E não é que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso resolveu sair de sua toca e de seu período de ausência pública.
E foi logo tocando em uma ferida que no Brasil todos têm medo de tocar: A questão das drogas!
FHC é o personagem principal, na verdade ele é um dos entrevistados do documentário “Quebrando o Tabu”, que estreia nas telonas brasileiras neste final de semana.
“- Este é um tema a ser levado para todas as famílias, pois é muito mais próximo a nós do que parece. A gente tem de sacudir a sociedade”, afirmou o ex-presidente à imprensa.
Nos últimos anos, FHC tem se aproximado da questão e assumido abertamente a descriminalização da maconha e outras medidas que não mandem o usuário para a cadeia.
O documentário veio aos holofotes no mesmo momento em que manifestantes foram reprimidos em São Paulo pela Polícia Militar na Marcha da Maconha. O movimento questiona a criminalização do usuário e pretende discutir alternativas à repressão e à prisão, como já acontece em Portugal, onde o consumo diminuiu.
Sobre a repressão à Marcha da Maconha, Fernando Henrique Cardoso diz não aprovar a violência policial.
“- Numa sociedade democrática, você não pode impedir as pessoas de se manifestarem. Quem não concorda com a descriminalização tem de fornecer argumentos e entrar no debate”.
Fernando Henrique preside atualmente a Comissão Global de Política Sobre Drogas e afirma que a discussão tem de partir da sociedade e não do Legislativo.
“- Depende apenas de se ter as informações pertinentes. Existem setores não informados, mas que tomam partido na questão. Não existem fórmulas, cada país tem de se adaptar. No Brasil, por exemplo, existe o problema social, enquanto na Suíça o uso da droga é encarado como problema de saúde”.
Na próxima quinta-feira, a comissão irá apresentar um relatório propondo alternativas.
Fernando Henrique hoje faz mea culpa sobre o conservadorismo de sua administração, e quando questionado sobre a eficiência para levantar o debate apenas depois do término de seu mandato, diz que esbarrou em escolhas políticas.
“- Na época, eu não tinha informação e o tema não estava candente na sociedade. Há limitações como presidente e existe o jogo da sociedade com o governo. Se ela não se convence, o governo não avança na conversa. Não posso dizer que, se fosse presidente hoje, faria e aconteceria, afinal não poderia prever minha relação com o Congresso e se valeria a pena politicamente”.
No documentário, além do ex-mandatário brasileiro, que assumiu o erro de basear a política de drogas de seu governo apenas na repressão, podemos ver também um Bill Clinton, também atestando o fracasso da política de Guerra às Drogas, intensificada pela administração Nixon e que perdurou até o mandato de George W. Bush, encerrado em 2009. Outros entrevistados são os ex-presidentes César Gavíria, da Colômbia, Jimmy Carter, dos Estados Unidos, além de Ethan Nadelman, diretor do Drug Policy Alliance, Ruth Dreifuss, ex-presidente da Suíça, o médico Dráuzio Varella, o ator Gael Garcia Bernal e o escritor Paulo Coelho.
Aqui no Brasil, as principais discussões em torno da política de drogas acontecem no Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas, o CONAD.
Atualmente, o usuário que é pego com pequena quantidade de droga não é preso, mas mesmo assim fica com a ficha suja. Mas, a legislação não determina qual a quantidade de droga que diferencia usuário ou traficante, cabendo ou ao policial ou ao juiz a tipificação.
“- Isso gera um problema porque o policial pode extorquir. Ou, se quem for pego vier de uma comunidade pobre o tratamento será diferente. Se descriminalizar rompe a relação com a polícia”, argumenta Ilona Szabó, corroteirista de Quebrando o Tabu, que defende a descriminalização da maconha e uma política eficaz de redução de danos como alternativa.
Países como Espanha, Itália, Portugal, Argentina, República Tcheca e México já usam novas regras para a posse de drogas para consumo pessoal e até construíram alternativas à prisão de usuários.
Fernando Grostein Andrade dirige o documentário e explica que a ideia de realizá-lo surgiu quando, há cerca de dez anos, foi à Rocinha gravar o videoclipe de uma banda de pagode.
“- Lá vi jovens no tráfico, segurando uma AK-47 e fiquei me perguntando: se na Holanda as pessoas vão comprar maconha legalmente num coffee shop, por que aqui elas seguram fuzis?”.
A produção do filme teve dificuldade para conseguir financiamento devido ao receio das empresas em serem relacionadas com um filme sobre drogas.
“- No começo foi difícil. Somente obtivemos patrocinadores quando apresentamos trechos das entrevistas, mostrando que havia gente séria na discussão”, conta o produtor Fernando Menocci.
Daí a força do ex-presidente para atrair credibilidade ao filme.
“- Quando o conheci, levei trinta argumentos para conseguir conquistá-lo para o filme. Consegui apenas mostrando como o tratamento à questão era hipócrita e que estava na hora de discuti-la seriamente”, define o diretor.
Existe um projeto em discussão desde 2009 que pretende reformar a Lei Antidrogas.
“- Se você perguntar para a sociedade se ela é a favor da legalização, acho que 80% vai dizer que não. Porém, se perguntar se a solução é colocar as pessoas na cadeia, a maioria vai dizer que isso não resolve. Depende apenas de como se coloca a questão”, afirma o diretor do documentário.
A questão principal para mim é: será que a sociedade brasileira estaria preparada para essa discussão, já que não existe política nacional e nem campanhas publicitárias em todo o território nacional?
O modelo da proibição do fumo de cigarros poderia ser seguido?
Uma coisa é certa, reprimir nunca foi solução para nada, nem com crianças, nem com jovens e muito menos com adultos.
Roda o filme, FHC!
E foi logo tocando em uma ferida que no Brasil todos têm medo de tocar: A questão das drogas!
FHC é o personagem principal, na verdade ele é um dos entrevistados do documentário “Quebrando o Tabu”, que estreia nas telonas brasileiras neste final de semana.
“- Este é um tema a ser levado para todas as famílias, pois é muito mais próximo a nós do que parece. A gente tem de sacudir a sociedade”, afirmou o ex-presidente à imprensa.
Nos últimos anos, FHC tem se aproximado da questão e assumido abertamente a descriminalização da maconha e outras medidas que não mandem o usuário para a cadeia.
O documentário veio aos holofotes no mesmo momento em que manifestantes foram reprimidos em São Paulo pela Polícia Militar na Marcha da Maconha. O movimento questiona a criminalização do usuário e pretende discutir alternativas à repressão e à prisão, como já acontece em Portugal, onde o consumo diminuiu.
Sobre a repressão à Marcha da Maconha, Fernando Henrique Cardoso diz não aprovar a violência policial.
“- Numa sociedade democrática, você não pode impedir as pessoas de se manifestarem. Quem não concorda com a descriminalização tem de fornecer argumentos e entrar no debate”.
Fernando Henrique preside atualmente a Comissão Global de Política Sobre Drogas e afirma que a discussão tem de partir da sociedade e não do Legislativo.
“- Depende apenas de se ter as informações pertinentes. Existem setores não informados, mas que tomam partido na questão. Não existem fórmulas, cada país tem de se adaptar. No Brasil, por exemplo, existe o problema social, enquanto na Suíça o uso da droga é encarado como problema de saúde”.
Na próxima quinta-feira, a comissão irá apresentar um relatório propondo alternativas.
Fernando Henrique hoje faz mea culpa sobre o conservadorismo de sua administração, e quando questionado sobre a eficiência para levantar o debate apenas depois do término de seu mandato, diz que esbarrou em escolhas políticas.
“- Na época, eu não tinha informação e o tema não estava candente na sociedade. Há limitações como presidente e existe o jogo da sociedade com o governo. Se ela não se convence, o governo não avança na conversa. Não posso dizer que, se fosse presidente hoje, faria e aconteceria, afinal não poderia prever minha relação com o Congresso e se valeria a pena politicamente”.
No documentário, além do ex-mandatário brasileiro, que assumiu o erro de basear a política de drogas de seu governo apenas na repressão, podemos ver também um Bill Clinton, também atestando o fracasso da política de Guerra às Drogas, intensificada pela administração Nixon e que perdurou até o mandato de George W. Bush, encerrado em 2009. Outros entrevistados são os ex-presidentes César Gavíria, da Colômbia, Jimmy Carter, dos Estados Unidos, além de Ethan Nadelman, diretor do Drug Policy Alliance, Ruth Dreifuss, ex-presidente da Suíça, o médico Dráuzio Varella, o ator Gael Garcia Bernal e o escritor Paulo Coelho.
Aqui no Brasil, as principais discussões em torno da política de drogas acontecem no Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas, o CONAD.
Atualmente, o usuário que é pego com pequena quantidade de droga não é preso, mas mesmo assim fica com a ficha suja. Mas, a legislação não determina qual a quantidade de droga que diferencia usuário ou traficante, cabendo ou ao policial ou ao juiz a tipificação.
“- Isso gera um problema porque o policial pode extorquir. Ou, se quem for pego vier de uma comunidade pobre o tratamento será diferente. Se descriminalizar rompe a relação com a polícia”, argumenta Ilona Szabó, corroteirista de Quebrando o Tabu, que defende a descriminalização da maconha e uma política eficaz de redução de danos como alternativa.
Países como Espanha, Itália, Portugal, Argentina, República Tcheca e México já usam novas regras para a posse de drogas para consumo pessoal e até construíram alternativas à prisão de usuários.
Fernando Grostein Andrade dirige o documentário e explica que a ideia de realizá-lo surgiu quando, há cerca de dez anos, foi à Rocinha gravar o videoclipe de uma banda de pagode.
“- Lá vi jovens no tráfico, segurando uma AK-47 e fiquei me perguntando: se na Holanda as pessoas vão comprar maconha legalmente num coffee shop, por que aqui elas seguram fuzis?”.
A produção do filme teve dificuldade para conseguir financiamento devido ao receio das empresas em serem relacionadas com um filme sobre drogas.
“- No começo foi difícil. Somente obtivemos patrocinadores quando apresentamos trechos das entrevistas, mostrando que havia gente séria na discussão”, conta o produtor Fernando Menocci.
Daí a força do ex-presidente para atrair credibilidade ao filme.
“- Quando o conheci, levei trinta argumentos para conseguir conquistá-lo para o filme. Consegui apenas mostrando como o tratamento à questão era hipócrita e que estava na hora de discuti-la seriamente”, define o diretor.
Existe um projeto em discussão desde 2009 que pretende reformar a Lei Antidrogas.
“- Se você perguntar para a sociedade se ela é a favor da legalização, acho que 80% vai dizer que não. Porém, se perguntar se a solução é colocar as pessoas na cadeia, a maioria vai dizer que isso não resolve. Depende apenas de como se coloca a questão”, afirma o diretor do documentário.
A questão principal para mim é: será que a sociedade brasileira estaria preparada para essa discussão, já que não existe política nacional e nem campanhas publicitárias em todo o território nacional?
O modelo da proibição do fumo de cigarros poderia ser seguido?
Uma coisa é certa, reprimir nunca foi solução para nada, nem com crianças, nem com jovens e muito menos com adultos.
Roda o filme, FHC!
Olá, amiga venho aqui porque tem um selinho pra vc em meu blog^^
ResponderExcluirbjos!