domingo, 20 de março de 2011

Brasil em novo Estado de Exceção

Por Aline Marques Gomes


Todos nós acompanhamos a grande expectativa, por parte da Presidência e do Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela visita do Presidente norte-americano Barack Obama.
O que poucos sabem ou dão atenção, é para a maneira arbitrária como o governador Sergio Cabral, com o apoio da policia militar e civil do Rio de Janeiro, tratou manifestantes pacíficos que discordam da supracitada visita.
O ato estava programado para a noite de sexta-feira (19), e foi organizado pela CSP-Conlutas e pela Assembléia Nacional dos Estudantes-Livre – ANEL, que contaram com o apoio participativo de diversos sindicatos e partidos políticos, como o PSTU. Houve veemente denúncia acerca da arbitrariedade das forças policiais, que tentavam conter os manifestantes com cassetetes, balas de borracha e gás lacrimogêneo. Dezenas de pessoas ficaram feridas e 13 manifestantes foram detidos, sob diversas acusações.
Segundo o comunicado à imprensa do PSTU, o objetivo do ato era passar pela Embaixada dos EUA e, em seguida, ocupar a Praça da Cinelândia, considerada símbolo de resistência à ditatura militar (64-85). No momento em que passavam pela Embaixada, os manifestantes se reuniram e começaram a proferir palavras de ordem, assim como jogar sapatos na bandeira dos EUA, fazendo menção ao gesto comum nas revoltas árabes. No entanto, após ouvirem uma explosão, presenciaram os ataques.
De acordo com a Polícia civil do estado, a principal acusação que justifica o ataque e a prisão dos manifestantes é o lançamento de um coquetel molotov na Embaixada. Os detidos passaram a noite de sábado (19) na 5º DP, de Gomes Freire. Ainda de acordo com o site do PSTU, na manhã de sábado, os homens foram encaminhados ao presídio de Água Santa e as mulheres ao presídio de Bangu 8. Entre os presos, há um estudante menor de idade e uma senhora que passava pelo local e resolveu se unir a multidão.
Na grande imprensa, pequenas notas são publicadas acerca do ato, enfatizando a versão da polícia. No entanto, ressalto que não houve uma comprovação da culpabilidade dos presos políticos, no caso do coquetel molotov. Bandeiras, faixas e cartazes foram apreendidos como provas.
A grande critica ao evento se refere a algo que acontece freqüentemente nas periferias do estado, mas que atingiu a elite intelectual - o desrespeito a democracia e à presunção de inocência. Com presos políticos, ruas e praças interditadas e proibição de panfletagem, podemos afirmar que, com a visita de Barack Obama, passamos a viver em Estado de exceção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário