domingo, 14 de agosto de 2011
Queremos Miles!
Não deixem de ler devido ao tamanho. Miles Davis é incrível, vale a pena. Confie no que digo e não se arrependerá!
Miles Dewey Davis Jr nasceu em 26 de maio de 1926 nos EUA e em 28 de setembro deste ano sua morte completará 20 anos.
Mais que um trompetista e compositor, Miles foi um artista completo, revolucionou não só o jazz mas sim a música de modo geral.
E é em homenagem a este incrível músico que o CCBB RJ traz a riquíssima exposição “Queremos Miles - Miles Davis”. Exposta desde o último dia primeiro, a exposição segue até o dia 28 de setembro deste ano. São cerca de 300 itens compostos por muitas fotografias, capas de LPs, composições em partituras, instrumentos musicais, declarações familiares, jaquetas, vídeos e até mesmo quadros por ele pintados e outros usados em capas de LPs seus.
Miles iniciou sua carreira logo após o término da Segunda Guerra Mundial e, apesar de ter sido inicialmente considerado sem habilidade e sem chances de obter sucesso, seu talento é comprovado em cada música sua que se ouve e, principalmente, na sua capacidade de criar seu próprio estilo de tocar e perpassar diversos gêneros musicais envolvendo-os ao jazz de uma maneira tão única, tão dele, que ninguém mais conseguiu fazer o mesmo.
A análise geral de sua carreira demonstra sua capacidade de adaptação e criação. Miles não foi conservador, não se manteve no mesmo estilo, pelo contrário. Mudou com cada gênero que se destacou, como um camaleão disfarçou-se em cada situação mas sempre sem deixar de ser camaleão, ou seja, mantendo sempre a sua essência: o jazz e, mais ainda, a paixão pelo que fazia.
Sua mãe desejava que ele tocasse piano mas foi no trompete que Miles se fez, se desenvolveu e se refez inúmeras vezes. Iniciou no bebop; integrou-se a um noneto que se destacou pelo uso de instrumentos não tradicionais na época, como a tuba e a trompa, e da onde saiu sua parceria com Gil Evans; entrou para o mundo das drogas; superou o vício em heroína; integrou seu primeiro grande quinteto com o qual explorou o jazz modal; o quinteto tornou-se um sexteto; gravou música clássica; gravou o álbum Kind of Blue, o qual, de acordo com a RIAA, é o álbum de jazz mais vendido até hoje, recebendo um disco de platina (3 milhões de cópias); foi preso, segundo ele, por motivos raciais; foi parceiro de John Coltrane; voltou ao repertório bebop mas agora com liberdade rítmica, sendo possível observar uma velocidade muito mais rápida em suas músicas; integrou seu segundo grande quinteto; criou o freebop (ou time no changes), como ficou conhecida sua improvisação na qual deixou de lado a progressão de acordes do bebop para uma modal; inseriu baixo e pianos elétricos e ainda uma guitarra, entrando em sua fase fusion; experimentou o rock e, consequentemente, criou o subgênero jazz-rock; influenciou-se pelo funk da década de 60; foi descrito como espacial; seus álbuns dessa época tiveram capas psicodélicas e relação com o movimento Black Power; participou da trilha sonora de um documentário sobre o boxeador Jack Johnson (Miles adorava o boxe); escreveu uma autobiografia; formou novos grupos; acrescentou até mesmo bateria à sua música; passou por um período em que teve osteoartrite, fez várias operações na bacia, teve também anemia, bursite, depressão e úlceras, fatos estes que o levaram a entrar novamente no mundo das drogas e também no do álcool; não se apresentou por alguns anos; relacionou-se com a atriz Cicely Tyson, com quem já havia se relacionado antes e com quem veio a superar seus vícios em drogas; um novo grupo foi formado; misturou soul music e eletrônica; passou pelo pop, tocando baladas de Michael Jackson; gravou comerciais, por exemplo contra o apartheid e até de cachaça; após um acidente vascular cerebral que afetou sua mão, passou a desenhar e fez bonitos quadros; fez trilhas sonoras para filmes; teve uma pequena participação em um filme; recebeu o Grammy Lifetime Achievement Award em 1990; suas últimas gravações foram influenciadas pelo hip-hop, lançadas postumamente; faleceu em 28 de setembro de 1991 de AVC, pneumonia e insuficiência respiratória, em Santa Mônica, Califórnia, aos 65 anos de idade. Deixou uma herança cultural incrivelmente ampla. Fez seu nome, sua música. Fez história.
Difícil assimilar tanta coisa, não é? Aparentemente grande, o que foi escrito acima é literalmente um pequenino resumo de sua vida. O suficiente para ver o quanto ele fez, o quanto ele se modificou e criou. Muitas formações, substituições, confusões, problemas e também, é claro, alegrias. Mais que tudo isso, música em demasia.
A exposição no CCBB RJ (Rua Primeiro de Março, n° 66 - Centro) é gratuita, encontra-se no primeiro andar e fica aberta de terça à domingo, das 9h às 21h. Importada da França, tendo como curador Vincent Bessiéres, segue para São Paulo em outubro. Apresenta muitos objetos nunca antes expostos e eu afirmo: vale MUITO a pena conferir! Convido a todos para que compareçam, com bastante tempo livre, a ver com calma essa pequena viagem pelo musical mundo do jazz “à moda Miles”.
Em ordem cronológica, a música toca em cada recinto que compõe a exposição, sendo possível observar as diferenças e mudanças de cada momento e admirá-las intensamente. Há uma sala escura na qual é possível sentar e ficar o tempo que se quiser apenas ouvindo e apreciando sua música. A porta desta sala é arquitetada como a de um cofre. Nada mais adequado, não é mesmo? Não porque sua música deva ficar guardada mas porque é realmente de inestimável valor.
Este artigo em tamanho maior que o normal apenas demonstra o quanto tem-se pra falar sobre Miles Davis, ícone do jazz. Parabéns CCBB, por essa lindíssima mostra!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Maravilhoso, Miles Davis realmente revolucionou e explorou todas as fronteiras do jazz.
ResponderExcluirUma pena que estou em BH mas se alguém souber que a exposição ira passar por BH me avisem por favor.
Abraços
WASLEY ALMEIDA