sábado, 27 de agosto de 2011

A mulher de uma noite só pode ser a mulher de uma vida inteira(!)


Deixamos de viver momentos deliciosos por erros cometidos por precipitação.
Também é possível deixar de ler por mera preguiça um texto cheio de uma poesia que pode regar sua vida.

E o que antes era aquela expectativa gostosa de se sentir, agora soa apenas como arrependimento. Uma voz fria diz, repete, e mais outra vez, o quanto não vale a pena nem tentar acreditar no que já foi, tantas vezes, comprovado ser inexistente.
Os homens dizem para ela: já namorei, vi como é e, sinceramente, não vale a pena. Sofri aquela vez e nem quero isso de novo. É fácil deixar de viver o que se pode por algo que aconteceu no passado. É fácil julgar um relacionamento ou uma pessoa através de atitudes de outra (sim, há aqui uma falácia, pois enquanto aqui isso é afirmado, é também o que será feito no decorrer do texto). É fácil julgar o começo pelo fim. Será mesmo que o namoro foi ruim? Ou só o seu término? Será que o fato de ter acabado realmente faz significar que todo o resto não foi bom? Se é assim, por que e como durou o quanto durou? Por que não acabou antes, logo no primeiro mês talvez?
Ela cansou de pensar nisso. Agora ela dança. Ela dança, seduz aos que estão ao seu redor com suas curvas sensuais e seu olhinhos fechados de quem apenas sente a música e por ela se deixa levar. Olhos fechados. Olhos fechados pra não ver os que a vêem. Eles a observam mas ela finge que eles são indiferentes. Finge. Finge porque no fundo o que ela mais quer é chamar a atenção verdadeiramente de alguém. Não pelo seu corpo porque isso é fácil. Por ela toda, por completo. Ela quer alguém por completo. Não pela metade. E quando alguém chega dançando junto dela, até o chão ela vai encostando sua boca na camisa do desconhecido, descendo com seus lábios dos quais quase escorre sua saliva sabor mel. Desce quase encostando sua boca no pescoço dele, no abdômen e quase “lá” ela chega, fazendo-o delirar.
E quando ele, por sua vez, não resistiu e a beijou, segurando seus braços, daquele jeito que a deixava quase subindo pelas paredes, ela mesma não resistiu. Abstinência sexual é possível por um tempo, mas a menos que a pessoa seja frígida, é impossível fingir eternamente que não se é mulher. Um drink, dois drinks, três drinks... Um beijo, dois beijos, nuca, pescoço, costas, barriga, roupa? Não tem mais.
E foi assim, quase sendo carregada por aquelas mãos ásperas, de homem(!) e por aqueles braços fortes, que ela se deixou ir para qualquer cama que a permitisse ser o que ela tenta não ser: mulher que não só ama mas sim, também deseja. Seria mais simples se fosse sempre assim, porém menos bonito e simplesmente não seria ela mesma.
De tanto se decepcionar, ela poderia se tornar isso. Uma mulher de uma noite só. Mais que isso, ela mesma dispensaria. Envolver-se para que? Deixar-se ser envolvida e, assim, uma parte sua ir embora com o alguém e não mais ser devolvida. Para que? Por alguns momentos ela deseja se tornar apenas uma máquina. Máquina de sexo.
Foi o que ela pensou naquele instante, no qual se encontrava vazia por dentro e cheia de gozo masculino naquela parte x de seu corpo tão procurada por eles. Parece que só isso lhes interessa. Não, não dá para ela. Não dá pra ela ser assim. Não é ela.
As pessoas pensam que ela crê nos tabus que envolvem sexo e amor. Sexo casual? Coisa do diabo! Não, ela não pensa assim. Ela só tem dificuldade de não gostar e não se entregar. Por que e para que se entregar só ao sexo e não também ao gostar? Mesmo que no fim não se torne amor, porque é ilusão achar que todo gostar é amor, ainda assim. Por que se entregar só ao instinto se justamente o que difere o ser humano dos outros animais é a capacidade e intensidade do racional e do emocional? Por que, antes mesmo de beijar àquela pessoa pela primeira vez, já ter idéias formuladas de como tem de ser e de no que tem que dar?
Por que só não viver e deixar acontecer? É comum dizer que não se quer namorar por não se querer abrir mão da liberdade. Mas há liberdade maior do que se livrar de estereótipos, traumas passados e idéias antecipadamente formuladas e simplesmente deixar acontecer? Privar-se de viver, de sentir(!), não é liberdade. É perda de tempo, é perda de vida!
Por que é tão difícil viver o que a música diz: “deixa acontecer naturalmente”?! Se for pra sentir só amizade e desejo, não é necessário estipular isso na própria mente, é assim que será. Não é preciso estabelecer nada dentro de si mesmo pra que seja assim, se for pra ser assim. E se não for pra ser, por que não se permitir viver seja lá o que for?
Amor pode não exigir compromisso. Não exigir também exclusividade. Mas acabar com as possíveis expectativas, ah! Isso é o fim. Qualquer início de relacionamento sem expectativa, sem todas as possíveis possibilidades ocorrendo na imaginação, vai por água abaixo mais facilmente.
Pensar menos, fazer mais. Vou mais além e arrisco-me a dizer: sentir mais. É apenas um conselho. Uma opinião. Uma opinião de alguém intenso. A opinião daquela mulher que parece menina que parece ser o que não é que no fim das contas não consegue levar o teatrinho até o fim e acaba confessando em suas sutis atitudes, olhares, palavras e trejeitos, que ela não separa tão bem assim corpo de coração e de mente. E, na realidade, por mais que ela se frustre muitas vezes com isso, ainda assim, ela realmente pensa que desse modo é muito mais verdadeiro, mais gostoso, mais cheio de vida. Mais importante ainda que o amor, é a vida que colocamos, que jorramos no que fazemos. Afinal, sem amor homem x mulher até existe vida. Mas sem vida nenhuma, como sentir alguma coisa?
Fim, fim às idéias antecipadamente estipuladas! Fim ao tanto pensar em como será e como poderá ser e em seguida já formular planos e idéias de como tem de ser. Apenas imagine, não fale. Deixa acontecer, você pode se surpreender com a sua própria capacidade de sentir. E se não se surpreender, que mal há? Apenas não acabe com as expectativas, não as limite. Não limite a si mesmo. Se for assim tão difícil e você não conseguir se livrar dos seus planos, então guarde-os para si até o momento adequado. Não seja precipitado. Perde-se momentos incríveis por antecipação.
Deixe se levar como a tal mulher se deixa pela música... Não só pelos instintos como também por tudo que possa ser bom. Deixe-se. Deixe-me. Deixe-nos ser tudo o que podemos ser. Se você que começa qualquer relacionamento já estipulando como tem de ser continuar assim durante mais alguns anos, pode perder. Perder muito. Pois você pode vir a fortalecer tanto isso dentro de você que, no dia em que uma dessas mulheres de uma noite só puder ser a mulher de uma vida inteira, corre o risco de você já ter até perdido a capacidade de perceber. E vai perdê-la. Perdê-la do mesmo jeito que já perdeu momentos deliciosos só devido à precipitação.

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