Por Carlos Pinho
Há exatos 50 anos, os brasileiros acompanhavam um dos mais controversos episódios de nossa história: a renúncia do então presidente, Jânio Quadros. O político surgiu de maneira meteórica e o seu jeito bonachão, ridicularizado por muitos, de ponto fraco passou a ser um de seus trunfos na campanha. Muitos diziam ser estratégia para torná-lo mais humano, mais próximo do povo.
Com 11 anos de vida pública, já recebia a faixa presidencial de Juscelino Kubitschek. A trilha sonora de sua campanha foi o jingle “Varre, varre, vassourinha”. O “faxineiro” Jânio pretendia – pelo menos, na música – varrer toda a corrupção do país.
Apoiado pela União democrática Nacional, a UDN, durante as eleições, Jânio, então presidente do país, passou a adotar um posicionamento que começou a desagradar a sua base de apoio. Duas das medidas que provocaram rachaduras nessa relação foram a condecoração de Ernesto Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul e o distanciamento dos Estados Unidos. Apesar do apoio dado e de ministérios "ganhos", os udenistas chegaram a conclusão de que não teriam rédeas para controlá-lo.
Isolado politicamente, seu governo foi tão rápido quanto a sua ascensão política, renunciou com pouco mais de seis meses no poder, um dia após Carlos Lacerda denunciar um suposto plano de golpe de estado de Jânio em parceria com o seu ministro da Justiça, Oscar Pedroso Horta. Na sua carta de renúncia, alegou que “forças ocultas” rondavam o Planalto.
Essa medida, que pegou muitos de surpresa, teria sido, no entanto, uma estratégia do próprio, com o intuito de retornar fortalecido ao poder. Como o seu vice, João Goulart, não era bem visto por setores da sociedade por ter fama de comunista e/ou por ter feito parte do governo de Getúlio Vargas, Quadros esperava que estes mesmos setores se mobilizassem pelo seu retorno ao cargo. Aclamado pelo "povo", teria legitimidade para pôr suas ambições em prática. Entretanto, o tiro - se foi dado com esse objetivo - saiu pela culatra e outras alternativas foram buscadas, sem a sua presença.
A história mostra que a vassoura de Jânio não era tão boa assim. Agora, uma pergunta que não quer calar: será que a vassoura de Dilma vai dar conta do recado ou vai quebrar antes de terminar a faxina?
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