quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

ESTUDO AFIRMA QUE VIOLÊNCIA MATARÁ 33 MIL JOVENS ATÉ 2013!


Alerta vermelho ligado para a violência contra os jovens.

Um estudo realizado pelo Observatório de Favelas em conjunto com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Unicef e Laboratório de Análises de Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, mostra que o risco de um adolescente negro entre 12 e 18 anos ser assassinado no Brasil é 3,4 vezes maior que o de um garoto branco. Esse e outros importantes dados fazem parte do Programa de Redução de Violência Letal contra Adolescentes e Jovens divulgado ontem em Brasília.

O balanço, realizado a partir da análise de 266 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, indica que o Índice de Homicídios na Adolescência por cor da pele, com base no ano de 2007, apontou que o risco de assassinato é maior para os negros em 79% dos municípios brasileiros. Em Maceió, o risco de morte deste grupo chega a ser 53 vezes maior que aquele registrado entre os brancos.

O Programa aponta ainda que a chance de morte entre adolescentes do sexo masculino é quase 10 vezes maior que em relação às mulheres de mesma idade. O estudo foi baseado em mortes provocadas por armas de fogos e outros meios.

No levantamento, que teve como fonte o banco de dados do Ministério da Saúde, o DATASENSUS e do IBGE, ficou caracterizado que a marginalização dos adolescentes pobres é o principal fator que provoca a morte precoce de adolescentes entre 12 e 18 anos no país.

Para o doutor em sociologia da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Rogério Baptistini, a dinâmica social excludente promove a maior taxa de homicídios entre jovens.

“- A impossibilidade de incorporação dos chefes de família promove a desarticulação no mercado de trabalho. Os jovens e adolescentes ficam entregues às ruas. Os próprios meninos, na rua, não são apenas vítimas da violência, mas também agentes”, afirmou o sociólogo.

Segundo ele, a falha nas políticas sociais facilita a ida de jovens tanto para o tráfico de drogas quanto para o que é denominado como violência residual, que é caracterizada por pequenos furtos e roubos.

Para Baptistini, a maior incidência de morte entre meninos em comparação às meninas, está relacionada à formação cultural brasileira, que é patriarcal.

“- As meninas são estimuladas a cuidar da casa e dos irmãos. É um dado de formação cultural, nada tem a ver com gênero. Já os meninos são mais livres. Mas isso não significa que a diferença dos sexos vá diminuir. Hoje, as meninas também estão ocupando as ruas e se aventurando. No Nordeste, há um grande índice de violência pela exploração sexual infantil”, esclareceu Baptistini.

Para a pesquisadora em violência e adolescência da PUC/SP, Maria da Graça Gonçalves, o maior índice de morte entre adolescentes negros também está ligado ao processo histórico do país.

“- Vivemos numa sociedade em que há um racismo enraizado. O fim da escravidão não concluiu a integração dos negros na sociedade, e essa segmentação perdura na sociedade brasileira. Os negros ainda estão nas camadas mais pobres da sociedade”, explicou a pesquisadora.

O Nordeste é a região brasileira que se mantém com os mais altos índices de morte de adolescentes e foi onde o risco de homicídios mais cresceu no país. Em 2007, a cada grupo de 1.000 adolescentes com 12 anos, 3,5 foram assassinados. No Brasil, esse índice é de 2,67.

Durante os três anos do levantamento, de 2005 a 2007, o Nordeste não apenas se manteve como a região mais violenta para os adolescentes, como foi a que mais cresceu nesse aspecto.

Em 2005, foram assassinados 2,64 adolescentes em cada grupo de 1.000. No Brasil, foram 2,51. Nesse intervalo, a única região que apresentou queda no índice foi o Sudeste: caiu de 2,48 para 2,41 o número de homicídios.

Para a secretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carmen de Oliveira, a situação mostra que embora seja a região que mais cresceu economicamente nos últimos anos, o Nordeste não agregou políticas de proteção aos jovens.

“- Desmente uma tese mais simplista que se você pode aumentar a renda, diminui a violência. É preciso que a gente conheça, para além da pobreza, o que está afetando as condições de vida desses adolescentes”, afirmou a secretária.

Ela citou como possíveis causas a baixa escolaridade, fraco atendimento médico e as drogas.

“- Temos um problema muito grave relacionado às drogas, especialmente o crack, que tem proximidade mais forte com o narcotráfico. E nós temos em alguns Estados do Nordeste uma relação entre homicídios e extermínio de adolescentes”, completou Carmen.

A cidade que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi Maceió, capital que registrou o maior número de homicídio de adolescentes. Enquanto no Brasil, morreram em 2007, 2,67/1.000, na capital alagoana, o índice foi de 7,1.

O estudo constatou que, se mantidas as tendências verificadas nos três anos de estudo, quase 33 mil adolescentes que tinham 12 anos em 2007 devem morrer até 2013, quando completariam 19 anos.

Preocupante esse estudo se levado em consideração que esses mesmos jovens ainda não têm perspectiva de melhora de vida.

Onde estão as autoridades que diante de tão elaborado relatório não se utilizam dos dados para encarar esse problema de frente?

E ninguém vai preso!

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