
Não deixem de ler devido ao tamanho. Miles Davis é incrível, vale a pena. Confie no que digo e não se arrependerá!
Miles Dewey Davis Jr nasceu em 26 de maio de 1926 nos EUA e em 28 de setembro deste ano sua morte completará 20 anos.
Mais que um trompetista e compositor, Miles foi um artista completo, revolucionou não só o jazz mas sim a música de modo geral.
E é em homenagem a este incrível músico que o CCBB RJ traz a riquíssima exposição “Queremos Miles - Miles Davis”. Exposta desde o último dia primeiro, a exposição segue até o dia 28 de setembro deste ano. São cerca de 300 itens compostos por muitas fotografias, capas de LPs, composições em partituras, instrumentos musicais, declarações familiares, jaquetas, vídeos e até mesmo quadros por ele pintados e outros usados em capas de LPs seus.
Miles iniciou sua carreira logo após o término da Segunda Guerra Mundial e, apesar de ter sido inicialmente considerado sem habilidade e sem chances de obter sucesso, seu talento é comprovado em cada música sua que se ouve e, principalmente, na sua capacidade de criar seu próprio estilo de tocar e perpassar diversos gêneros musicais envolvendo-os ao jazz de uma maneira tão única, tão dele, que ninguém mais conseguiu fazer o mesmo.
A análise geral de sua carreira demonstra sua capacidade de adaptação e criação. Miles não foi conservador, não se manteve no mesmo estilo, pelo contrário. Mudou com cada gênero que se destacou, como um camaleão disfarçou-se em cada situação mas sempre sem deixar de ser camaleão, ou seja, mantendo sempre a sua essência: o jazz e, mais ainda, a paixão pelo que fazia.
Sua mãe desejava que ele tocasse piano mas foi no trompete que Miles se fez, se desenvolveu e se refez inúmeras vezes. Iniciou no bebop; integrou-se a um noneto que se destacou pelo uso de instrumentos não tradicionais na época, como a tuba e a trompa, e da onde saiu sua parceria com Gil Evans; entrou para o mundo das drogas; superou o vício em heroína; integrou seu primeiro grande quinteto com o qual explorou o jazz modal; o quinteto tornou-se um sexteto; gravou música clássica; gravou o álbum Kind of Blue, o qual, de acordo com a RIAA, é o álbum de jazz mais vendido até hoje, recebendo um disco de platina (3 milhões de cópias); foi preso, segundo ele, por motivos raciais; foi parceiro de John Coltrane; voltou ao repertório bebop mas agora com liberdade rítmica, sendo possível observar uma velocidade muito mais rápida em suas músicas; integrou seu segundo grande quinteto; criou o freebop (ou time no changes), como ficou conhecida sua improvisação na qual deixou de lado a progressão de acordes do bebop para uma modal; inseriu baixo e pianos elétricos e ainda uma guitarra, entrando em sua fase fusion; experimentou o rock e, consequentemente, criou o subgênero jazz-rock; influenciou-se pelo funk da década de 60; foi descrito como espacial; seus álbuns dessa época tiveram capas psicodélicas e relação com o movimento Black Power; participou da trilha sonora de um documentário sobre o boxeador Jack Johnson (Miles adorava o boxe); escreveu uma autobiografia; formou novos grupos; acrescentou até mesmo bateria à sua música; passou por um período em que teve osteoartrite, fez várias operações na bacia, teve também anemia, bursite, depressão e úlceras, fatos estes que o levaram a entrar novamente no mundo das drogas e também no do álcool; não se apresentou por alguns anos; relacionou-se com a atriz Cicely Tyson, com quem já havia se relacionado antes e com quem veio a superar seus vícios em drogas; um novo grupo foi formado; misturou soul music e eletrônica; passou pelo pop, tocando baladas de Michael Jackson; gravou comerciais, por exemplo contra o apartheid e até de cachaça; após um acidente vascular cerebral que afetou sua mão, passou a desenhar e fez bonitos quadros; fez trilhas sonoras para filmes; teve uma pequena participação em um filme; recebeu o Grammy Lifetime Achievement Award em 1990; suas últimas gravações foram influenciadas pelo hip-hop, lançadas postumamente; faleceu em 28 de setembro de 1991 de AVC, pneumonia e insuficiência respiratória, em Santa Mônica, Califórnia, aos 65 anos de idade. Deixou uma herança cultural incrivelmente ampla. Fez seu nome, sua música. Fez história.

A exposição no CCBB RJ (Rua Primeiro de Março, n° 66 - Centro) é gratuita, encontra-se no primeiro andar e fica aberta de terça à domingo, das 9h às 21h. Importada da França, tendo como curador Vincent Bessiéres, segue para São Paulo em outubro. Apresenta muitos objetos nunca antes expostos e eu afirmo: vale MUITO a pena conferir! Convido a todos para que compareçam, com bastante tempo livre, a ver com calma essa pequena viagem pelo musical mundo do jazz “à moda Miles”.
Em ordem cronológica, a música toca em cada recinto que compõe a exposição, sendo possível observar as diferenças e mudanças de cada momento e admirá-las intensamente. Há uma sala escura na qual é possível sentar e ficar o tempo que se quiser apenas ouvindo e apreciando sua música. A porta desta sala é arquitetada como a de um cofre. Nada mais adequado, não é mesmo? Não porque sua música deva ficar guardada mas porque é realmente de inestimável valor.
Este artigo em tamanho maior que o normal apenas demonstra o quanto tem-se pra falar sobre Miles Davis, ícone do jazz. Parabéns CCBB, por essa lindíssima mostra!

Maravilhoso, Miles Davis realmente revolucionou e explorou todas as fronteiras do jazz.
ResponderExcluirUma pena que estou em BH mas se alguém souber que a exposição ira passar por BH me avisem por favor.
Abraços
WASLEY ALMEIDA