quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

"Lixo Extraordinário" - Um documentário de excelência


"Lixo Extraordinário" destaca-se por diversos motivos: é sensível, belo e extremamente humano. O filme acompanha um ousado projeto realizado por Vik Muniz, artista plástico brasileiro de grande reconhecimento internacional, que consiste em não só relatar o cotidiano de catadores de lixo de um dos maiores aterros sanitários do mundo, o Jardim Gramacho, localizado na periferia do estado do Rio de Janeiro, como também em demonstrar intensamente a capacidade que a arte possui de ser transformada e de transformar as pessoas que a ela tiverem acesso.

Vencedor do Prêmio de Público de Melhor Documentário Internacional de Sundance (janeiro de 2010) e do também Prêmio de Público de Melhor Documentário do Festival de Berlim (fevereiro de 2010), dentre outros, está concorrendo ao Oscar e inaugurando a indicação de uma produção brasileira à categoria de melhor documentário. O filme passeia por aspectos diversos, como a possibilidade de reaproveitamento e de transformação do que, para alguns, chama-se lixo, a importância de se dar o devido reconhecimento ao trabalho dos catadores e os sentimentos, ora de orgulho, ora de desespero, dos mesmos.

Não se pode deixar de citar a beleza das ideias de Vik Muniz; utilizando-se de quaisquer objetos e material reciclável que estivessem ao seu alcance, ele e os catadores participantes formaram obras que, ao longe, retratam perfeitamente uma imagem (fotografias dos catadores tiradas por Vik) e de perto mostram a utilidade dos materiais. Uma delas chegou a ser leiloada em Londres por cerca de 100 mil reais, dinheiro este que foi revertido em contribuição a projetos dos trabalhadores de Jardim Gramacho.

É belíssimo ver a transformação que o projeto causou nos participantes. É de uma sensibilidade ímpar perceber o quão eles são pessoas grandiosas. A humildade lhes é motivo de orgulho, pois como os próprios dizem, melhor catar lixo do que se prostituir ou traficar drogas. Desse modo, são dignos e honestos.

O elenco representa, além de todos os catadores de lixo, o quanto é possível realizar projetos que mudem para melhor a vida das pessoas, mesmo que o número seja pequeno, o valor é inestimável.

As duas últimas ideias aqui apresentadas são, de longe, as mais importantes do filme. E é por todas que a produção merece, sem dúvidas, ser aplaudida de pé.

4 comentários:

  1. Humm...já tinha visto um programa que falou bastante sobre esse documentário. Ele é, de fato, um tanto quanto interessante, gosto de ideias que procuram usar lixo como arte. Bom, este filme está na minha lista de filmes para ver, mas como eu sou um rapaz muito procrastinador, tem ainda uns 15 filmes na frente dele para ver, fora que tem alguns filmes que eu considero ouro e que eu gosto de assistir mais de uma vez (como filmes que incluem meus interesses pela psicopatia: "The Good Son").

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  2. Um lindo texto sobre um maravilhoso filme!!

    A princípio, o divulgado pela imprensa carioca faz pensar que o enfoque da obra seja relacionado apenas a um imenso depósito de lixo e reciclagem que existe no Rio de Janeiro.

    Mas não... ele é todo cheio de lindos significados... é muito, muito, muito mais amplo do que o simples enfoque do chamado "Lixão de Gramacho".
    Na verdade, concordando com o texto acima, na minha interpretação, o Lixão foi o menos importante...
    A sua existência e a sua imensidão são mesmo impressionantes (é o maior do mundo e muitas das imagens são espetaculares, belamente realçadas pela excelente trilha sonora do músico norte-americano Moby), mas todo o lado humano é mil vezes mais impressionante.

    É como eu sempre digo... a vida real pode ser muito mais emocionante e inacreditável que qualquer ficção...

    Para completar, só falta ele ganhar o Oscar de Melhor Documentário.... Já estou torcendo como nunca torci por qualquer outro filme!!!!!!!

    Torço também que os próprios brasileiros o valorizem, não somente prestigiando com sua presença como realmente COMPREENDENDO e ADMIRANDO a beleza dos seus múltiplos significados.

    Aliás, uma sugestão para os ditos "críticos" que nada compreenderam é ler a crítica do New York Times:
    http://movies.nytimes.com/2010/10/29/movies/29waste.html?ref=movies

    Quem sabe, assim eles aprendem a enxergar algo além da ponta do nariz... hahahaha

    Um abraço a todos e Meus Parabéns pelo ótimo Blog!!!
    Claudio Fonzi

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  3. Eu não vi o documentário, mas deu vontade agora. Vou divulgar a postagem beijos!

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