quinta-feira, 17 de março de 2011

Petrópolis - 168 anos bem comemorados

Petrópolis, a única cidade imperial da América do Sul, foi e continua sendo muito importante no cenário nacional (e no aspecto histórico, também mundial). É pólo de turismo, comércio, e acima de tudo, de História. Foi por essa região que D. Pedro I se apaixonou, e nela D. Pedro II construiu o tão desejado (por ambos) Palácio Imperial de Verão, atual Museu Imperial. Palco também de outros fatos importantes como a inauguração da primeira rodovia pavimentada do Brasil, a União e Indústria (1861), ligando a cidade a Juiz de Fora (MG); a primeira sessão de cinema do país (1897), com a exibição dos primeiros filmes dos irmãos Lumiére; a assinatura do tratado que incorporou o Acre ao Brasil (1903), dentre outros, também já foi capital do estado do Rio de Janeiro e possui muitos pontos turísticos históricos e naturais.
Ontem, 16 de março de 2011, a cidade comemorou 168 anos. E seu aniversário foi muito bem festejado com atrações gratuitas no Parque de Exposições de Itaipava que constituíram a festa “Brilha Petrópolis”, promovida pela Globo Rio. Apresentadas por Ana Botafogo e Fiorella Mattheis, a Orquestra Sinfônica e Coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro apresentaram-se de modo fascinante (fato que, quando se pensa neles, já fica subentendido), tendo como Verdi o principal elemento de seu repertório; um pequeno espetáculo do Ballet do Theatro Municipal, com uma exibição contemporânea muito harmoniosa e gostosa de se ver (dá vontade de subir no palco e dançar); e um show com a querida Maria Rita, cuja voz, como sempre, arrebentou.


Além de tais atrações, houve outras pela cidade, como as que ocorreram promovidas pelo Sesi no Palácio de Cristal, como o show “Letícia Azevedo e Sambas de Quinta”, passeando por canções de, por exemplo, Cartola, Chico Buarque e Vinicius de Moraes; ou o show do grupo Libertango, apresentando canções de compositores de tangos, valsas e milongas, como algumas de Carlos Gardel e Astor Piazzola. Atrações estas que ocorreram simultaneamente às de Itaipava, o que foi um erro, uma vez que o público de Petrópolis não é tão grande e muitas vezes não comparece (como moradora de Petrópolis, afirmo que esse fato é real).

No entanto, a crítica maior é ao fato de que, por que tantas atrações bacanas em um aniversário de 168 anos? Um número quebrado, sem força o suficiente pra justificar tudo isso logo depois das catástrofes das chuvas que ocorreram em janeiro deste ano. Por que, ao menos, não colocar como forma de ingresso a doação de um kg de alimento? Excepcionalmente, os ônibus tiveram suas passagens ao preço de um real como forma de estímulo ao público. Por que não estimular a solidariedade também? Quem prestou atenção ao que leu, viu no segundo parágrafo que a festa realizada em Itaipava foi promovida pela Globo Rio. A crítica maior deve ser a ela: com verba o suficiente para realizar boas atrações gratuitamente no aniversário da cidade, por que não puderam realmente apoiar e divulgar o projeto “Abrace a Serra” (para quem não o conhece, leia o meu post “Abrace a Serra - Abrace e Aperfeiçoe essa idéia)?
Tais questões levam à reflexão sobre a disputa de interesses, a hipocrisia e a ganância. Deixo tal reflexão para vocês, caros leitores.

Um comentário:

  1. Olá Elis, muito boa sua introdução aos festejos dos 168 anos de nossa querida Petrópolis, e melhor ainda a crítica sensível e cidadã sobre o que realmente acontece nos "bastidores".
    Luiz Custodio

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