quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sobre a Tristeza


A tristeza é irônica.
Ora me faz crescer, ora me faz chorar.
Chega a ser cômica,
Quando por ela me deixo inspirar.

Às vezes choro sorrindo,
Agradecendo por ser capaz de sentir.
Meus ouvidos ouvem sons tinindo,
Sons que não consigo distinguir.

Talvez sejam palavras não ditas,
Que me perturbam o sono noite afora.
Lembranças de atitudes (não) cometidas,
Das quais me arrependo agora.

Talvez seja apenas a música alta no vizinho,
Ou fogos comemorando alguma vitória no futebol.
Talvez tudo que eu precise seja de um cálice de vinho,
E esperar, singelamente, que nasça o sol.

Raia o dia finalmente,
Vejo-me obrigada a largar a caneta e o papel,
Sob meu corpo sinto caindo a água quente,
E olho aliviada para o céu.

Observo gaivotas voando na direção norte,
Lojas abrindo, a cidade despertando;
Some de mim aquela dor forte,
Com a qual, aos poucos, fui me acostumando.

A minha tristeza não é constante,
Aparece de quando em quando,
Da dor ela é amante,
Mas eu não me rendo, continuo andando!

O costume não me faz senti-la em menor intensidade,
Mas dificulta que as lágrimas caiam.
A tristeza também não diminui a felicidade,
Como todo poeta, exploro sentimentos e permito que de mim saiam.

Demonstro-os a todo momento, sem receio.
Sinto que isso é uma coisa boa,
Meus próprios versos eu releio.
E concluo: sou poeta. Diversos sentimentos em pessoa.
Julho de 2009

2 comentários:

  1. MUITO BOM!!!
    As vezes um cálice de vinho e uma amanhecer resolvem tudo. Outras, nada do que você fizer vai adiantar alguma coisa...

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