda aproximada de 90% , entre alegorias, fantasias e adereços. A Grande Rio, a agremiação de Duque de Caxias, considerada por muitos uma das favoritas desse ano, foi a que sofreu mais com o fogo. Ao ver o cenário de destruição de todo o trabalho construído em um ano, Helinho Figueiredo, presidente da Escola, chegou a passar mal na praça de alimentação da Cidade do Samba.
Dirigentes da Portela, desesperados com a situação, tentaram a todo custo entrar para recuperar o que pudessem, mas foram contidos pelos policiais, que faziam a segurança do local.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, prometeu todo o apoio necessário para que as Escolas possam entrar na avenida “da melhor maneira possível”, palavras dele. Sugeriu também que a Liesa não rebaixe nenhuma das envolvidas. Apesar da destruição, os presidentes das três agremiações garantiram que colocarão as Escolas na avenida.
A cúpula da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro promoverá uma reunião na noite desta segunda para analisar o caso. A possibilidade de não ocorrer rebaixamento no Grupo Especial neste carnaval será estudada.
Era a obra de um ano. Um ano de esforço para dar vida a uma idéia. Dos meros vergalhões, uma estrutura de alegoria. As plumas enfeitando as fantasias. Pessoas trabalhando com afinco, dia e noite, dormindo no barracão, para garantir que tudo terminasse dentro do prazo. Os frutos de um trabalho árduo e suado consumidos pelas chamas. No entanto, a esperança é chama que não se apaga.
Mais do que nunca, a força das comunidades que transformam os sonhos dos enredos em realidade no palco maior da folia, será necessária. Um povo que terá de enxugar as lágrimas, “levantar a poeira e dar a volta por cima”, como diz o eterno samba de Paulo Vanzolini. O luxo das alegorias e a beleza das fantasias são importantes nessa festa que cada vez mais atrai o olhar do mundo. Entretanto, o diferencial sempre foi e será a garra inesgotável dos operários da folia, o samba cantado com amor e devoção pelos componentes, o requebrado das passistas, o bailar elegante do mestre-sala e da porta-bandeira, o girar harmonioso das baianas, a essência desse patrimônio histórico da nossa gente. Uma manifestação cultural que desde os desfiles na Praça Onze, quando o carnaval era elitizado e a alternativa do povão era botar o bloco na rua, vem mostrando o seu inestimável valor.
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ResponderExcluir"... Apesar de você, amanhã há de ser outro dia..." essa canção de Chico Buarque não foi feita para esse terrível acontecimento, mas bem que pode ser aproveitada, afinal o que passou, passou...
ResponderExcluirHoje foi um dos dias mais tristes na história da Cidade Maravilhosa, até porque, queiram ou não, o Samba é o carro-chefe de nossa cidade. É ele que atrai todos os anos no período de carnaval, milhares de turistas que trazem dinheiro e movimentam nossa economia. E até essa cultura estava mudando, por causa das visitas guiadas e shows que são organizados durante todo o ano pelas escolas na Cidade do Samba: Beleza, Luxo, Música, Diversão, isso é o Samba!
Olhando pelo viés artístico, só nos resta lamentar. Nunca saberemos exatamente o que as três agremiações atingidas haviam planejado para seus desfiles.
Acho que foi acertada a decisão da LIESA de não haver rebaixamento, assim como a troca do dia do desfile entre Mocidade e Portela.
É Pinho, agora é hora de união e solidariedade, sem deixar a peteca cair!
Garra e Bola pra Frente!